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"ENQUANTO A 'AMÉRICA' LUTAVA NO VIETNÃ' OU "WHILE 'AMERICA' FOUGHT IN VIETNAM". UMA CRÔNICA BILÍNGUE DE UMA TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA. POR CECILIA B. SILVEIRA-MARROQUIN

O projeto Memórias Reveladas foi, e seu site ainda é, uma referência nas pesquisas, nos estudos para a memória e para a história da repressão militar no Brasil. - Foto: Reprodução / Memórias Reveladas
"Enquanto a ‘América’ lutava no Vietnã" ou "While ‘America’ fought in Vietnam". Uma crônica bilíngue de uma testemunha ocular da História. Por Cecilia B. Silveira-Marroquin

"Esta crônica foi escrita no ano 2004, baseada nos eventos da época, como se estivessem acontecendo hoje e também se referindo a fatos históricos passados dos anos 60 e 70. Eu escrevi esta peça em 2004 e depois esqueci dela, colocando-a junto com alguns escritos antigos "no fundo do baú". Foi agora, janeiro de 2017, que eu a encontrei e decidi incluí-la nestes manuscritos. Então, se a linha do tempo o(a) confundir um pouco, por favor, tenha paciência comigo ... tudo fará sentido, quando você estiver lendo, porque este ensaio é, de fato, uma máquina do tempo e se você captar sua energia, se sentirá transportado(a) no tempo e espaço … curta!"

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Algum tempo atrás, eu compartilhei algumas informações históricas com um amigo Canadense, há muito residente dos EUA, sobre a vida em uma ditadura militar, nos anos 60 e 70 - e ele ficou boquiaberto. Mesmo sendo bastante culto, nunca lhe ocorreu questionar o que realmente estava acontecendo nos países em desenvolvimento, durante essas duas décadas. Ele, como a maioria dos norte-americanos, supôs que a mídia estava dizendo a verdade. Não necessariamente. A mídia e o governo mentiram para o povo norte-americano naqueles tempos, assim como eles vêm mentindo pelo menos,  sete décadas.

Por um momento, vejamos a guerra atual no Iraque. Não se tinha tal ideia até que se tornou óbvio que não haviam ‘armas de destruição em massa’, em todas as cavernas no Iraque. Assim como a própria Casa Branca eventualmente reivindicou, a subsequente descoberta nauseante de prisioneiros torturados pelo militares dos EUA, a morte violenta diária de nossas tropas, que levou a mídia principal a parar de elogiar o então Presidente Bush e sua operação no Iraque.

Durante a turbulência sócio-política dos anos 1960/1970 nos EUA, era mais ou menos conhecido para os norte-americanos em geral, que este governo estava "lutando contra o comunismo" em algumas "partes remotas" do globo. Ao mesmo tempo, a notícia de atrocidades cometidas contra seus próprios compatriotas por "esses ditadores selvagens do terceiro mundo" chegava aos EUA, em todos os seus detalhes horripilantes, horrorizando os “cidadãos, pagadores de impostos, respeitadores das leis norte-americanas.”

O que não foi deixado claro para os norte-americanos, em geral, foi a forte ligação entre “a luta contra o Comunismo” e os Ditadores do Terceiro Mundo. Eu nasci no Brasil e, dos onze aos vinte e dois anos de idade (quando vim para os EUA) vivi sob o tal chamado "regime militar" no Brasil. Esta ditadura mortal, como muitas outras em todo o mundo, foi totalmente apoiada pelo governo norte-americano e estou aqui para lhes contar o meu lado da história.

Eu nasci em 1953 e, como uma criança pequena, ainda me lembro do final dos anos 50/início dos anos 60 como uma era estável e pacífica. Minha família era de classe média e vivíamos bem confortáveis. Apesar de ouvir constantemente meus pais, avós, familiares e amigos discutindo política e eventos atuais, eu não sentia nenhuma ameaça no ar. No entanto, os adultos sentiam que algo começava a borbulhar - como a calma antes da tempestade. Eles estavam certos.

Durante esse período, o Brasil foi considerado por outros países ao redor do mundo, incluindo os EUA, uma jovem e promissora superpotência. Tinha tudo - ricos recursos naturais, agricultura bem desenvolvida, pecuária bem avançada e grande riqueza, apesar da sua má distribuição entre as classes sociais, que eram e ainda são profundamente divididas. Então, por que o Brasil não está lá com os Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Japão, e outras nações do "Primeiro Mundo", como era esperado e para onde estava sendo dirigido? Para entender isso, temos que voltar no tempo como uns 100 anos.

