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Capa Álbum "Sopro" - Vinicius Castro, Vicente Nucci e Zé Motta- |
Um coletivo de responsa, por Aquiles Rique Reis
Tratemos de Sopro, álbum coletivo dos ótimos instrumentistas, cantores e compositores Vicente Nucci, Vinicius Castro e Zé Motta, que se somaram ao arranjador Pedro Araújo (todos com menos de 40 anos) para realizar um CD exemplar.
Fala, Vicente! “Nós tínhamos este trabalho há alguns anos e no início de 2020 recebi uma mensagem do Vinicius, que morava em Portugal, perguntando se eu gostaria de levar o projeto adiante, com ele fazendo a produção e chamando o Pedro Araújo como arranjador. Confirmei que estaria disposto. Falamos com o Zé e entramos em 2020 com planos para produzir o álbum. E então... pandemia. Gravamos tudo remotamente, com os arranjos sendo ‘montados’ aos poucos por instrumentistas de diversas partes do mundo”. Meu Deus, que bela história de competência e resiliência.
Sigamos: abrindo a tampa, “A Espera” vem com violino, violão e vocal aberto, num arranjo de Vicente Nucci. Já o arranjo instrumental tem a sonoridade dos sopros, que o pandeiro leva na pisada gostosa do baião.
Lenine participa de “Precipício”. A produção musical de Vinícius Castro dá ares épicos à composição. Logo Vicente Nucci e Zé Motta se achegam e conduzem o barco. Cabe aqui um aparte: os arranjos instrumentais são um dos pontos altos do trabalho. Impressiona a capacidade que tem Pedro Araújo de conceber soluções harmônicas e sonoras.
Noutra produção musical de Vinícius Castro, o arranjo soma ao violão as cordas da Orquestra Sinfônica Nacional de Praga, criando atmosfera propicia para que “Silêncio” soe bonito na voz de Áurea Martins, que canta com Vicente Nucci e Zé Motta.
“Valsa Espelhada” tem participação especial de Claudio Nucci, pai de Vicente, que divide o canto com o filho e Zé Motta. O som da flauta em sol brilha em meio ao canto.
E vem Ilessi, outra grande cantora, ajuntar-se a Nucci e Motta para cantarem “Derradeira”. A intro com o trombone baixo é de alucinar. Os sopros somam seus poderes às vozes, ao baixo acústico e ao pandeiro. Suingue total.
Sopro é um disco que nos dá a certeza de que a música boa está aí pra quem quiser e puder ouvir. Sim, pra quem puder, pois nem sempre se consegue saber que há gente nova fazendo trabalhos que merecem e precisam ser conhecidos.
Ficha técnica:
Composições: Vicente Nucci, Vinicius Castro e Zé Motta;
Produção musical: Vinicius Castro; arranjos: Pedro Araújo;
Arranjos vocais: Vicente Nucci; vozes: Vicente Nucci e Zé Motta;
Violão: Vinicius Castro;
Acordeom: Antônio Guerra;
Clarinete: Vicente Alexim;
Violino: Ayran Nicodemo;
Contrabaixo acústico: Itaiguara Brandão e Bruno Migliari;
Trompete e flugel: Jon-Paul Frappier;
Trombone, trombones baixo e barítono: Chris Ott;
Flauta, e piccolo: Marcelo Cebukin, Josh Plotner, Yuri Villar e Samuel da Silva;
Flauta em sol: Marcelo Cebukin;
Bateria: Adam Alesi;
Pandeiro e percussão: Mateus Xavier;
Mixagem: Gustavo Krebs;
Masterização: Carlos Freitas.
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Aquiles Rique Reis. Nossos protetores nunca desistem de nós. Músico, integrante do grupo MPB4*, dublador e crítico de música.
*MPB4 é um grupo vocal e instrumental brasileiro formado em Niterói, Rio de Janeiro, em 1965. A primeira formação contou com Miltinho, Magro, Aquiles e Ruy Faria. Em 2004, Ruy Faria saiu do quarteto, sendo assim substituído por Dalmo Medeiros, ex-integrante do grupo Céu da Boca, convidado para ficar em seu lugar.
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