Mariângela Padilha, escritora, poetisa e roteirista, nascida na cidade de Vacaria, Rio Grande do Sul em 29/05/1960 e residente em Minas Gerais desde os doze anos de idade, em Pouso Alegre desde 1976.
Trabalhou na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos durante oito anos; foi Coordenadora do Centro de Reeducação Municipal – CREM, atualmente trabalha na área administrativa da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Pouso Alegre - MG.
Na área literária foi colaboradora durante dois anos do Jornal “Sul das Geraes”, participou de várias antologias pelo Brasil, concursos e eventos, destacando-se:
• XX Concurso de Poesia Brasil dos Reis do Ateneu Angrense de Letras e Artes - 3º Lugar em Poesia Nacional , com o poema "O Pão do Armário” em 2005.
• 7º Prêmio Missões de Igaçaba Produções Culturais. Menção Honrosa Nacional com o poema "Corujas e Vento Forte (Amo)" e 2º Lugar Nacional - com o conto "João da Capa” em 2004.
• 8º Prêmio Missões de Igaçaba Produções Culturais. - 1º Lugar Nacional - com o poema "Sibilando... de Sol a Sol em 2005.
• “Pouso Alegre em Revista - Edição Turismo” com uma matéria esportiva e “Pouso Alegre em Revista - Edição 160 Anos de Pouso Alegre” com uma reportagem sobre a fundação da cidade.
• 1ª EXPOSIÇÃO LITERÁRIA FEMININA“MULHERES NUAS” organizada por Paulinho Dhi Andrade - em. 2009 no POUPATEMPO DE ITAQUERA-SP.
• 2ª EXPOSIÇÃO LITERÁRIA "MULHERES NUAS". De 1 a 4 de setembro de 2009, no hall da Biblioteca de Universidade Federal UFMA em Imperatriz do Maranhão.
• 3ª EXPOSIÇÃO LITERÁRIA "MULHERES NUAS".Em São Miguel Paulista, SP - 2009.
• 4ª EXPOSIÇÃO LITERÁRIA "MULHERES NUAS".Na Biblioteca do Paraná - 2010.
• 1ª EXPOSIÇÃO DE POESIA RETRÔ - Centro Cultural Jabaquara, SP - 2010
• Participação da 6ª Edição da Revista SUBVERSOS – Projeto patrocinado pela Secretaria de Cultura de São Paulo – com a História em Quadrinhos “CILADA”, roteiro MARIÂNGELA PADILHA/ilustração RAFAEL PEREIRA.
Na internet possui o heterônimo gótico “Me Morte” com o qual já lançou quatro ebooks: Libido, Histórias à Flor da Pele, Liberdade Condicional e poeMetos; em parceria com o desenhista Rafael Pereira lançou o ebook de histórias em quadrinhos Cotidiano Alternativo; criou em 2006 no Orkut a Comunidade Vale das Sombras onde desenvolve o projeto de literatura sombria, que já conta com dois blogs, um site no Portal NING, uma série de ebooks com participação de escritores e artistas em geral (que já se encontra na quarta edição) e Concursos de Poesia Gótica periodicamente.
“A Lenda do Corpo Seco” é seu primeiro livro impresso, um romance infanto juvenil inspirado numa lenda urbana da cidade mineira de Pouso Alegre.
Lançado em 27/08/2009, tem a autoria de Mariângela Padilha, diagramação e capa de René Ociné, revisão gráfica de Geralda Aparecida Dias e produção da Editora BIBLIOTECA 24 x 7.
LIVRO IMPRESSO
A LENDA DO CORPO SECO – Editora “Biblioteca24x7”
(A venda no site
http://www.biblioteca24x7.com.br/ na seção FICÇÃO)
EBOOKs
Contos – HISTÓRIAS À FLÔR DA PELE (Parceria com amigos)
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/797880
Poesias – LIBIDO
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/797086
Poesias – poeMEtos
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1284601
Romance Policial – LIBERDADE CONDICIONAL
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1304016
Revista em Quadrinhos - COTIDIANO ALTERNATIVO (Parceria com RAFAEL PEREIRA)
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1592384
EBOOKs ANTOLOGIAS
Ebook do Vale das Sombras - Vol I
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/858384
Ebook do Vale das Sombras - Vol II
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1023795
Ebook do Vale das Sombras - Vol III
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1473709
EBook do Vale das Sombras – Vol IV
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/1620380
Culpa
Cheguei cansada.
