"História da Pequena Rose” ou “The Story of Little Rose": um relato real de adoção de criança feita por um casal homossexual (conto bilíngue)Por Cecilia B. Silveira-Marroquin
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Há um velho mito de que todas as pessoas gays "têm" que ser promíscuas/pervertidas. Vivemos em uma sociedade onde gays e lésbicas são incentivados a sair do armário. Mas quando o fazem se deparam com um sistema que os discrimina e os marginaliza, apenas por causa da sua orientação sexual. Embora existam leis que proíbam a discriminação, a sociedade sempre encontra uma maneira de contorná-las.
Eu trabalhava como Consultora Jurídica, em uma firma da 'Vara da Família' e me deparei com muitas lutas de custódia e casos de adoção. Vou narrar um que jamais esquecerei. Os nomes das pessoas envolvidas foram mudados por uma questão de ética confidencial.
Por volta de maio/1984, Jerry e Ryan, dois homossexuais brancos, nos seus trinta e tantos anos de idade, já viviam juntos por mais de dez anos em um recanto sofisticado e agradável, no subúrbio da área da Baía de 'San Francisco', na Califórnia. Eles decidiram que era hora de fazerem a sua parte para ajudar as numerosas crianças abandonadas na Área da Baía. Eles já tinham viajado bastante e também estavam cansados das constantes festas nas noites e fins de semana, além de outras atividades típicas da sua juventude. Estavam prontos para uma vida mais familiar.
Ambos tinham bons empregos e uma renda estável. Jerry era programador de computação e Ryan um corretor imobiliário independente, com o seu escritório montado, na metade do primeiro andar da casa confortável de dois andares, em que moravam. Ryan adorava ficar em casa. As únicas vezes que ele estava fora, era por algumas horas nos fins de semana ou no início da noite, nos outros dias, quando mostrava propriedades aos clientes. Jerry não trabalhava nos fins de semana, assim alguém estaria em casa a maior parte do tempo, e eles sentiram-se perfeitamente capazes de cuidar de uma criança ou até mesmo duas. Até anteciparam a idéia de ter barulho de crianças em sua casa geralmente calma, as vezes, até demasiado quieta. Lorie, a irmã mais nova de Jerry, estava estudando medicina em tempo integral e ficaria muito feliz em fazer um pouco de dinheiro extra, de vez em quando, quando Jerry e Ryan precisassem de uma babá. Tudo parecia perfeito.
Com tudo combinado, Jerry e Ryan encontraram-se na frente de um Assistente Social, sendo entrevistados para serem pais adotivos temporários. Adoção permanente viria depois. O Assistente Social, um homem gay, foi muito sincero desde o início. Eles foram informados de que, embora a lei proibisse o preconceito, o sistema não era propenso a aceitar um casal gay abrigando crianças e, mais frequentemente do que se pensava, os requerimentos de casais homossexuais acabavam sendo negados, por desculpas técnicas sem sentido. "No entanto, Steve,” o Assistente Social disse: "Eu posso ver que vocês são pessoas decentes. Por isso vou fazer o melhor possível para dar prosseguimento a sua requesição".
E assim ele fez. Após longos meses de burocracia irritante, Jerry e Ryan foram aprovados. Eles foram jantar fora naquela noite, para comemorar junto com Lorie.
Uma semana depois, numa tarde de sexta-feira, eles receberam um telefonema do 'Departamento de Emergência do Serviço de Proteção aos Menores' de um distrito local. Havia uma nenêzinha de dois meses de idade, que tinha sido retirada de seus pais. A mãe, uma prostituta negra adolescente, teve resultado positivo no seu exame toxicológico para cocaína e por isso a bebê havia nascido prematura. O pai, um rapaz branco de 17 anos de idade, filho de um pastor evangélico e morrendo de mêdo da sua família, desapareceu rapidamente. A neném tinha ficado na incubadora do hospital por dois meses, mas estava agora pronta para ir para casa. A mãe tinha esporadicamente visitado a bebê, mas com o dia de alta se aproximando, as visitas foram diminuindo e, finalmente, ela não retornou. O serviço social do hospital deixou várias mensagens com uma companheira de quarto, dizendo que ela podia vir buscar a bebê, o que não sucedeu.
"Vocês estariam dispostos a ficar com a bebê?" A voz monótona da assistente social no viva-voz do telefone, estava levemente impaciente, enquanto explicava a natureza do caso - como alguém que já vinha repetindo a história por horas e estava ansiosa para fechar o caso e ir para casa, para o fim de semana. Jerry e Ryan se entreolharam em pânico, lembrando que nenhum deles jamais havia mudado uma fralda em suas vidas. Eles estavam certos de que haviam pedido crianças maiores e não se lembravam de ter dito nada sobre bebês... muito menos com problemas de saúde. Ryan começou a explicar para a assistente social que devia haver algum engano... e... "Meu senhor, eu estou olhando no seu cadastro, no computador, e diz aqui que vocês aceitam crianças de qualquer idade e que... sim, vocês aceitam crianças com necessidades especiais. Vocês podem ficar com ela ou não?" Jerry hesitou apenas por um momento - ele não achava que ficaria bem perante o “Departamento de Serviços Sociais”, se eles recusassem a primeira criança. Ele não queria parecer “exigente"; afinal de contas, estamos falando de crianças - "Ok ... nós ficaremos com ela." Ryan ficou chocado: "Você está louco?", ele sussurrou. Jerry não respondeu. Desligou o telefone e rapidamente ligou para Lorie. Ela não estava em casa, então ele deixou uma longa mensagem: "Aparentemente houve algum erro no nosso cadastramento e eles nos colocaram em um tipo de lista de canais de emergência. Seria muito complicado para recuar agora. Nós vamos pagar a sua faculdade, seus livros, e tudo que você precisar para os seus estudos, mas você tem que vir morar conosco, por alguns meses ou pelo menos até que esta situação se resolva ... e sim, vamos pagar o seu aluguel para que segurem o seu apartamento." Ryan abriu a boca para protestar, mas não saiu nenhum som; ele se deixou cair em uma cadeira, já vendo sua estável conta poupança criando asas e voando pela janela. Jerry finalmente desligou o telefone e virou-se para ele: "Não me olhe desse jeito ... além do mais, Lorie é estudante de medicina ...".