Depois de repudiar a antiga monarquia criada pelos portugueses e estabelecer a sua república em 1880, os líderes do Brasil procuraram uma parceria com os Estados Unidos, cujos líderes viam o Brasil - um país de língua portuguesa - como uma nação diferente dos seus vizinhos de ascendência espanhola, mas ainda assim um país de grande força na América Latina. Os americanos sentiram que a liderança do Brasil era essencial para os planos de Washington para as três Américas. Em troca, os líderes brasileiros esperavam apoio e consideração pelas necessidades do seu país e desejavam o direito de ter as suas vozes ouvidas. Nasceu uma parceria forte e que correu bem durante mais de meio século. Quando chegou a Segunda Guerra Mundial, o Brasil foi o único país latino-americano a enviar tropas para combater o Eixo ao lado dos Aliados. Muitos soldados brasileiros pereceram. Há um museu e um monumento dedicado à sua memória na minha cidade, Rio de Janeiro, então capital do país.

Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Parque do Flamengo.
Laços militares cresceram ainda mais entre o Brasil e os Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos ajudaram o Brasil a criar a "Escola Superior de Guerra", que veio a ter grande importância nos anos seguintes. No entanto, os Estados Unidos começaram a ter outros problemas com a Guerra Fria, a União Soviética e a China, e colocaram o Brasil em baixa prioridade. Isso desencorajou e decepcionou os líderes brasileiros. O que enfureceu Getúlio Vargas, o presidente do Brasil durante a guerra, foi a promessa que Franklin Delano Roosevelt havia feito - que o Brasil teria um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Uma promessa jamais cumprida. Roosevelt também tinha prometido a Vargas uma assistência de recuperação econômica pós-guerra – isso também nunca aconteceu.

Os líderes brasileiros concluíram então que não deviam mais lealdade aos Estados Unidos e decidiram expandir o comércio com a União Soviética e a China - que já estavam comprando café e açúcar do Brasil, mantendo a economia brasileira estável. Aqueles foram os anos de estabilidade, dos quais eu me lembro, quando havia uma sensação de prosperidade e segurança no ar. No entanto, isso entristeceu o Tio Sam (EUA)....

Para piorar as coisas, o Brasil optou por assumir uma posição neutra na Guerra Fria. Washington entrou em pânico. Eles sabiam que qualquer direção que o Brasil tomasse, o resto da América Latina seguiria. O Secretário de Estado de Dwight Eisenhower, John Foster Dulles, comparou o neutralismo do Brasil com Comunismo. Isso não parece familiar, Pessoal? "Se você não está conosco, você está contra nós!" Não existem muitas mudanças quando se trata do arrogante senso de soberania dos Estados Unidos, não é mesmo?

Em 1960, Jânio Quadros, governador do Estado de São Paulo e candidato à presidência brasileira, visitou e elogiou o trabalho de Fidel Castro em Cuba. Quando ele foi eleito por uma grande maioria e assumiu o cargo ao mesmo tempo que John F. Kennedy nos EUA, o Sr. Quadros se recusou a endossar a invasão da ‘Bay of Pigs’ (‘Baía dos Porcos’) de Cuba – o que foi um suicídio político, que selou o destino do Brasil. Sete meses depois, o Sr. Quadros foi forçado a renunciar pela CIA - fato certamente não documentado, mas obviamente bem conhecido no Brasil.

Bay of Pigs - Cuba
Eu me lembro do tumulto durante aqueles dias. O povo brasileiro estava assustado porque ninguém sabia o que iria acontecer. Havia escassez de alimentos pois os armazéns foram trancados para economizar para “o futuro desconhecido.” Eu me lembro que fui com meu pai e sua irmã à padaria para comprar pão - apenas dois pães por pessoa eram permitidos por dia. Isso foi difícil, pois os brasileiros comem pão com as refeições. Meu pai e minha tia estavam na fila como se não se conhecessem a fim de poderem comprar quatro pães para a nossa casa. Meu pai sussurrou no meu ouvido para fingir não conhecer a "Dinda", minha tia e madrinha, a quem eu era muito ligada. Eu tinha apenas onze anos de idade e estava chocada e confusa. Tivemos que fazer o mesmo na leiteria - apenas dois litros de leite por pessoa. Cheguei em casa em lágrimas, apesar da Dinda ter me assegurado que tudo era uma brincadeira. Eu não acreditava porque eu podia ver, nos olhos dela e nos do meu pai, como eles estavam assustados.

Um dia, haviam tanques rolando pela rua e todos corriam em direção aos prédios. Meu pai me puxou contra uma parede e, colocando os braços em volta de mim, me disse para ficar perto dele, não importasse o quê acontecesse. Soldados marchavam pelas calçadas. Eles pareciam tão zangados e malvados - carregavam armas e cordões de balas maiores do que os polegares do meu pai, pendurados sobre seus ombros. Lembrei-me dos desfiles militares que meu pai me levava a cada “Sete de Setembro,” Dia da Independência do Brasil de Portugal, e pensei, por um momento, que era um desses. Percebi então rapidamente que não era, pois não havia música, nem fogos de artifício, nem cavalos lustrosos e decorados com cores vivas, nem lindas bailarinas dançando em frente aos soldados que marchavam. Havia apenas uma manta escura de medo e apreensão descendo sobre os rostos solenes dos espectadores. O único som presente era o ameaçador trovão das botas dos soldados no asfalto. Em algum lugar perto, eu ouvia sussurros quietos e os soluços abafados de uma mulher.

