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Direitos iguais entre homens e mulheres interessam a ambos sexos [Olga Borges Lustosa]

Direitos iguais entre homens e mulheres interessam a ambos sexos


Ainda há um longo caminho a percorrer antes que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens, embora neste mês de fevereiro comemora-se os 50 anos do lançamento do livro de Betty Friedan, “A Mística Feminina”, lançado em 1963, que deu início a uma fase radical do movimento feminista.

O feminismo é a luta por direitos iguais entre homens e mulheres e o lançamento do livro reforçou o movimento de libertação das mulheres das amarras machistas que lhes tolhiam os direitos mínimos de liberdade e igualdade com relação aos direitos concedidos aos homens, na sociedade, em casa e no ambiente de trabalho. O livro, que em sua primeira tiragem vendeu 1,4 milhão de cópias, causou forte impacto na discussão apaixonada sobre o papel das mulheres na sociedade moderna. Friedan morreu em 2006, aos 85 anos de idade.


O movimento radical apoiado por muitas de nossas mães surgiu nos anos 60 e questionava a concentração da vida das mulheres na criação dos filhos e no cuidado com os maridos e o surgimento de um vazio existencial. O livro foi traduzido para mais de dez idiomas, mas as mensagens chegaram dentro da compreensão de cada cultura. E a principal mensagem era a valorização das mulheres dentro da coletividade, o direito de escolha. O que Betty Friedan criticava era o bloqueio total ao acesso das mulheres em qualquer atividade que não fosse doméstica.

Eu fiquei impressionada com as estratégias, psicologia e pelo tom de simpatia nas colocações. Não há vítimas culpando alguém e sim um sentimento de solidariedade entre as mulheres. Parece que Betty Friedan queria a aprovação dos homens, mesmo quando ela os execrava. O que é redundante no livro é o papel de Friedan como alguém que queria melhorar as condições de vida das mulheres, sem perder o amor dos homens. O feminismo claramente não resolveu todos os problemas que as mulheres enfrentavam, mas ajudou que elas se reposicionassem em suas gerações. A liberdade gozada pelas mulheres é o que é hoje, porque o movimento feminista foi o que foi no passado, disse a socióloga e ativista brasileira Heleieth Saffioti.

Entretanto, o movimento pela liberdade das mulheres no Brasil e no mundo tem uma história de luta bem anterior a data do lançamento do livro de Betty Friedan. No primeiro Código Civil, de 1916 era latente a tradição da inferioridade feminina; com o casamento, as mulheres eram submetidas ao pátrio poder, consideradas incapazes juridicamente, como crianças, não podiam agir como cidadãs livres e adultas, nem mesmo para assinar um contrato.

A admissão de mulheres nas faculdades data de 1879, a primeira médica se formou em 1887, a primeira brasileira a obter o direito de advogar veio em 1899, o direito ao voto foi conquistado em 1932, tudo isso com muita luta e preconceito. Entre as principais militantes brasileiras estava a pesquisadora paulista Bertha Lutz. A partir dos anos 1970, percebe-se maior participação feminina no mercado de trabalho. As diferenças salariais, no entanto, são perceptíveis até hoje.

Assim era o mundo antes do movimento feminista. Foi contra esse mundo que as feministas lutaram e toleraram a indiferença e a ridicularização por parte de muitos homens. Ao libertar as mulheres, o feminismo também liberta o homem da obrigação histórica de estar no comando, de ser o provedor da família. A melhor resposta que li sobre toda a intolerância ao feminismo veio da congressista democrata americana Pat Schroeder. Quando ela chegou ao Congresso pela primeira vez em 1973, um Deputado perguntou: "Como você pode ser uma congressista e uma mãe ao mesmo tempo?" Pat respondeu: "Eu tenho um cérebro e um útero e eu uso os dois."



Olga Borges Lustosa é cerimonialista pública e acadêmica de Ciências Sociais pela UFMT e escreve exclusivamente no blog  do Romilson toda terça-feira 
olga@terra.com.br

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