A nenêzinha chegou na manhã seguinte, no colo de uma enfermeira do hospital público. Ela parecia deplorável, apesar de ter estado em uma incubadora por dois meses. Ela era tão pequenina, estava tão pálida, tão magrinha, tão frágil, tão trêmula que Jerry perguntou à enfermeira se ela tinha certeza que a bebê estava realmente pronta para ter alta. "Sim, senhor... ela está pronta. Ela está bem saudável, na verdade, em comparação com outros bebês que nascem doentes... às vezes, ficamos sem incubadoras disponíveis e os bebês têm de ir para hospitais particulares. Isso não é incentivado porque é caro demais para a prefeitura." Ryan começou a dizer como ele achava isto um absurdo, quando a enfermeira o interrompeu, mostrando-lhe a lista de procedimentos para o tratamento. Ela abriu sua mochila e retirou uma infinidade de medicamentos e uma máquina de oxigênio para os espasmos respiratórios da bebê. "Espasmos respiratórios? Meu Deus! Nós não fomos informados sobre estas circunstâncias!". A enfermeira estava ficando visivelmente irritada, como se cuidar de bebês extremamente doentes fosse algo que qualquer pessoa deveria saber fazer de olhos fechados: "Senhor, se vocês acham que não podem lidar com os problemas desta criança, por favor, falem agora que eu vou levá-la de volta para o hospital". " Sim... por favor... eu... " e Ryan se virou para para Jerry, como pedindo apoio, mas viu a bebê nos braços dele já sorrindo e fazendo os seus barulhinhos de neném, apesar de sua fraqueza, e seu coração se derreteu. "Eu... eu acho que nós podemos tentar... nós... nós... vamos experimentar... não é, Jerry?". Jerry não respondeu... ele estava muito ocupado conversando com a neném. "Muito bem", disse a enfermeira, obviamente aliviada, “e se vocês tiverem alguma dúvida antes da consulta agendada com o pediatra, liguem para nós, dia ou noite". Depois de mostrar brevemente a Jerry e Ryan como administrar a medicação da bebê e como utilizar o "inalador", o equipamento de respiração, a enfermeira foi embora soltando um suspiro de alívio. Ela não estava certa sobre a experiência desses rapazes com bebês doentes, mas tinha a sensação de que eles se sairiam bem - pareciam caras realmente gente boa - bonitinhos, mas gay... que desperdício! Afinal, com a sobrecarga de bebês que vinham nascendo viciados em drogas e os recursos limitados do governo e do financiamento da saúde pública, o hospital não podia ser muito exigente.
Como a certidão de nascimento não havia sido encontrada, a neném também não tinha nome. Ela foi chamada Bebê Jones no hospital, pelo sobrenome de sua mãe. Jerry e Ryan se sentaram na beira de sua cama olhando para a neném tão pequenina, naquela cama king size enorme, agitada e tremendo em seu sono. Eles tiveram vontade de chorar. Ryan limpou a garganta: “Como devemos chamá-la?". Jerry pensou por um momento e logo seu rosto iluminou-se com um sorriso: "Rose". Ambos adoravam rosas e as tinham por todo o seu quintal.
A presença de Lorie se mostrou muito valiosa, no início da vida nova de Jerry e Ryan, como pais. Ela ajudou muito, treinando-os da estaca zero, não só com as fraldas, mas com os medicamentos de Rose e sua máquina de oxigênio. "Graças a Deus pelo estágio no meu último ano de pediatria no hospitatal universitário", ela pensou. Sem isso, ela teria que dizer ao seu querido irmão e ao seu parceiro que não é porque ela era uma mulher estudante de medicina, que tinha todas as respostas. No entanto, após um mês – muito menos do que o esperado - ela sentiu que estava pronta para voltar para a privacidade de seu apartamento. Exames finais estavam chegando e ela realmente precisava estudar. No próximo semestre iria iniciar outro estágio, mas se ela não se saisse bem nestes exames, poderia não ser aceita. Lorie se ofereceu para devolver a Jerry e Ryan o dinheiro da sua mensalidade da faculdade e seus livros, mas eles não aceitaram. Ela os abraçou com força: "Vocês estão indo muito bem... eu estou tão orgulhosa de vocês dois!" Se inclinou e beijou uma sorridente Rose, no carrinho de bebê. Depois que Lorie saiu, Jerry e Ryan rapidamente relembraram-se que haviam prometido a ela que não iriam entrar em pânico.
Semanas se passaram. Após dias e noites de trabalho duro, as visitas de Rose ao pediatra começaram a dar sinais de uma incrível melhora. Passados 6 meses, os espasmos respiratórios e a tremedeira haviam desaparecido totalmente. Depois de um ano, ela começou a dormir durante a noite toda.
"Ela anda e está começando a falar e se comportar como uma criança normal e muito feliz. Ela é bem educada, bem nutrida, bem arrumada, dinâmica, extremamente inteligente para sua idade." Essas foram as palavras do bom assistente social Steve, em seu relatório, depois de uma visita domiciliar. Steve tinha conseguido manter o caso para si mesmo, porque ele estava com medo da Gerente Geral do seu departamento - uma mulher muito preconceituosa, que sempre parecia "muito profissional" em um terninho impecável, mas não tinha bondade no coração para as crianças ou para os pais adotivos. Betsy, a supervisora imediata de Steve, o ajudou a "esconder" o processo, uma vez que tudo parecia estar indo muito bem com a pequena Rose e seus pais adotivos. Eles estavam surpresos como Jerry e Ryan se saíram bem com Rose, uma vez que eles não tinham sido treinados para cuidar de crianças especiais. Ainda assim, Betsy e Steve decidiram que era melhor para Jerry e Ryan mantê-los em uma espécie de "obscuridade" e não oferecer-lhes outras crianças no momento. "O que eu mais adorei da visita domiciliar foi o que eu vi nos olhos da Rose, quando ela olhava para esses dois rapazes... ela obviamente os adora", disse Steve a sua supervisora. Betsy sacudiu a cabeça com um leve sorriso - ela estava pensando por quanto tempo eles poderiam manter aquilo tudo em segredo.