O golpe militar de 1964 ocorreu com total apoio do governo dos EUA. Todo líder brasileiro que tivesse ideias contrárias às políticas dos Estados Unidos era rotulado de "Comunista" e banido do Brasil. Os oficiais de direita e os civis conservadores tomaram o poder. O chefe de Estado-Maior do Exército, Marechal  Humberto de Alencar Castelo Branco, assumiu a presidência.

Uns dois anos antes do golpe, meus pais e eu tínhamos visitado um navio de cruzeiro de luxo, o "Princesa Leopoldina". Eu me lembro que eu adorei o navio em toda a sua decoração suntuosa e de bom gosto – tudo do bom e do melhor, como se feito para a antiga princesa brasileira, em homenagem a quem o navio havia sido nomeado.

Navio "Princesa Leopoldina"
Um dia, alguns meses depois do golpe, meu pai e eu estávamos em um prédio alto com vista para a baía, com binóculos quando eu vi o ‘Princesa Leopoldina’ ancorado a poucos quilômetros do porto. Eu pude ler o nome com os binóculos. Fiquei muito animada e o apontei para o meu pai. Ele baixou os olhos e disse sacudindo a cabeça: "Sim, está cheio de prisioneiros políticos agora". Anos mais tarde, eu vim a descobrir que o "meu" amado navio estava sendo usado como um local para interrogatório, naquele exato momento em que eu o admirava com binóculos. Os navios eram assim usados porque podiam estar ancorados na baía, onde ninguém ouviria os gritos daqueles que estavam sendo barbaramente torturados. Como atualmente no Iraque, o povo estava sendo massacrado em nome da sua própria "proteção e liberdade".

A Escola Superior de Guerra, criada com o auxílio de Washington e financiada por contribuintes norte-americanos, foi de grande importância para o regime militar brasileiro. Era uma réplica da ‘Escola das Américas’ (‘School of the Americas’) no Estado de Kentucky, onde até hoje os alunos aprendem estratégias militares e "habilidades de interrogatório"; em outras palavras, uma variedade de métodos de tortura, incluindo certas técnicas sobre como aplicar o máximo grau de dor, sem deixar marcas. Ambas as escolas foram frequentadas pela maioria dos ditadores na América Latina, África e Ásia - incluindo Sadam Hussein e Osama bin Laden, quando eles estavam sendo treinados pelo governo norte-americano.

Escola Superior de Guerra
Os anos se passaram e o medo cresceu. O desemprego e a pobreza se espalharam pelo Brasil. Ninguém podia dizer nada sobre o governo, sob a ameaça de perseguição ao próprio indivíduo e também a sua família. As pessoas desapareciam, sem deixar vestígios. Até o momento, a organização "Madres de los Desaparecidos" - espanhol para "Mães dos Desaparecidos" - procura respostas sobre aqueles nunca mais vistos ou ouvidos, desde os dias sangrentos das ditaduras na América Latina.

De um modo geral, o governo norte-americano gastou oficialmente US$10 milhões de dólares, na década de 1960, só para orquestrar o golpe no Brasil. No entanto, o valor estimado exato, não oficial, foi de US$30 a US$50 milhões de dólares. Em 1960, isso era muito dinheiro. Isso sem contar com a ajuda financeira subsequente - que a ditadura recebeu de Washington durante os vinte anos de poder. E isso não era no Brasil somente. O General Augusto Pinochet, o bárbaro ditador do Chile por quase duas décadas, considerado o pior assassino de massa do século XX, depois de Adolf Hitler, recebeu US$4 bilhões de dólares do governo Nixon, para continuar sua "luta contra o comunismo". Quatro milhões de civis, incluindo crianças e idosos, foram torturados e assassinados sob o governo Pinochet. Só se pode imaginar quantos dólares vindos de impostos pagos por cidadãos norte-americanos, duramente ganhos com seu trabalho, foram usados para todas as outras ditaduras militares, durante essa era.

O que é inexplicável e além da compreensão é que a maioria das pessoas, que foram tão barbaramente exterminadas por serem "Comunistas", eram operários e trabalhadores - a maioria deles gente humilde que mal podia ler e escrever, que nunca nem havia ouvido falar de Vladimir Lenin e Karl Marx, muito menos conhecido suas teorias sobre a reforma de governos. Tudo o que esses camponeses e obreiros procuravam eram salários justos pelo seu trabalho, para que pudessem alimentar suas famílias - isso era considerado ‘Comunismo Subversivo.’

No Brasil, os sindicatos foram infiltrados com agentes secretos que, em seguida, relatavam o que quisessem a seus superiores. Estes então ordenavam uma invasão nas reuniões, prendendo todos os presentes. E ser preso significava tortura e/ou assassinato. Eventualmente, os sindicatos foram completamente dissolvidos e proscritos. Os trabalhadores ainda tentavam encontrar-se secretamente, nas casas uns dos outros, mas isso logo foi considerado muito arriscado. As coisas chegaram ao ponto em que mais de três colegas de trabalho juntos tomando uma cerveja após o trabalho, era motivo para vigilância ou prisão seguida de interrogatório – com consequente tortura e assassinato, como já sabemos. Tudo sob a aura sagrada da “luta contra o comunismo" e de "manter a América segura".