Colhi as flores
Murchas, coitadas,
Descoloridas, empoeiradas,
Pareciam mortas...
Reguei as flores,
Como sangue em carne viva,
Dilaceradas, de pétalas escorridas
No ralo da pia.
Não ressuscitaram.
Agora vão me culpar por todas as queimadas da vida.
CORUJAS E VENTO FORTE ( AMO )
Amo
Nas folhas o tom do orvalho...
No outono a suave brisa...
Nos Campos, o Vento Forte,
A vida...
Amo
Na chuva o cheiro de terra...
Pássaros num mento verde.
Saciando, junto ao rio,
A sede...
Amo
Na noite, o luar sereno.
Sussurrando às estrelas.
A ansiedade do mar
Em vê-las...
Amo
Pois, de amor me visto.
Para, sob teu olhar, ficar nua...
Na tua pele, o toque...
Ser sua...
Subscrevo Poesia
Eu sou o mar,
O espelho das estrelas
Refletindo um céu azul num verde mar.
Eu sou o ar,
O respiro do universo,
Mero reflexo, tão diverso desse ar.
Sou melodia,
O encanto das sereias
E na areia enfeitiço noite e dia.
Nasci e fui criado
De versos brancos ou metrificados,
Tão discreto e violento, vou calado.
No abstrato, sou humano
Como retrato instantâneo,
Fora do contemporâneo, sou insano.
Eu sou amor,
Já fui paixão, ódio, furor,
Por vezes, ilusão e dor.
Sou amizade,
Fiel no amor e na necessidade,
Num futuro próximo, talvez, saudade.
Sou ventania,
Um marginal, um servo, um guia,
Brisa leve ou vendaval...
E subscrevo
Poesia.
O Baú
.
-Estão dizendo que a casa é assombrada...
-Não acreditou numa besteira dessas, acreditou?
Meu noivo havia pegado a chave na imobiliária, precisávamos alugar uma casa urgente. O casamento era no próximo mês e ainda não tínhamos onde morar.
-Por que o cara da imobiliária não veio com a gente?
-Ora meu amor. Ele confiou na gente, tinha outros compromissos, só isso.
Abrimos à porta da frente e ele entrou para me passar confiança.
-Venha Ana Elisa. Não há nada aqui, olhe.
Entrei e em alguns minutos esqueci totalmente dos rumores de assombração.
-A casa é linda! Olhe, uma lareira.
-Já pensou a gente namorando ao pé da lareira no inverno? Marcos me olhou com o olhar carregado de desejo.
Em dois dias fechamos o contrato e começamos a mobiliar.
-Amor. Amanhã não poderei vir. É final de mês, trabalho até tarde. Se quisermos nossa lua de mel na praia tenho que deixar tudo certo na empresa.
No dia seguinte, bem cedo, estacionei na garagem da nova casa. Precisava acertar os últimos arranjos, o pessoal da loja ia entregar nosso jogo de quarto, queria escolher as melhores roupas de cama, afinal íamos estrear uma vida a dois ali.
Foi quando ouvi uma voz me chamando. Parecia minha mãe.
-Ana Elisa. Suba aqui, por favor.
-Mãe? Minha mãe ali? Como ela tinha entrado? A chave estava comigo.
Minha mãe não sabia que tínhamos alugado a casa. Será que Marcos havia contado e esquecido de comentar?
-Aqui em cima. Depressa. Socorro!
Subi as escadas correndo e percebi que a voz vinha do sótão.
-Mãe... Está aí em cima? Subi a escada estreita e abri a pequena porta que dava acesso ao topo da casa.
-Aqui...
-Onde? Onde está você? O sótão estava vazio e só havia um baú num cantinho, meio escondido.
-Aqui. No baú. Venha rápido.
Eu senti um calafrio, mas não tive dúvidas, era minha mãe. Corri até o baú e o abri.
Era enorme e estava cheio de bonecas de pano.
