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HETERONORMATIVIDADE E PERFEIÇÃO: A POLÊMICA NOVA ADAPTAÇÃO DE "O MORRO DOS VENTOS UIVANTES"


Heteronormatividade e perfeição: a polêmica nova adaptação de "O Morro dos Ventos Uivantes"

O trailer de O Morro dos Ventos Uivantes (2026), estrelado por Margot Robbie e Jacob Elordi, recebe críticas por seu elenco, estética sexualizada e fidelidade ao clássico de Emily Brontë.

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O primeiro trailer de O Morro dos Ventos Uivantes (2026) foi lançado e, como esperado, não passou despercebido. O que parecia ser uma nova adaptação de um clássico da literatura virou um campo de batalha nas redes sociais, onde as discussões variaram do elenco à estética escolhida por sua diretora, Emerald Fennell.

O filme, produzido pela Warner Bros. e com lançamento previsto para 13 de fevereiro de 2026, é estrelado por Margot Robbie como Catherine Earnshaw e Jacob Elordi como Heathcliff. Dois nomes que, por si só, já garantem atenção da mídia, mas que, desde o momento em que o elenco foi anunciado, geraram críticas entre os leitores mais fiéis de Emily Brontë.


O problema do elenco: perfeito demais para um romance gótico

Desde que a escalação de Robbie e Elordi foi anunciada, os comentários apontaram todos na mesma direção: ambos os atores são atraentes demais para interpretar personagens que, no romance, foram descritos com uma intensidade mais sombria do que estética. Especialmente Heathcliff, que Brontë retratou como um homem de pele escura, de origem marginal, com feições "ciganas" que ressaltavam seu status de marginalizado na sociedade inglesa do século XIX.

Para os fãs, escalar Elordi significou encobrir o personagem e remover parte do peso social que o define. Do lado de Catherine, as críticas recaíram sobre o fato de Robbie, aos 35 anos, encarnar um personagem associado a uma juventude intensa, o que para alguns não se encaixa totalmente na visão da autora.


Um trailer que gerou mais críticas

Se o elenco já era motivo de reclamação, o trailer lançado recentemente só alimentou a discussão. Além das paisagens e do cenário de época, o que mais se destacou foi o tom sexualizado das cenas. Mais do que alegorias visuais sugestivas, toques de cunho sexual e figurinos que os leitores descreveram como "historicamente imprecisos" geraram uma avalanche de comentários nas redes sociais.

"Será que as pessoas que fizeram este filme leram o livro?" foi uma das frases mais repetidas. A reclamação geral é que Fennell optou por uma estética mais próxima da fantasia erótica do que do romantismo sombrio do gótico. O que no romance era uma obsessão tempestuosa e violência emocional é apresentado aqui com uma aura sensual que muitos consideram alheia à essência de Brontë.


Emerald Fennell: A provocação como marca registrada

No entanto, a polêmica não parece surpreender ninguém familiarizado com a filmografia de Emerald Fennell. A diretora britânica ganhou um Oscar por "Mulher Jovem e Promissora" (2020), um filme que dissecou a cultura do estupro com humor negro e violência estilizada. Depois veio "Saltburn" (2023), um thriller marcado por excessos, voyeurismo e obsessões sexuais, também estrelado por Jacob Elordi.

Fennell é conhecida por deixar os espectadores desconfortáveis ​​e explorar o inquietante em contextos de poder, privilégio e desejo. Com O Morro dos Ventos Uivantes, tudo indica que ela seguirá o mesmo caminho: usar um clássico como desculpa para empregar seu estilo visual, carregado de erotismo, cenas explícitas e simbolismo extremo.

Alguns participantes de sessões de teste já mencionaram uma abordagem "agressivamente provocativa" que utiliza imagens de bondage equestre e cenas obscenas. Esses elementos, em vez de honrar a fidelidade literária, parecem buscar o escândalo como força motriz narrativa.

Entre a fidelidade e a reinvenção

O Morro dos Ventos Uivantes teve múltiplas adaptações, desde a de William Wyler em 1939 até a de Andrea Arnold em 2011. Algumas priorizaram a precisão histórica, outras a crueza emocional. Mas a de Fennell parece adotar uma abordagem diferente: não busca recriar o espírito do romance, mas sim reescrevê-lo a partir de uma perspectiva radicalmente contemporânea.

A questão é se essa abordagem repercutirá no público. Para os puristas de Brontë, é uma traição; para outros, pode ser uma oportunidade de reimaginar um clássico através dos excessos visuais e narrativos de um diretor que não tem medo de desafiar tabus.




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