Jerry e Ryan também pensavam nisso as vezes: "Eu me pergunto por que ninguém mais nos chamou oferecendo outras crianças para adoção temporária? Tenho a certeza de que estamos nos saindo bem com Rose até agora”, disse Ryan um domingo de manhã, depois do café. Jerry se virou do trocador de fraldas e jogou a fralda usada e dobrada como uma bola no lixo, como se estivesse jogando basquete, "bom... eles certamente sabem onde nos encontrar. E, além disso, a saúde de Rose nos manteve bem ocupados, neste último ano... deverímos esperar um pouco antes de solicitar outras crianças. Nós certamente merecemos uma folga." Jerry levantou uma Rose sorridente do trocador e a colocou no carrinho. "Vamos, Pitchuquinha!" E lá se foram eles - os três - para uma corrida matinal.
O tempo passou. Meses e depois anos. Rose comemorou o seu quarto aniversário. Então, em algum lugar, de alguma forma, o nome dela reapareceu no “Departamento de Serviços Sociais”. Aparentemente, seus pais biológicos tinham finalmente assinado um consentimento, liberando Rose para adoção permanente. A mãe parecia que nunca iria voltar do caminho obscuro das drogas. O pai tinha sido enviado para estudar na Europa e ficado por lá, depois que seus pais evangélicos vieram a saber sobre a bebê e varreram tudo para debaixo do tapete, antes que sua congregação descobrisse. Eles, como avós, foram contatados como potenciais pais adotivos, mas se recusaram. O pastor ainda hesitou um pouco: "É nossa neta, apesar de tudo...", disse ele. A mulher rapidamente o interrompeu: "É uma criança concebida em pecado, fora do casamento sagrado e também... a mãe é... diferente, você sabe, querido... nós temos uma reputação na nossa igreja... como explicaríamos, você sabe... hein... a pele escura da criança?" Os avós maternos de Rose eram muito pobres e não podiam ficar com ela. Eles já estavam criando outros quatro netos. Quando a assistente social que os veio visitar, oferecendo a proposta de ficar com Rose, o avô disse: "Pelo que você está dizendo, minha neta está indo muito bem na casa da familia onde ela está... por que não deixá-la lá então? Ela obviamente vai estar melhor do que se ela viesse morar conosco... "Mas isso teria sido simples demais. No final, o processo acabou na mesa da Mulher de Terninho Impecável, apesar dos esforços de Steve e Betsy para escondê-lo.
O que aconteceu depois foi tão rápido que Jerry e Ryan ainda têm problemas para relembrar a sequência de tudo. Uma manhã, por volta do mês de setembro de 1988, Ryan estava mostrando uma casa a uns clientes, Jerry estava no seu escritório e Rose estava em uma creche particular, no bairro. Por volta das 10h30m da manhã, Jerry foi retirado de uma reunião, com um telefonema de emergência da creche. Seus joelhos enfraqueceram, enquanto ele corria para o telefone mais próximo, imaginando o pior, “ela não está respirando outra vez... ela caiu... ela está machucada..." A professora, em pânico, o informou que dois assistentes sociais, acompanhados pela polícia tinham acabado de sair de lá, levando Rose com eles.
Jerry e Ryan ficaram apavorados. Desesperadamente tentaram entrar em contato com o seu Assistente Social Steve. "Ele não está mais neste departamento", disse a voz impessoal da recepcionista. Eles tentaram então falar com Betsy, a supervisora de Steve, mas foram informados de que ela tinha saído de licença. Outros esforços para se comunicar com outros assistentes sociais deram em nada. Eles foram informados de que a sua responsabilidade com Rose, como pais adotivos temporários, tinha terminado. Uma vez que ela havia sido removida pelo 'Departamento de Serviços Sociais', eles não deveriam se preocupar mais com ela. Eles também foram informados de que sua licença de pais adotivos temporários tinha sido suspensa "pendente investigação". Nenhuma outra criança seria oferecida a eles até que "tudo ficasse esclarecido." "Pendente investigação? Que investigação? O que há para ser esclarecido?" Ryan berrava ao telefone e acabou jogando-o no receptor, quando a única resposta que obteve foi um tom de discagem. Jerry, debruçado na mesa da cozinha, soluçava sem controle.
Jerry e Ryan não perderam tempo - eles imediatamente contrataram o melhor advogado que puderam encontrar. Não importava o quanto teriam que gastar, eles só queriam a sua preciosa menininha de volta. Durante noites de insônia, eles choraram juntos, pensando como Rose deveria estar infeliz e confusa. Seu maior mêdo era que ela pensasse que eles a tivessem abandonado. E eles estavam certos. A casa de acolhimento de emergencia, onde ela foi colocada com seis outras crianças, mais tarde relatou ao tribunal de que Rose só fazia gritar dia e noite: "Eu quero meu Papai Jerry! Eu quero meu Papai Ryan!"
O advogado entrou imediatamente com uma petição para a custódia temporária de Rose ser dada a seus pais adotivos. "Pelo menos", ele explicou a Jerry e a Ryan, que começaram a detestar a palavra "temporária", "Rose voltará para casa, até esta confusão toda ficar esclarecida." Mas o 'Departamento de Serviços Sociais', comandado pela Mulher de Terninho Impecável, estava determinada a proteger Rose de "perigos e danos morais". Mantinha o argumento que a convivência de Rose com Jerry e Ryan era "inapropriada" e que tudo seria feito para que Rose não voltasse a ficar "sob a mesma situação de risco que ela vinha vivendo, há quase quatro anos.” Depois de uns dois meses de procedimentos legais, apesar de todos os seus esforços, o advogado só conseguiu visitas supervisionadas, uma vez por semana. Durante esses momentos felizes, mas dolorosos, Rose implorava e suplicava ao Papai Jerry e ao Papai Ryan que a levassem de volta para casa. Ela sentia falta do seu quarto e dos seus brinquedos. Com o coração partido, tudo o que Jerry e Ryan podiam fazer era garantir a Rose de que esta não era a vontade deles, que eles estavam fazendo de tudo para trazê-la de volta para casa. No início das visitas, eles também lhe traziam o brinquedo de sua escolha, de dentro da sua caixa de brinquedos, mas tiveram que parar. Os novos pais adotivos temporários estavam reclamando que Rose "estava sendo mimada demais, com brinquedos demais". Os três choravam muito, juntos, durante essas visitas, especialmente na hora da despedida.