Vladimir Herzog morto na cela do DOI-Codi de São Paulo; a foto foi utilizada para corroborar a versão mentirosa do regime de que o jornalista se suicidara
Falando de "sagrada", a Igreja Católica desempenhou um papel importante nos regimes militares. É interessante observar o sucesso dessas ditaduras nos países católicos. Como o comunismo/socialismo condenava a religião organizada como uma das maiores formas de controle mental, o Vaticano era obviamente contra estas filosofias. Eu fui educada em colégios católicos e lembro-me das freiras falando do comunismo como o "Governo do Diabo", justificando para nossas mentes jovens os horrores que o nosso governo estava fazendo, como uma "cruzada santa contra o mal". Eu me lembro dos padres pedindo a Deus durante a missa para que "abençoasse nosso governo por nos manter seguros.”

Mas isso não era nada novo, considerando que, durante a Segunda Guerra Mundial, o Papa Pio XII havia feito um acordo com os Nazistas de fazer “vista grossa” e não criticar publicamente o Holocausto, se eles deixassem os Católicos em paz – que inicialmente tinham sido alvos de destruição por Adolf Hitler - que por sinal era Protestante. E por falar nisso, a maioria dos líderes das ditaduras militares na América Latina, nos anos 1960/70, eram Católicos praticantes e devotos.

Por volta de 1971 e 1972, eu estava fazendo faculdade e foi quando eu pude sentir a pressão. Na nossa inocência juvenil, realmente pensávamos que poderíamos mudar o sistema. Então, enquanto os norte-americanos protestavam contra a Guerra do Vietnã, nós protestávamos contra a Ditadura Militar. O Movimento Hippie também foi forte no Brasil - "Paz e Amor, não mais morte, não mais guerras e violência, Poder para o Povo," eram nossas mantras. Os estudantes universitários eram grandes alvos da ditadura por serem inteligentes, bem informados e por quererem mudanças. Além disso, os anos 60 e 70 foram tempos de mudanças radicais em todo o mundo e ninguém da geração jovem estava mais engolindo as histórias com as quais os líderes militares vinham alimentando nossos pais. Os jovens começaram a fazer perguntas e a exigir respostas. E assim eles começaram a desaparecer, a serem torturados e assassinados, assim como suas famílias muitas vezes.

Eu queria estudar Direito, mas meu pai não me permitiu porque as Faculdades de Direito eram os maiores alvos da vigilância militar, em busca de "atividade subversiva", como os ditadores chamavam qualquer atividade contra o governo. Eu então me registrei na Faculdade de Comunicação e Jornalismo - um pouco menos visada porque os militares tinham controle total da censura, na mídia brasileira. Mas o ambiente estava inquieto. Eu me lembro do medo que rondava pelas salas de aula. Se um colega estava ausente por mais de dois dias, era imediatamente assumido que os "federais" o tinham levado. Assim, era uma regra tácita que se você ficasse em casa por motivo de doença, você telefonaria para um colega de classe, não apenas os funcionários da faculdade, porque eles eram obrigados a acobertar as forças do governo. Nos corredores você tinha que ter cuidado com qualquer coisa que dissesse, a quem dissesse, onde dissesse, e como dissesse porque um comentário inocente poderia resultar em prisão, tortura e assassinato. O desemprego e a pobreza continuaram a crescer.

Cerca de 8 mil indígenas e 434 dissidentes do regime foram mortos ou desaparecidos durante o regime - Paulo Pinto / Fotos Públicas
Inspirados nos bons cidadãos norte-americanos que eram a favor da paz e dos direitos civis, os estudantes brasileiros organizaram algumas manifestações antimilitares, que foram facilmente controladas. Eles eram dispersos com gás lacrimogêneo ou a polícia federal em equipamento antimotim e armados com metralhadoras, fazia o que era chamado de "limpeza". As mulheres que foram presas, se considerariam sortudas se fossem "apenas” torturadas - na maioria das vezes elas também eram repetidamente estupradas por gangues de policiais. Lembro-me do caso horrível de uma dona de casa que fazia compras, no Centro do Rio de Janeiro. Ela não fazia parte de qualquer movimento e nem sequer era estudante. Ela tinha três crianças em idade escolar. Ela foi surpreendida em uma manifestação e na "limpeza", tentando correr para um lugar seguro, ela perdeu sua bolsa, que foi encontrada por um "federal". Ela foi levada a interrogatório e, como não pôde fornecer informações, foi estuprada e espancada até a morte. Seu corpo, horrivelmente desfigurado, foi deixado durante a noite, no local onde a manifestação havia ocorrido - um aviso de alerta ... uma ameaça.