-Mãe...? Uma das bonecas chamou minha atenção. Seu vestido era lilás e
seu rosto parecia muito com o de minha mãe.
Peguei a boneca e fiquei admirando. Tive a nítida impressão que a boneca sorrira.
-Ora. É só uma boneca. Joguei-a para dentro do baú e quando ia fechar a tampa senti dois braços fortes me empurrando para dentro da caixa.
Foi tudo muito rápido e desmaiei.
O som vinha de muito longe. Parecia a voz de Marcos. Tinha mais alguém com ele.
-Fica tranqüilo meu filho. Ela vai aparecer.
-Dois dias Dona Luiza. Dois dias sem dar notícia.
Era a voz da minha mãe. Estava escuro. Parecia que eu estava em um
lugar trancado, sem luz, sem ar. Tentei gritar, mas a voz saiu fraca.
-Marcos! Estou aqui. Ajude-me! Não conseguia identificar o lugar onde
Estava. A voz do rapaz parecia se distanciar. Tinha que reunir todas as minhas forças.
–SOCORRO! Marcos! SOCORRO!
Foram gritos alucinados. Perdi a conta de quantas vezes gritei por socorro. Foi quando levei um susto: O telhado se abriu e um rosto enorme apareceu. Quase enfartei de susto. Parecia um gigante... Minha voz sumiu na garganta. Fiquei paralisada. Era Marcos e minha mãe.
-Ora Dona Luiza. Aqui só tem bonecas de pano. Eu não disse que era só sua imaginação? Saíram e desmaiei novamente.
(histórias de Me Morte)
Cilada
O copo cintilava em cima da pia. Veneno de rato dissolvido em suco de laranja. Que idiotice! Que importava o gosto? Eu ia morrer mesmo. O telefone me tirou dos pensamentos.Guardei o copo rapidamente no armário.
-Alô. Querida? Fui promovido!Vamos comemorar... Era Roberto, meu marido.
Conversei com naturalidade, não podia decepcioná-lo, em seguida, desliguei. Ia preparar um jantar de comemoração. O suicídio ia ficar para amanhã.
Desde que descobri que tinha AIDS minha vida virou um inferno. Não podia ser um transtorno para a família. Roberto era um marido exemplar, meu filho Douglas, uma criança adorável e meu pai, o velho Alfredo, homem íntegro e amigo. Novamente o telefone.
-Alô. Dona Sonia Rebelo?
-Sim, eu mesma. Quem fala?
-Aqui é do laboratório Brasil. A senhora fez um exame de sangue há três dias. Os resultados foram trocados por um funcionário inexperiente. A senhora não está doente. Seu exame deu negativo.
Não escutei mais nada. Eu não ia morrer! Deus! Foi Deus que tirou aquele copo de minhas mãos.
Fiz um jantar inesquecível. Filé a milanesa como Douglas gostava. Arroz de forno, batatas grelhadas, vinho tinto e musica romântica. Eram 23 horas quando finalmente eu e Roberto ficamos a sós. Olhares cúmplices, atrevidos, correria, nosso joguinho começara. Pega-pega, roupas pelos cantos, gemidos. Parecia a melhor de todas as noites. Nossa melhor performance!
Amanheceu! Era domingo e o relógio batia dez badaladas. Olhei para o lado, Roberto já tinha levantado. Vesti o roupão branco e fui até a cozinha.
-Bom dia amor. Dormiu bem? Ele me deu seu melhor sorriso.
Meus três amores sentados à mesa do café.
-Olá papai, que bom vê-lo. Querido, por que não me acordou? Eu faria o café de vocês.
-Nada disso. Fizemos um bolo de chocolate. Venha, experimente. Está delicioso.
-Mamãe. Eu arrumei a mesa. É a toalha que você gosta.
-Senta filha, antes que o café esfrie.
Os copos limpos no armário. O armário...aberto. O copo. Deus! O copo de veneno em cima da mesa... Um restinho de líquido amarelo... Quase vazio... Vazio...
(Histórias de Me Morte)
Mariângela Padilha
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Um comentário
Daufen Back
Obrigada pela oportunidade, é uma honra fazer parte desse cantinho!
Beijos
Mariângela Padilha
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