Um completo exame médico-psicológico concluiu que Rose era saudável, bem alimentada, limpa, bem cuidada e não mostrava qualquer sinal de ter sido abusada. O psicólogo, também informou que Rose era muito ligada a seus "dois Papais" e que estava depressiva desde que ela havia sido retirada deles. Um juiz, então, permitiu que Rose voltasse para casa “temporáriamente, enquanto se aguardava o resultado de uma investigação mais aprofundada". A batalha foi ganha, mas Jerry e Ryan sabiam que a guerra ainda continuaria. Oito meses haviam se passado desde o dia em que Rose foi tão abruptamente retirada de sua creche e de seus Papais. A vizinhança deu uma festa de "Bem-vinda de volta, Rose!", no dia em que ela retornou. Durante todo este calvário, Jerry e Ryan sempre tiveram o apoio de amigos e vizinhos, porque todo mundo sabia que pais maravilhosos eles eram. E, claro, todo mundo adorava a pequenina Rose.
No entanto, Rose não era mais a mesma criança risonha e feliz. Esta pessoinha que voltou para casa era uma menina assustada e insegura. Estava pálida, tinha perdido peso e tinha pavor de dormir sozinha em seu quarto cor-de-rosa, do qual ela tanto gostava antes. Sua tremedeira estava de volta, assim como sua insônia e pesadelos. Ela queria dormir entre Jerry e Ryan. No passado, eles ocasionalmente teriam permitido, como pais normais o fazem, às vezes. Mas agora, eles estavam com medo. "E se o Departamento descobrir de alguma forma quando entrevistarem Rose?" Sem qualquer sombra de dúvida, isso seria usado contra eles e definitivamente prejudicaria o caso. Então, Jerry e Ryan começaram a se revezar dormindo no chão, no quarto de Rose, até que ela se sentiu segura novamente. Levou muito tempo, muito trabalho e muito amor e carinho, para ela confiar outra vez - mas conseguiu. Os três conseguiram juntos.
As coisas pareciam estar quase de volta a uma rotina normal. Numa excepcionalmente quente tarde de domingo, Jerry e Ryan, vestindo shorts e camisetas sem mangas, estavam assistindo a um jogo de futebol na TV e tomando uma cerveja. Eles podiam ouvir Rose cantando, como ela fazia durante o dia todo agora, enquanto ela andava no seu velocípede novo, no bem cercado e seguro pátio. A campainha tocou. Jerry se levantou para atender e se encontrou frente a frente com a Mulher de Terninho Impecável, que aparentemente, tinha decidido investigar ela mesma, este processo. "Inspeção de casa", ela anunciou com sua voz estridente. Jerry respondeu: "Mas nós não foram notificados e hoje é domingo..." . "É assim mesmo, Senhor... com licença..." Ela passou direto por ele e começou a olhar a sala de estar e a cozinha, tomando notas em um bloco de papel amarelo. Ryan, visivelmente irritado com esta intrusão, se levantou e começou a dizer algo, mas a mão do Jerry no seu braço o deteve. "Deixa ela, Ryan, brigar só vai piorar a situação". A Mulher de Terninho Impecável fuçou todos os cantos da casa. Ela até abriu o armário de vassouras e o armários de remédios nos dois banheiros. Ela passou uma hora no quarto de Rose e até olhou atrás de um poster da Cinderela na parede. E ela tomou mais notas. Ela esvaziou a caixa de brinquedos e examinou todos os brinquedos, um por um. "Ela está fazendo uma bagunça no meu quarto, Papai Ryan... ela vai botar tudo de volta, Papai Jerry?", perguntou Rose, que havia se juntado a eles e parecia muito confusa com aquilo tudo. Ficando cada vez mais impaciente, Ryan perguntou à mulher: "Você pode, pelo menos nos dizer o que é exatamente que está procurando?" Sem resposta... Ela só tomava notas. Por fim, de volta a sala de estar, ela friamente perguntou a Jerry e Ryan sobre os horários de Rose, hora de dormir, refeições, sestas, etc. Rose se juntou a eles outra vez. Ela estava linda, em seu short rosa e sua camisetinha de alças lilás, seu rosto gordinho corado de calor e suor. "Papai Jerry ... Papai Ryan, eu dei a volta no pátio dez vezes, no meu velocípede novo... eu contei também ... dez vezes!" E então Rose virou-se para a Mulher de Terninho Impecável e disse: "Você sabe... eu não tenho uma mamãe, mas eu tenho dois papais lindos!" E então, em um gesto que não poderia ter sido ensaiado, ela se sentou entre Jerry e Ryan no sofá e, colocando os braços em volta deles, puxou os seus rostos para ela e deu um beijo a cada dizendo: "Eu te amo, Papai Jerry... eu te amo, Papai Ryan". E Rose saiu da sala cantando "Ciranda, cirandinha..." e voltou para o seu novo velocípede. Jerry enxugou os olhos com as costas das mãos e Ryan olhou para a Mulher de Terninho Impecável, diretamente nos seus olhos e disse tão firmemente quanto ele podia, com a voz embargada de emoção: "Eu espero que tenha feito boas anotações - agora você poderia ir embora e nos deixar em paz?"
O caso acabou seguindo para mais um juiz. Nesta hora, o advogado de Jerry e Ryan entrou com a petição para que a adoção permanente de Rose fosse finalizada, alegando que estava sendo estagnada de propósito, pelo “Departamento de Serviços Sociais”, sob a direção da Mulher de Terninho Impecável. Entre muitas coisas - a maioria mentiras - o relatório dela ao tribunal sobre sua visita mostrou que, no momento da sua inspeção, Jerry e Ryan tinham tido má vontade em cooperar e tinham se mostrado rudes; todos os três - Jerry, Ryan e a criança - não estavam vestidos adequadamente e decentemente; havia álcool presente na casa, e Rose estava beijando e esfregando-se contra os dois homens em uma "maneira muito suspeita e inapropriada". Nada sobre as palavras e gestos de afeição de Rose. O relatório também acusou demasiada indulgência - brinquedos demais para "uma criança abrigada apenas temporárimente."