Logo depois, decidi vir para os EUA, onde "a humanidade era respeitada e as pessoas tinham direitos". Eu não tinha a mínima ideia da extensão do apoio norte-americano ao governo brasileiro. Eu estava tão revoltada com a ditadura militar e sabia que, se eu ficasse, teria que fazer alguma coisa, para me envolver nesta luta. Isso provavelmente significaria minha sentença de morte violenta. O ano era 1974.

No início dos anos 80, com a queda iminente da União Soviética, os Estados Unidos perderam o interesse pelas ditaduras militares - então, um por um, estes ditadores foram perdendo o poder. No Brasil, todo o país - mais de 120 milhões de pessoas então - saiu às ruas e exigiu o rebaixamento dos militares e a restauração da democracia. Os militares se afastaram e os brasileiros ficaram muito orgulhosos porque tiveram uma "revolução sem sangue e bem sucedida". Meu querido Povo, tão ingênuo - ele realmente pensou que o haviam conseguido. O fato é que Washington já não precisava das nossas forças armadas - caso contrário, muito sangue teria corrido, com garantia de fracasso.

A democracia foi restaurada de uma maneira muito "interessante". Tancredo Neves, candidato popular, foi eleito por 95% dos eleitores. Este homem acreditava que, apesar de tudo, o Brasil era tecnologicamente avançado e rico em recursos naturais, o suficiente para se tornar ainda uma superpotência e esse era seu objetivo. Ele estava em seus 60 anos de idade, saudável e cheio de entusiasmo para iniciar uma nova era. Poucos dias antes de assumir o cargo, caiu misteriosamente doente. Seus médicos foram ordenados a ficar calados. Dois dias antes de sua posse, ele veio a falecer. O diagnóstico nunca ficou claro - parada cardíaca ou acidente vascular cerebral? O vice-presidente José Sarney, um político fraco “moderado” com fortes laços com a direita, assumiu o poder, apenas para se tornar mais um fantoche de Washington.

Jose Sarney e Tancredo Neves
Tancredo Neves: primeiro presidente eleito,  não empossado, no pós militarismo.
Jose Sarney: Assumiu a Presidência do Brasil após a morte de Tancredo Neves

Quem matou Tancredo Neves? Sim, todos no Brasil suspeitam de que ele foi assassinado. Oh ... existem muitas teorias ... a CIA sendo a principal suspeita. Quem quereria arriscar a competição de uma outra superpotência, no mesmo continente? Podemos até soletrar E-U-A.

Eu não culpo o povo estadounidense. Estou certa de que se soubesse metade do que é feito internacionalmente em seu nome, jamais aceitaria isso. Apenas me parte o coração quando ouço algumas pessoas elogiarem o fato de termos tropas, em algum lugar do mundo lutando pela “liberdade americana." Eu sacudo a cabeça e suspiro. "Ah! Se eles soubessem ...”


Junho/2004


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"While 'America' fought in Vietnam" or "Enquanto a 'America' lutava no Vietnã". A bilingual chronicle of an eyewitness to History. By Cecilia B. Silveira-Marroquin

The 'Memórias Reveladas' project was, and its website still is, a reference in research, memories studies and the history of military repression in Brazil. - Photo: Reproduction / Memories Revealed
This dissertation was written in the year 2004, based on the current events of that time, as if they were happening today and also referring to past historical facts of the 1960s and 1970s years. I wrote this piece in 2004 and then forgot about it, putting it together with some old writings “on the bottom of the chest”. It was not until now, January 2017, that I found it and decided to include it in this manuscript. So, if the timeline confuses you a little, please bear with me …it will all make sense, as you read it, because this essay is, in fact, a time machine and if you catch its energy you will feel transported in time and space… enjoy!!!’


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Some time ago, I shared some historical information with a Canadian friend of mine, long time U.S. resident, about life under a military dictatorship, in the 60s and 70s - and he was appalled. Even though he is quite educated, it never occurred to him to question what was really happening over in the developing countries during those two decades. He, like most North Americans, assumed the media was telling the truth. Not quite. The media and the government lied to the American people then, as they have been lying for at least the past seven decades.

For a moment, let us look at the current war in Iraq. It was not until it was obvious that there were no weapons of mass destruction in every cave in Iraq, as the White House eventually unclaimed, the subsequent nauseating discovery of tortured prisoners by the US military personnel, and the daily violent death of our troops, that the mainstream media stopped praising President Bush and his operation in Iraq.

During the 1960s/1970s’ socio-political turmoil in the USA, it was somewhat known to the average American that this government was “fighting Communism” in some “remote parts” of the globe. At the same time, news of atrocities committed against citizens by “those savage third-world dictators” arrived in all their gruesome details, horrifying the “good law-abiding tax-payers of America.”

What failed to be made clear to the average American, however, was the strong link between “fighting” Communism and Third-World Dictators. I was born in Brazil and from age eleven to twenty-two – when I came to the US - I lived under a so-called “military regime.” This deadly dictatorship, like many others around the world, was fully supported by the US government and I am here to tell you my side of the story.

