MORREU MARÍA KODAMA, VIÚVA DE JORGE LUIS BORGES

María Kodama

Morreu María Kodama, viúva de Jorge Luis Borges

Eles se conheceram em sessões de estudos literários e mais tarde começaram a estudar islandês. Em 1975 viajaram juntos para os Estados Unidos e em 1986, pouco antes da morte de Borges, casaram-se. Escritora e professora de literatura, Kodama foi a herdeira da obra do maior escritor argentino. Em 1988, criou a Fundação Jorge Luis Borges.

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A escritora María Kodama, de 86 anos, viúva de Jorge Luis Borges e herdeira universal de sua obra, morreu nas últimas horas do dia 26 de março de 2023, na cidade de Vicente López devido a um câncer de mama, segundo confirmaram fontes próximas.

Nascida na cidade de Buenos Aires em 10 de março de 1937, a tradutora e professora de literatura argentina faleceu com a mesma idade do autor de Ficciones .

Os escritores, que partilhavam o seu amor pelas línguas anglo-saxónicas, se conheceram em sessões de estudo literário. Mais tarde começaram a estudar islandês, língua pela qual Borges se interessou por considerá-la uma língua materna.

Depois de serem colegas, em 1975 viajaram juntos para os Estados Unidos. Kodama colaborou com Borges nos livros "Breve antología anglosaxona" (1978) e "Atlas" (1984), testemunho das viagens que fizeram juntos pelo mundo e, também, na tradução de Gylfaginning, primeiro livro do Minor Edda de Snorri Sturluson, que foi publicado sob o título "Alucinação de Gylfi".

Eles se casaram em 26 de abril de 1986, poucos meses antes da morte de Borges. O casamento foi realizado por procuração em Assunção, Paraguai.

Depois, em 1988, Kodama criou a Fundação Jorge Luis Borges, a qual exibe a biblioteca do escritor, as primeiras edições de seus livros e alguns manuscritos, entre outros objetos.

O Aleph engordado

Nos últimos anos, teve um longo conflito judicial com o escritor Pablo Katchadjian . O caso começou em 2009, quando Katchadjian publicou, como experiência, El Aleph engordado, texto em que tomava como base o El Aleph de Borges acrescentando-lhe palavras. Anos depois, Kodama iniciou um processo de plágio contra o autor.

Katchadjian foi beneficiado pela falta de mérito, mas quase imediatamente foi novamente processado, enquanto boa parte da intelectualidade argentina se aliou ao autor.

Mais uma vez, a justiça declarou a falta de mérito e em 2021 o Tribunal Cível nº 1 condenou Kodama a pagar 888.500 pesos em custas e honorários pelo julgamento, sob pena de ver os direitos autorais apreendidos se não o fizesse nos próximos cinco dias.

"São todas coisas roubadas"

No final de 2019, também protagonizou uma polêmica com o presidente Alberto Fernández, que propôs a criação do Museu Borges com manuscritos doados pelo empresário Alejandro Roemmers.

"São todas coisas roubadas", disse Kodama então. "São todas coisas que esta senhora tirou de casa." Sem nomeá-la,  referiu-se assim a Epifanía Robledo de Ubeda, mais conhecida como Fanny, a histórica governanta de Borges, que cuidou do escritor por décadas, até que ele partiu para a cidade suíça de Genebra no final de 1985. Morreu em 14 de junho de 1986.

"Que ele crie. Acho indiferente. Cada um faz o que quer e ninguém respeita nada. Este país é assim", disse Kodama sobre a criação do Museu Borges. "Tanto faz para mim", acrescentou, embora afirmasse que "o trabalho de Borges sempre esteve distante de toda política".

Linguagem inclusiva

A escritora estava na lista de detratores da linguagem inclusiva . “A verdade é que me parece uma coisa absurda. Acho melhor dizer (as palavras) no masculino, no feminino e não aquilo que distorce a linguagem. Como dizem agora... todes. Não, isso me parece absurdo. Parece-me que o ponto de vista de uma frase, de uma coisa que a compõe, não pode usar isso", disse em entrevista à televisão em 2020.

"Não digo que não existam homens que são horríveis, não estou negando. Quero dizer que meu relacionamento sempre foi muito bom e se eu fizer as contas, tenho mais amigos homens do que mulheres. Talvez pelo meu jeito de ser também, sei lá, nunca senti o homem como algo que me dominasse ou que fosse inferior”, completou a viúva de Borges. 

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Fonte:

Página|12 - Murió María Kodama, la viuda de Jorge Luis Borges - 26/03/2023 - Disponível em <https://www.pagina12.com.ar/535132-murio-maria-kodama-la-viuda-de-jorge-luis-borges?ampOptimize=1&fbclid=IwAR0NKuilavW2dglmAv19iNvABxnJvyXiDUSNyVDjhyRQLEBY8uM6da-1Wtg> Acessado em 27/03/2023