No entanto, o advogado estava bem preparado. Ele apresentou uma enorme lista de testemunhas, que uma por uma tomaram uma posição em favor de Jerry, Ryan e Rose. Eles eram amigos, vizinhos, e especialmente Lorie - que relatou ao juiz quanto amor estava envolvido em cuidar de Rose, desde o primeiro dia. Ela falou ao tribunal sobre o estado deplorável de Rose, quando ela chegou, como Jerry e Ryan estavam assustados no início, mas como eles assim mesmo, corajosamente aceitaram a condição da Rose. E como começaram a gostar da bebê em questão de dias, quanto a saúde dela tinha melhorado, em tão pouco tempo, sob os cuidados deles.
O testemunho da diretora da creche também foi muito valioso. Lutando contra as lágrimas, ela declarou que Rose frequentava sua creche, por algumas horas por semana, desde que tinha 2 anos e meio de idade, que Rose era uma das crianças mais limpas, bem comportadas e melhor cuidadas da sua escolinha. Seu cabelo estava sempre bem escovado, era uma das crianças mais amorosas, mais felizes. A mais emocionalmente estável, que ela tinha visto nos seus vinte anos cuidando de crianças. Quando ela terminou, não havia muitos olhos secos naquela sala de audiências. Até o juiz estava limpando a garganta. Jerry e Ryan sabiam, em seus corações, mesmo que eles ainda não quisessem acreditar, que eles haviam vencido a guerra.
Depois de alguns outros testemunhos de peritos, pediatras e psicólogos que examinaram Rose, o juiz concedeu direitos de adoção permanente para Jerry e Ryan. Os dois se abraçaram e choraram abertamente. Finalmente tudo havia se acabado - Rose, agora com 7 anos de idade, era sua filha e ninguém jamais iria tirá-la deles. Era julho de 1991 - três anos vivendo um pesadelo totalmente desnecessário.
A única coisa que Jerry e Ryan agora lamentam é nunca terem encontrado o paradeiro de Steve e Betsy, o Assistente Social e sua Supervisora, que haviam acreditado neles. Eles tentaram encontrá-los durante anos, mas o “Departamento de Serviço Social” não dá nenhuma informação sobre os empregados ou ex-empregados. Jerry e Ryan queriam, pessoalmente, agradecê-los por confiar Rose a eles, mas nunca tiveram esta chance.
Este é um exemplo típico de um profundo e irracional preconceito. Ao longo de toda esta agonia, a única vez em que Rose foi prejudicada, ocorreu ao ser removida da casa feliz de seus Papais. A Mulher de Terninho Impecável não parou um minuto sequer para considerar a possibilidade dela estar cometendo um erro terrível. Ela estava cega pelo ódio e pelo preconceito. Ela expôs uma família feliz a muita dor, apenas por causa da orientação sexual dos pais, sem nenhuma outra razão. Jerry e Ryan tiveram sorte de ter pego um juíz compassivo e compreensivo, porque se ele tivesse sido mais conservador e tivesse acreditado naquele relatório de inspecção da casa – tão maliciosamente distorcido, Rose provavelmente nunca mais teria visto seu Papai Jerry e seu Papai Ryan.
Pelo menos, "A História da Pequena Rose" teve um final feliz. Mas isso, provavelmente, porque Jerry e Ryan tinham uma boa renda e puderam pagar um advogado caro. O número de gays, que sofrem enormes injustiças por preconceitos e não têm meios econômicos de buscar justiça, é enorme.
Já passou do tempo desta sociedade abrir sua mente para o fato de que os gays fazem parte da nossa sociedade e estão aqui, como eles sempre estiveram e não desaparecerão. É hora de dar à comunidade gay o benefício da dúvida e confiar neles por serem quem a maioria deles são - cidadãos cumpridores da lei, contribuintes de impostos, trabalhadores, eleitores e bons membros da nossa sociedade. Acima de tudo, eles são seres humanos e como tal merecem ser respeitados como todo mundo e qualquer um de nós. O que eles, como adultos, fazem na privacidade de seus quartos e com quem fazem, com consentimento mútuo, não é da conta de mais ninguém, a não ser deles mesmos.
Fim.
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“The Story of Little Rose" or " A História da Pequena Rose”: A bilingual true story of a child's adoption by a homosexual couple.By Cecilia B. Silveira-Marroquin(February/2005)
There is an old myth that every gay person “must” be promiscuous and/or perverts. We live in a society where Gays and Lesbians are encouraged to come out of the closet, but when they do they encounter a system that prejudges them and outcasts them. Even though there are laws prohibiting discrimination on sexual orientation, society always finds a way to get around them.
I used to work as a Paralegal for a Family Law firm and came across many custody battles and adoption cases. Here is one that I will never forget. I have changed the names of those involved for the sake of confidentiality.
On or about May/1984, Jerry and Ryan, two gay white men on their late thirties, who have been living together for over ten years somewhere in a nice upscale suburb of the San Francisco Bay Area in California, decided it was time they did their part to help the numerous abandoned children in the Bay Area. They had traveled a lot and were done with most of their young age outings and partying in the evenings and weekends. They were ready for a more family lifestyle.
They both had good jobs and a stable income. Jerry was a computer programmer and Ryan an independent real estate agent and had his office set up on half of the first floor in their comfortable two-story home. Ryan loved to be home and the only times he was away was for a few hours on weekends and early evenings when he would be showing properties to clients. Jerry was off on weekends, so someone would be home most of the time and they felt that they would be perfectly capable of caring for a child or two. They anticipated the idea of having children’s noises in their usually peaceful and sometimes too quiet home. Jerry’s youngest sister Lorie was putting herself through medical school and would be more than happy to have a little extra cash here and there, when Jerry and Ryan needed a baby-sitter once in a while. Everything looked perfect.
With all that set up Jerry and Ryan found themselves in front of a Social Worker applying to be foster parents. Final adoption would come later – that was the procedure. The Social Worker, a gay man himself, was very sincere from the beginning. They were told that even though the law prohibited it, the system was very suspicious of gay couple fostering children and more often than not, gay couples’ applications would be denied on senseless technicalities. “However,” Steve the Social Worker said, “I can see that you are good decent people so I will do my best to push your application through”.
And so he did. After long months of unnerving bureaucracy, their home was approved. Jerry, Ryan, and Lorie went out to dinner that evening to celebrate.