Brazilian Presidents during the military phase: Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Aurélio de Lira Tavares, Márcio de Souza e Melo, Augusto Rademaker, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo
I was born in 1953 and, as a small child, I still can remember the late 50s/early 60s as a stable and peaceful era. My family was middle-class and we lived quite comfortably. In spite of listening constantly to my parents, grandparents, extended family, and friends discussing politics and current events, I felt no sense of threat in the air. However, the adults did feel a simmering menace – like the calm before the storm. They were right.

During that time, Brazil was considered by other countries around the world, including the US, a young and promising super-power. It had everything – rich natural resources, well-developed agriculture, well-advanced cattle-raising, and great wealth, in spite of its poor distribution among the social classes, which were and still are deeply divided. So, why isn’t Brazil up there with the United States, Germany, England, Japan, and other nations in the it was expected and where it was headed to? To understand that, we need to go back in time about 100 years.

After repudiating the old Portuguese-created monarchy and establishing its republic in 1880, Brazil’s leaders sought a partnership with the United States, whose leaders saw Brazil – a Portuguese speaking country - as a different nation from its Spanish-descendent neighbors, but still a very strong part of Latin America. Americans felt that Brazil’s leadership was essential for Washington’s plans for the three Americas. In return, Brazilian leaders expected support and consideration for their country’s needs and wished the right to have their voices heard. A strong partnership was born and went well for over half a century. When World War II came, Brazil was the only Latin American country to send troops to fight the Axis alongside the Allies. Many Brazilian soldiers perished. There is a museum and a monument dedicated to their memory in my city Rio de Janeiro, then the country’s capital.

Monument in honor of the deceased "Pracinhas" - nickname given to the Brazilian soldiers who fought  in Europe during World War II - in Flamengo Park, located in Rio de Janeiro.
Military ties grew even stronger between Brazil and the United States, after the war. The United States helped Brazil set up the “Escola Superior de Guerra” (‘The War College’), which came to have major significance later in the subsequent years. However, the United States started to have other problems with the Cold War, the Soviet Union, and China, and put Brazil in the backburner. That discouraged and disappointed Brazilians. What infuriated Getulio Vargas, the wartime president of Brazil, was the promise that Franklin Delano Roosevelt had made - that Brazil would have a seat in the United Nation Security Council – a promise never fulfilled. Roosevelt also had promised Vargas post-war recovery economic assistance – it never happened.

Brazilian leaders felt then that no more loyalty was owed to the United States and decided to expand trade with the Soviet Union and China – who were buying Brazil’s coffee and sugar anyway, keeping Brazilian economy stable. Those were the stable late 50s I remember, when there was a sense of prosperity and security in the air. However, that made Uncle Sam unhappy.

Making matters worse, Brazil chose to assume a neutral position in the Cold War. Washington panicked. They knew whatever direction Brazil went the rest of Latin America would follow. Dwight Eisenhower’s Secretary of State John Foster Dulles compared Brazil’s neutralism with Communism. Does that sound familiar, Folks? “If you are not with us, you are against us!” Not much changes when it comes to America’s arrogant sense of sovereignty, right?

In 1960, Janio Quadros, the governor of the State of São Paulo and candidate to Brazilian presidency, visited and praised Fidel Castro’s work in Cuba. When he was elected by a landslide and took office at the same time as John F. Kennedy in the U.S., Mr.Quadros refused to endorse the ‘Bay of Pigs’ invasion of Cuba – that was political suicide and what sealed Brazil’s fate. Seven months later, Mr.Quadros was forced to resign by the CIA – fact certainly not documented but obviously well-known in Brazil.

Bay of Pigs - Cuba
I remember the turmoil during those days. The Brazilian people were scared because no one knew what was going to happen next. There were food shortages, for the warehouses were locked “to save for the unknown future.” I remember going with my father and his sister to the bakery to buy bread – only two loaves per person were allowed per day. That was hard, for Brazilians eat bread with every meal. My father and my aunt stood in line as if they did not know each other, so they could buy four loaves of bread for our house. My father whispered in my ear to pretend not to know “Dinda” (Portuguese for “Godmother”), my aunt who I was very attached to. I was only eleven-years-old and I was shocked and confused. We had to do the same at the dairy – only two liters of milk per person. I came home in tears, even when Dinda assured me it was all a game. I did not believe her for I could see both in her and in my father’s eyes how scared they all were.

One day. there were tanks rolling down the street and everyone ran toward the buildings. My father pulled me against a wall and putting his arms around me, told me to stay close to him, no matter what happened. Soldiers marched down the sidewalk. They looked so angry and mean – they carried guns and strings of bullets bigger than my father’s thumbs hanged over their shoulders. I remembered the military parades my father used to take me every Seventh of September, Brazil’s Independence Day from Portugal, and thought for a moment this was one of those. I realized quickly it was not, for there was no music, no fireworks, no lustrous horses decorated with bright colors, no beautiful ballerinas dancing in front of the marching soldiers. There was only a dark blanket of fear and apprehension descending on the spectators’ solemn faces. The only sound present was the menacing thunder of the soldiers’ boots on the asphalt. Somewhere close by, I could hear quiet whispers and a woman’s muffled sobs.

