O LIVRO "BRINCADEIRAS DO CORAÇÃO EM POESIA" DO POETA ALAGOANO RENATO FERRAZ
Renato Ferraz |
A VIDA É UM MOINHOA vida é um moinho.Ela vai moendo a gente sem parar.Às vezes até mais rápido do que deveria.A gente vai andando pelas calçadasNem sempre chega aonde quer chegar.A realidade à espreita, às vezes nos assusta.E ela continua sua caminhada frenética a passos largos,Levando-nos de um lugar a outro.Em cada esquina uma surpresa.A gente sofre. A gente ama.Fica a interrogação se a compreensão dos passosDa vida vai além da razão. Ou não há explicação?A gente chora. A gente ri.Dá passos falsos, que acertam errando e sempre buscando.A realidade é dura e até tritura nossos sonhos de criançaQue um dia achou que o mundo era só para brincar.O tempo passa e de repente ficamos adultosAí a vida fica mais séria!Vêm os compromissos.Ainda bem que temos um luar e um pôr do sol para contemplar.Mas tenhamos fé para fazer a vida valer a pena e ser o que ela deve serSenão num piscar de olhos a gente pode achar que a conhece bemE de repente está velho e é hora de darAdeus à vida!A AGONIA DA NATUREZAO planeta está doente, vive dias de afliçãoÉ preciso dar um basta nessa triste poluição.Os rios assoreando estão morrendo de agoniaA seca e as enxurradas estão na ordem do diaO verde das florestas está mudando de corA caatinga devastada chora seu pranto de dorOs pássaros que cantavam sua linda sinfoniaVivem ameaçados, cantam com melancoliaJá o vento como é forte e muito poderosoReage com força, dá seu grito raivosoQuando perde a paciência, manda logo um furacãoE a gente que se cuide ou encontre uma solução.O clima se cansou de tanto mandar recadoAgora, de repente muda, está aí o resultado.O azul do céu mudou, encoberto de fumaçaA saúde paga o preço, até que algo se faça.Da camada de ozônio nem se ouve mais falarContinua ameaçada, também pode acabarAs geleiras não resistem e acabam desabando.O planeta desse jeito vai terminar se acabandoBEIJA-FLORComo um beija-florNessa primaveraIrei te beijar mais vezes.Quero provar do teu néctar.Quando eu me aproximarPara sentir o teu cheiro, sem igualNão te surpreendasÉ o pólen que guardas contigoQue buscarei no teu coração.Pairarei, devagarzinho, sobre ti.Irei chegar de mansinhoBatendo asas, te querendo.Quando eu me ausentarNão te preocupes com a minha volta.Apenas fique sossegada a minha espera.Passearei jardins afora, é verdade.Meu destino é voar.Comigo levarei parte de tiE espalharei na naturezaSentirei saudades de tiMas pelo teu cheiro primeiroHaverei de voltar.QUANDO A GENTE QUERNessa noite fria de invernoOnde tudo parece indiferenteDe repente num piscar de olhosQuem sabe, nesse contexto,Cabe a gente?Parece até que o céu conspira a favor.Anjos e estrelasClareiam nossas intenções.E na penumbra dessa noiteQuando nosso olhar se cruzarUma sintonia farpa nosso coração bater diferenteMas não é somente isso.O corpo também diz sim.Até a nossa alma entende.Ela é cúmplice e quer.Por fim o momento permite.Ah, essa brisa noturnaQue mistura o nosso cheiroE faz a gente gostar.Quando a gente quer,O amor pode acontecer!CONFLITOS NOTURNOSQuando a noite chegaE me estende a mão,Vestida de sensualidade,Minha alma fica inquietaVagueia perdida.E como um ser estranhoChora inconformada.O vento frio da madrugadaVarre o desejo das entranhasDa noite escuraPara dentro do meu mundo,Que já não é mais só meu.E lá, como um moinho,Esmaga meu coração.Mas se eu olho para cimaE vejo as estrelas brilharemAinda que muito longe de mimVejo cintilar o olhar de um anjoPermanece a esperançaDe que nossas trajetóriasAinda poderão se encontrar.
REVISTA BIOGRAFIA
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