One week later, on a Friday afternoon, they received a telephone call from the Emergency Response Department of the local Children Protective Services. There was this two-month-old baby girl who had been taken from her parents. The mother, a black teenager prostitute had tested positive for cocaine and so had the baby, at her premature birth. The father was a white 17-year-old, son of a local Evangelical minister and terrified of his family so he disappeared quickly. The baby had stayed in the hospital’s incubator for two months, but was now ready to be discharged. The mother had sporadically visited the baby, but as the discharge day came closer, she visited even less and finally she never returned the call, when the hospital staff left her a message with a room-mate saying the baby was ready be picked up.
“Would you be willing to take the baby?” The monotonous Social Worker’s voice on the telephone speaker was growing inpatient, as she explained the nature of the case – like someone who had been on the telephone repeating the story for hours and was anxious to close the case, and go home for the weekend. Jerry and Ryan looked at each other in panic, suddenly remembering that none of them had ever changed a diaper in their lives. They thought they had applied for older children and did not remember saying anything about babies…let alone sick ones. Ryan started to explain to the Social Worker that there must be some mistake…and…. “Sir, I am looking at your application transcript on my computer and it says right here that you will take children of any age and that …yes, you will accept health-challenged children. Are you able to take her or not?” Jerry hesitated only for a moment – he did not think it would look good for the Department of Social Services if they refused their very first case – Jerry did not want to appear “picky”; after all we are talking about children – “Okay….we will take her!” Ryan was appalled: “Are you crazy?” he whispered. Jerry did not answer. He hung up and quickly called Lorie. She was not home, so he left her a lengthy message: “Apparently there was some clerical error on our application and they put us in some kind of emergency placement list. It would be too complicated to back down now. We will pay your tuition and textbooks too, and everything you need in the form of supplies, but you have got to come and stay with us for a few months or at least until we get this situation sorted out…and yes, we will pay your rent so they will hold your apartment.” Ryan opened his mouth to protest but no sound came out – he let himself fall in a chair, already seeing their cushioned savings account growing wings and flying out of the window. Jerry finally hung up and turned to him: “Don’t look at me like that….after all, Lorie is a medical student….”
The little baby arrived the next morning, in a county hospital nurse’s arms. She looked deplorable in spite of having been in an incubator for two months. She was so small, so pale, so skinny, so fragile, so shaky that Jerry asked the nurse if she was sure the baby was ready to be discharged. “Yes, Sir…she is ready. She is pretty healthy actually comparing to other babies being born sick…and sometimes we even run out of incubators and the babies have to go to private hospitals, which is not encouraged because it costs taxpayers too much.” Ryan started to say how disgusting he thought that was, when the nurse interrupted him by showing the list of treatment procedures. She opened her backpack and produced a myriad of medications and an oxygen machine for the baby’s breathing spasms. “Breathing spasms? Oh….my God! We were not told of these circumstances!” The nurse was growing visibly irritated, as if taking care of extremely sick babies was something everyone should be able to do with their eyes closed: “Sir if you don’t think you can cope with this child, please speak up now and I will take her back to the hospital.” “Yes….please…I…” and Ryan turned to look at Jerry for support but saw the baby in his arms already smiling and cooing in spite of her weakness and his heart melted. “I…I think we can manage….we … we…will give it try, ….right, Jerry?” Jerry did not answer…he was too busy baby-talking. “Very well” said the obviously relieved nurse, “and if you have any questions before her scheduled check-up, please call us day or night”. After briefly showing Jerry and Ryan how to administer the baby’s medication, and how to use the “scary” breathing equipment, the nurse left blowing out a sigh of relief. She was not sure about these guys’ experience with sick babies, but she had a feeling they would do fine – they seemed like really nice guys - cute but gay...what a waste! After all, with the overload of babies being born addicted to drugs and the county’s limited resources and funding, the hospital could not be too picky.
Since a birth certificate had not been found yet, the baby had no name. She was called Baby Girl Jones at the hospital, after her mother’s last name. Jerry and Ryan sat around their bed looking at the little baby so small in that enormous king size bed, shaking and trembling in her sleep. They wanted to cry. Ryan cleared his throat: “What should we name her?” Jerry thought for a moment and then his face lighted up in a smile: “Rose”. They both loved roses and had them all over their back yard.
Lorie’s presence was most valuable in the beginning of Jerry and Ryan’s new parenting life. She helped a lot by getting them started from scratch, not only with the diaper business but with Rose’s medications and oxygen machine. “Thank God for my last year’s internship at Pediatrics in the County Hospital”, she thought. Without that, she would have had to tell her beloved brother and his partner that just because she was a woman in medical school, it did not mean she had all the answers. However, after one month – a lot less than expected - she felt she was ready to go back to the privacy of her apartment. Finals were coming up and she really needed to study. Next semester she would start another internship but if she did not do well on her exams, she might not be accepted. Lorie offered to pay Jerry and Ryan back for the tuition and the books but they would not take it. She hugged them both tightly: “You, Guys, are doing great….I am so proud of both of you!” She bent over and kissed a smiling Rose in the stroller. After Lorie left, Jerry and Ryan quickly reminded each other that they had promised her they would not panic.
Weeks went by. After day and night of hard work, Rose’s check-ups started showing an incredible amount of improvement. After 6 months, her breathing spasms were totally gone and so was her shaking. After one year, she started sleeping through the night.
“She walks and is starting to talk and look like a very happy normal child. She is well-fed, well-groomed, energetic, extremely smart for her age, and developing ahead of schedule.” Those were Steve, the nice Social Worker’s words on his report after a home visit. Steve had managed to keep the case for himself because he was afraid of the top manager of his department – a very prejudiced woman, who always looked “very professional” in an impeccable business suit, but had no heart for the children or foster parents. Betsy, Steve’s immediate supervisor helped him “hide” the case since everything seemed to be going well with little Rose and her gay foster parents. They were amazed how well Jerry and Ryan did with Rose, since they were not supposed to foster sick children. Still, Betsy and Steve decided it was best to keep Jerry and Ryan kind of “obscure’ and not to offer them other children for the time being. “What I love mostly about visiting that home is what I see in Rose’s eyes when she looks at those two guys – she obviously adores them.” Steve said to his supervisor. Betsy nodded smiling faintly – she was wondering how long they could keep all that under wraps.