The 1964 military coup took place with full support of the US government. Every Brazilian leader who had any ideas contrary to the United States policies was labeled “Communist” and banned from Brazil. Right-wing military officers and conservative civilians took power. The army chief of staff General Adhemar Castelo Branco became the president.

A couple of years before the coup, my parents and I had visited a luxury cruise ship, the “Princesa Leopoldina.” I remember loving the ship in all its sumptuous and tasteful décor – only the best - as if made for the former Brazilian princess, after whom the ship was named. One day, a few months after the coup, my father and I were at a high-rise overlooking the bay with binoculars when I saw the “Princesa Leopoldina,” anchored a few miles in the middle of the bay. I could read her name with the binoculars. I got excited and pointed it to my father. He lowered his eyes and said shaking his head, … “yes, it is full of political prisoners now”. Years later I came to find out that “my” beloved ship was being used as a site for interrogation on that very moment I was admiring it with binoculars. Ships were used so they could be out in the bay and no one would hear the screams of the barbarically tortured. Like in Iraq today, people were being massacred for their own “protection and freedom.”

Ship "Princesa Leopoldina"
The ‘Escola Superior de Guerra’ (‘War College’), created with Washington’s assistance and funded by American taxpayers, was of major importance for the Brazilian military regime. It was a replica of the ‘School of the Americas’ in Kentucky where to date, students learn military strategies and “interrogation skills,” in other words – a variety of torture methods, including certain techniques on how to apply the maximum degree of pain, without leaving marks. Both schools were attended by most dictators in Latin America, Africa, and Asia – including Sadam Hussein and Osama bin Laden, when they were trained by the American government.

Escola Superior de Guerra - "The War College"
The years went by and the fear grew. Unemployment and poverty soared in Brazil. No one was supposed to say anything about the government, under the threat of persecution for the individual himself and for his family. People disappeared without a trace. To date, the organization “Madres de los Desaparecidos” – Spanish for “Mothers of the Disappeared” seeks answers about those never seen or heard from since the bloody days of the dictatorships in Latin America.

On the overall, the American government officially spent $10 million dollars in the 1960s, just to orchestrate the coup in Brazil. However, the non-official accurate estimated figure was $30 to $50 million dollars. In 1960, that was a lot of money. That does not count the subsequent financial assistance the dictatorship received from Washington over the twenty years of its power. And that was Brazil alone. General Augusto Pinochet, the barbaric dictator of Chile for almost two decades and considered the worst mass-murderer of the twentieth century after Adolf Hitler, received $4 billion dollars from the Nixon administration to carry on his “fight against Communism.” Four million civilians, including children and elderly, were tortured and murdered under the Pinochet’s administration. One can only imagine how much hard-earned American tax dollars went to all the other military dictatorships during that era.

What is mind-boggling and beyond comprehension, is that most people who were so barbarically terminated for being “Communists” were blue-collar and farm workers – the majority of them, humble people, who could hardly read and write, who had never heard of Vladimir Lenin and Karl Marx, let alone of their theories on government reform. All these peasants were seeking was fair wages for their labor, so they could feed their families – that was considered subversive Communism.

In Brazil, Labor Unions were infiltrated with undercover agents who would then report whatever they felt like to their superiors, who would order a raid into the meetings, arresting everyone present. And being arrested meant torture and/or murder. Eventually the Unions were completely dissolved and outlawed. Workers still tried to secretly meet in each other’s houses, but that was soon considered too risky. Things got to the point where more than three co-workers having a beer together after work, became a motive for surveillance or interrogation – and arrest, with which came torture and murder, as we already know. All under the sacred aura of “fighting against Communism” and “keeping America safe.”

Vladimir Herzog dead in the DOI-Codi cell in São Paulo; the photo was used to corroborate the regime's false version that the journalist had committed suicide
Speaking of “sacred,” the Catholic Church played a huge part on the military regimes. It is interesting to observe how successful these dictatorships were in Catholic countries. Since Communism/Socialism condemned organized religion as one of the biggest forms of mind control, the Vatican was obviously against these philosophies. I was educated in Catholic schools and I remember the nuns speaking of Communism as the “Devil’s government” justifying to our young minds, the horrors our government was doing as a “holy crusade against evil.” I remember the priests asking God during mass to “bless our government for keeping us safe.

But that was nothing new, considering the fact that during World War II, Pope Pius XII had made a deal with the Nazis and look the other way and not publicly criticize the Holocaust, if they were to leave the Catholics alone – who were initially also targeted for destruction by Adolf Hitler, who incidentally was a Protestant. By the way, most of the leaders of military dictatorships in Latin America during the 1960s/1970s were devout practicing Catholics.