Jerry and Ryan thought about it sometimes too: “I wonder why no one else has called us to offer other foster children – I am sure we have done well with Rose so far, said Ryan one Sunday morning after breakfast. Jerry turned away from the changing table and tossed the used diaper, folded like a ball, into the trash bin like a basketball: “Oh well…they certainly know where to find us. And besides, Rose’s health put us through the meat grinder this last year…we should wait a while before requesting more kids. We surely deserve the break.” Jerry lifted a smiling Rose from the changing table and placed her in the stroller. “Let’s go, Kiddo!” And off they went – the three of them – for a morning jog.
Time passed. Months and then years. Rose had her fourth birthday. Then, somewhere somehow her name came up again at the Social Services Department. Apparently, her parents had finally signed a consent giving her up for adoption. Her mother was never going to return from the dark road of drugs and her father had been sent to study in Europe, after his Evangelical parents found out about the baby and had swept everything under the rug, before their congregation found out. They were contacted as potential guardians, but refused. The minister had even been somewhat hesitant: “It is our grandchild, after all…” he said. His wife quickly stopped him: “It is a child conceived in sin and out of wedlock and also….the mother is….different, you know…Darling… we have a reputation in our church….how would we explain, you know….the child’s … huh … dark appearance?” Rose’s maternal grandparents were very poor and could not take her. They were already raising four other grandchildren. The grandfather even said to the investigating Social Worker, who had come to offer them the option of adopting Rose: “From what you are saying, my granddaughter is doing quite well in the foster home where she is at….why not leave her there then? She is obviously going to be better off than if she was to come and live with us…” But that would have made too much sense. And it so happened that the case ended up on the Woman in a Business Suit’s desk, despite of Steve and Betsy’s efforts to keep it from her.
What happened after that was so fast that Jerry and Ryan still have trouble recollecting everything sometimes. One morning, around September 1988, Ryan was showing a house to clients, Jerry was in his office, and Rose was at the neighborhood preschool. Around 10:30 am, Jerry was pulled out of a meeting with an emergency telephone call from the preschool. His knees buckled as he tried to run to the nearest telephone, imagining the worst “she is not breathing again….she fell…she is hurt…” The frantic teacher informed him that two social workers accompanied by the police had just been there and taken Rose away.
Jerry and Ryan were devastated. Desperately they tried to contact their Social Worker Steve. “He is no longer with this department”, said the receptionist’s impersonal voice. They tried contacting Betsy, Steve’s supervisor, but were told that she was out on leave. Other efforts to speak to other social workers turned to nothing. They were told that their responsibility with Rose, as foster parents, had ended once she had been removed by the County, so they should not be concerned with her any longer. They were also informed that their foster parents’ license was suspended “pending investigation” and that no children were to be placed with them until “all gets cleared up.” “Pending investigation? ...What investigation? …What is there to get cleared up?” Ryan was barking on the telephone and ended up slamming it on the receiver when the only answer he got was a dial tone. Jerry had his head down on his arms on the kitchen table, sobbing uncontrollably.
Jerry and Ryan wasted no time – they immediately hired the best attorney they could find. Regardless of how much money they would have to spend, they just wanted their precious little girl back. During sleepless nights, they cried together thinking how unhappy and confused Rose must have been. Their worst fear was that she was going to think that they had given her up. And they were so right. The emergency foster home where she was placed with six other children later reported to the court that Rose did nothing but scream day and night: “I want my Daddy Jerry! I want my Daddy Ryan!”
The attorney took immediate action and filed a petition for Rose’s temporary custody to be given to her foster parents. “At least,” he explained to Jerry and Ryan who had come to hate the word ‘temporary’, “Rose will be back home until this mess gets cleared up.” But the Department of Social Services, headed by the Woman in a Business Suit, was determined to protect Rose from “moral danger and harm” and kept arguing that the placement of Rose with Jerry and Ryan was “inappropriate” and that they would see to it that Rose would not go back to live “under the same risky situation she had been living for nearly four years”. After a couple of months of legal procedures and in spite of all his efforts, the attorney was only able to get Jerry and Ryan supervised visitations, once a week. During those happy but painful moments, Rose begged and begged for Daddy Jerry and Daddy Ryan to take her home. She missed her room and her toys. With a broken heart, all Jerry and Ryan could do is try to assure her that this was not their doing and they were doing everything to bring her back home again. In the beginning, they also brought her the toy of her choice from her toy box each time they visited, but had to stop because the new foster parents were complaining about Rose “getting spoiled with too many toys”. The three of them did a lot of crying together during those visits, especially at the time to say goodbye.
A complete medical and psychological examination concluded that Rose was healthy, well-nourished, clean, well-cared for, and did not show signs of ever being abused in any way. The psychologist, also reported that Rose was very attached to her “two Daddies” and had been depressed since she had been taken away. A judge then allowed Rose to go back home in a “temporary basis, pending further investigation”. A battle was won, but Jerry and Ryan knew that the war was still going. Eight months had passed since the day Rose was so abruptly taken from her preschool and from her Daddies. The neighborhood threw a “Welcome Home Rose!” block party on the day she arrived. Throughout this whole ordeal, Jerry and Ryan always had the support of friends and neighbors because everybody knew what wonderful parents they were. And of course, everyone loved little Rose.
However, Rose was not the same happy giggling child anymore. This little person who came home was a frightened and insecure little girl, who looked pale, had lost weight, and was afraid of sleeping alone in her pink bedroom, she once loved. Her shaking was back and so were her sleeplessness and nightmares. She wanted to sleep in between Jerry and Ryan, which in the past they would have allowed, as normal parents do sometimes. Now they were afraid. “What if ‘The Department’ found out somehow when interviewing Rose?’’ Beyond any shadow of doubt that would be used against them and would most definitely hurt their case. So, Jerry and Ryan started taking turns sleeping on the floor in Rose’s room, until she felt safe again. It took her a long time, a lot of work, and a lot of love and nurturing, to trust again – but she did it. They all did it together.