Around 1971 and 1972, I was in College and that was when I could mostly feel the pressure. In our youthful innocence, we really thought we could change the system. So, while Americans protested the Vietnam War, we protested the Military Dictatorship. The Hippie Movement was also strong in Brazil – “peace and love, no more death, no more violence, power to the people” were our mantra. The College students were great targets of the dictatorship because they were smart, well-informed, and wanted changes. Moreover, the 60s and 70s were times of radical changes worldwide and no one from the younger generation was buying the stories the military leaders had fed our parents anymore. Young people started to ask questions and demand answers. So, young people started to disappear, get tortured, and murdered – and their families with them many times.

I wanted to go to law school but my father would not allow me for the law schools were the most targeted for military surveillance in search of “subversive activity,” as the dictators called any activity against the government. I enrolled in a Communications & Journalism School - a little less targeted because the military had full control and censorship of the Brazilian media. But the environment was restless. I remember the fear that went around the classrooms. If a classmate was absent for more than two days – it was immediately assumed that the “federals” had him/her. So, it was an unspoken rule that if you stayed home sick, you called a classmate – not just the school officials. for they were forced to cover up for the government forces. In the hallways you had to be careful about anything you said, to whom you said, where you said, and how you said it, for an innocent comment could result in arrest, torture, and murder. Unemployment and poverty continued to soar.

Around 8 thousand indigenous people and 434 dissidents of the  regime were killed or disappeared during the military government - Paulo Pinto / Fotos Públicas
Inspired by the good American people who were for peace and civil rights, Brazilian students organized some anti-military demonstrations, which were easily quashed. They were either dispersed with tear gas, or the federal police in riot gear and armed with machine guns would do what was called “limpeza”, Portuguese for “clean-up.” Women who were arrested would consider themselves lucky if they were “only” tortured - most of the time they were also repeatedly gang-raped by police officers. I remember the horrifying case of a housewife who was shopping in downtown Rio de Janeiro. She was not part of any movement and was not even a student. She had three school-age children. She got caught in a demonstration and its “clean-up” and trying to run for coverage, she lost her purse which was found by a “federal”. She was brought in for interrogation and since she was unable to provide information, she was raped and beaten to a pulp, until she died. Her badly disfigured body was left during the night at the spot where the demonstration had taken place - a warning sign.

Soon after, I decided to come to the US where “humanity was respected and people had rights.” I had little idea of the depth of the American involvement with the government in Brazil. I was so angry at the military dictatorship and knew that if I had stayed, I would have to do something to get involved in this fight, and that would probably have meant my violent death sentence. The year was 1974.

By the early 1980s, with the imminent fall of the Soviet Union, the United States lost interest in the military dictatorships – so one by one they lost power. In Brazil, the whole country – over 120 million people then – took to the streets and demanded the military gone and democracy restored. The military stepped down and Brazilians were so proud because they had a “successful bloodless revolution.” My dear People, they were so naïve - they really thought they did it themselves. The fact is, Washington no longer needed our military – otherwise, much blood would have run – with guaranteed non-success.

Democracy was restored in a very “interesting” way. Tancredo Neves, the people’s candidate, was elected by 95% of the voters. This man believed that in spite of everything, Brazil was technological advanced and rich in natural resources enough to still become a super-power and that was his goal. He was on his early 60s, healthy and full of enthusiasm to start a new era. A few days before he took office, he fell mysteriously ill. His doctors were ordered to be quiet. Two days before his inauguration, he died. The diagnostic was never clear - cardiac arrest or stroke? The vice-president José Sarney, a middle-of-the-road weak politician with strong ties to the right-wing, took office just to become another Washington puppet.

Jose Sarney and Tancredo Neves
Tancredo Neves: First president elected and not sworn in after the military regime
Josè Sarney: Assumed the Presidency of Brazil after the Tancredo Neves' death.
Who killed Tancredo Neves? Yes, everyone in Brazil is sure he was murdered. Oh…there are many theories…the CIA being the prime suspect. Who would want to risk the competition of another super-power in the same continent? Can you spell U-S-A?

I do not blame the people in the U.S. I am sure if they knew half of what is done internationally in their name, they would never stand for it. It just breaks my heart when I hear some people praising the fact that we have troops somewhere in other parts of the world “fighting for American freedom.” I shake my head and sigh. “Ah!…If they only knew”…


June/2004 






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Cecilia B. Silveira-Marroquin
era escritora antes mesmo de ser alfabetizada. Com apenas 2 anos de idade, ela brincava com bonecas de papel e criava estórias. Nascida e criada no Rio de Janeiro, Brasil, morou a maior parte de sua vida na Califórnia, EUA, para onde se foi com 22 anos de idade e onde se casou (mais de uma vez), teve três filhos e estudou Direito e Criminologia , trabalhando sempre nesta área profissional. De volta ao Brasil, além de lecionar inglês e espanhol, ela faz trabalhos de tradução e ultimamente resolveu se dedicar de corpo e alma a sua velha paixão: Escrever! Links:
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