Things seemed to be almost back to a normal routine, when on an unusually warm Sunday afternoon Jerry and Ryan, wearing shorts and sleeveless tee-shirts were watching a football game on TV and having a beer. They could hear Rose singing, as she did all day long now, while she rode her new tricycle in the well-fenced and secure back patio. The door bell rang. Jerry got up to answer and found himself facing the Lady in a Business Suit, who apparently had decided to handle this case herself. “Home inspection”, she announced with her high pitched voice. Jerry responded: “But we were not notified and this is a Sunday….” “That is how it goes, Sir…excuse me.” She passed right by him and started looking all over the living room and kitchen, making notes on a yellow legal pad. Ryan, visibly upset with that intrusion, got up and started to say something but Jerry’s hand on his arm stopped him. “Let her be, Ryan, it will only make matters worse”. The Lady in a Business Suit looked at every corner in the house. She even opened the broom closet and the medicine cabinets. She spent an hour in Rose’s room and even looked behind a Cinderella poster on the wall. She took more notes. She emptied Rose’s toy box and examined every toy, one by one. “She is making a mess in my room, Daddy Ryan…will she put everything back, Daddy Jerry?” asked Rose who had joined them and seemed very puzzled about the whole thing. Growing obviously impatient, Ryan asked the woman: “Can you at least tell us what is exactly you are looking for?” No answer….she just kept taking notes. Finally, back in the living room she coldly asked Jerry and Ryan about Rose’s schedule, bedtime, meals, naps, etc. Rose had joined them again, looking adorable in her pink shorts and lilac tank top, her chubby little face flushed with heat and sweat. “Daddy Jerry…Daddy Ryan, I went around the patio ten times on my new bike….I count it too….ten times!” And then Rose turned to the Woman in a Business Suit and said: “You know….I don’t have a Mommy but I have two beautiful Daddies.” And then, in a gesture that could not have been coached, she sat between Jerry and Ryan in the couch and putting her little arms around them, pulled their faces toward her and gave them each a kiss saying: “I love you, Daddy Jerry…I love you, Daddy Ryan”. And Rose left the room singing “ring around the roses…” and went back to her new bike. Jerry wiped his eyes with the back of his hands and Ryan looked at the Lady in a Business Suit right into her eyes and said as firmly as he could make his emotion-stricken voice: “I do hope you have been taking good notes – now can you please go and leave us alone?”
The case eventually went in front of yet another judge. At the time, Jerry and Ryan’s attorney petitioned for Rose’s permanent adoption to be finalized, since it had been stagnating on purpose by the Social Services Department, under the directions of the Woman in a Business Suit. Among many things – mostly lies – her report to the court about her visit showed that at the time of her inspection, Jerry and Ryan had been uncooperative and rude; all three of them - Jerry, Ryan, and the child - were not dressed properly and decently; there was alcohol present in the house, and Rose was kissing and rubbing herself against the two men in a “very suspiciously inappropriate way”. Nothing about Rose’s loving words and gestures. The report also accused too much indulgence – too many toys for “just a temporary foster child.”
However, their attorney was well-prepared. He presented a huge list of witnesses, who one by one took the stand to testify on behalf of Jerry, Ryan, and Rose. They were friends, neighbors, and especially Lorie – who told the judge about how much love was involved in taking care of Rose from day one. She told the court about Rose’s deplorable state when she arrived, how scared Jerry and Ryan were in the beginning but how brave they were accepting Rose’s placement with them. And how fond of the baby they became in a matter of days and how much the baby’s health had improved in so little time, after she was placed in their care.
The preschool director’s testimony was also very valuable. Fighting back tears, she testified that she had Rose coming to her preschool for a few hours a week since she was 2 ½ years old and that she was one of the cleanest, well-behaved and best cared for child in her school. Her hair was always well-brushed, and she was one of the most loving, happiest, and most stable children she had ever seen in her twenty years of teaching preschool. When she finished, there were not many dry eyes in that courtroom. Even the judge was clearing his throat. Jerry and Ryan knew in their hearts, even though they did not quite want to believe it yet, that they had won the war.
After a few other testimonies from expert witnesses, pediatricians and psychologists who had examined Rose, the judge granted permanent adoption rights to Jerry and Ryan. They both hugged each other and wept openly. It was finally over – Rose, now 7 years old - was their daughter and nobody would ever take her away from them anymore. It was July, 1991 – three years of living a totally unnecessary nightmare.
The only thing Jerry and Ryan now regret is never finding the whereabouts of Steve and Betsy, the social worker and his supervisor who had believed in them. They tried to find them for years, but the Social Service Department would not give out any information about employees. Jerry and Ryan wanted to personally thank them for trusting Rose to them, but never had that chance.
This is a typical example of total unreasonable prejudice. Throughout the whole ordeal, the only time Rose was hurt was when she was removed from her Daddies’ happy home. The Woman in a Business Suit never stopped one minute to consider the possibility of her making a terrible mistake. She was blinded by hate and prejudice. She put a happy family through a lot of pain just because of the parents’ sexual orientation, no other reason. Jerry and Ryan were lucky that they had a compassionate and understanding judge because if he had been more conservative and believed in that home inspection report – so maliciously distorted, Rose would probably never see her Daddy Jerry and Daddy Ryan again.
At least, “The Story of Little Rose” had a happy ending. But that was probably just because Jerry and Ryan had a good income and were able to afford an expensive attorney. The number of gay people out there, who suffer tremendous injustices and have no economic meanings of seeking justice, is enormous.
It is time for this society to open its mind to the fact that gay people are part of our society and are, as they have always been, here to stay – they are not going away. It is time to give the gay community the benefit of the doubt and trust them to be who most of them are – good law-abiding citizens, tax payers, hard workers, voters, and good members of our communities. Above all, they are human beings and as so deserve to be respected. Like with each and any of us, what they do in the privacy of their bedrooms and who they do with - as consenting adults - is no one else’s business but their own.
The End
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Cecilia B. Silveira-Marroquin era escritora antes mesmo de ser alfabetizada. Com apenas 2 anos de idade, ela brincava com bonecas de papel e criava estórias. Nascida e criada no Rio de Janeiro, Brasil, residiu a maior parte de sua vida na Califórnia, EUA, para onde se foi com 22 anos de idade e onde se casou (mais de uma vez), teve três filhos e estudou Direito e Criminologia , trabalhando sempre nesta área profissional. De volta ao Brasil, além de lecionar inglês e espanhol, ela faz trabalhos de tradução e ultimamente resolveu se dedicar de corpo e alma a sua velha paixão: Escrever! Links:
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