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Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, 10 de setembro de 1930) é um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo.
Devido ao mau gosto de poemas escritos por um certo José Ribamar Pereira, resolveu adaptar o sobrenome de sua mãe - Goulart – para não ser confundido.
Aos 13 anos, abandonou as brincadeiras com os amigos para ficar em casa lendo e escrevendo poemas para uma menina por quem se apaixonou. Nesta época já se destacava nas provas de redação, e decide ler apenas gramáticas nos dois anos seguintes para se tornar escritor.
Foi aprovado em segundo lugar no exame de admissão do Ateneu Teixeira Mendes, em 1942, não chega a concluir o ano letivo nesse colégio. Ingressa na Escola Técnica de São Luís, em 1943. Apaixonado por uma vizinha, Terezinha, deixa mais uma vez os amigos para mergulhar na leitura e na produção de poemas.
Foi locutor da Rádio Timbira e colaborador do "Diário de São Luís", em 1948.
Seu primeiro livro, "Um pouco acima do chão", foi editado com recursos próprios e o apoio do Centro Cultural Gonçalves Dias, mas o autor o retirou de sua bibliografia.
Em 1950, após haver presenciado o assassinato de um operário pela polícia, durante um comício de Adhemar de Barros na Praça João Lisboa, em São Luís, nega-se a responsabilizar os “baderneiros” e “comunistas” pelo ocorrido, o que lhe valeu uma demissão.
Tirou primeiro lugar no concurso promovido pelo "Jornal de Letras" com o poema "O galo", cuja comissão julgadora era era formada por Manuel Bandeira, Odylo Costa Filho e Willy Lewin.
Em 1.951, como o próprio autor dizia, fugiu da quitanda, da família, da vida sufocante e pouca e muda-se para o Rio de Janeiro, onde se torna revisor das revistas “O Cruzeiro”, “Manchete” e do “Diário Carioca”. Seus textos refletiam a preocupação com as injustiças sociais.
Em 1954, casa-se com a atriz Thereza Aragão, com quem teve três filhos: Paulo, Luciana e Marcos. Lança "A luta corporal", que causou desentendimentos com os tipógrafos em função do projeto gráfico apresentado.
Em nomeado diretor da Fundação Cultural de Brasília em 1.961, cargo que ocupa por alguns meses. Neste período revê seu estilo e abandona os movimentos de vanguarda.
Trabalhou 30 anos na filial carioca do jornal "O Estado de São Paulo", ao mesmo tempo em que ingressa no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC), onde foi eleito presidente.
No dia do golpe militar, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro. Ao lado de Oduvaldo Viana Filho, e funda o "Grupo Opinião", que conquista os prêmios Molière e Saci. Ciente dos riscos que corria, mudou-se para Moscou, quando colaborava com “O Pasquim”, sob o pseudônimo de Frederico Marques.
Em 1.975, Vinícius de Moraes organiza no Rio de Janeiro, sessões fechadas de leitura de seus poemas.
Ferreira Gullar traduziu suas obras para o alemão, inglês e espanhol. Em 1985, ganha o prêmio Molière pela sua tradução de "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand. Foi a primeira vez que o prêmio foi atribuído à categoria “Tradutor”.
Gullar foi preso no dia seguinte de seu desembarque no Brasil, quando recebeu ameaças até para os membros de sua família. É libertado 72 horas depois, devido a movimentação de amigos seus junto às autoridades do regime militar.
Aos poucos, vai retomando suas atividades de crítico, poeta e jornalista, lançando livros no Brasil e Venezuela, e uma peça teatral. Por indicação do amigo Dias Gomes, começa a escrever para o Grupo de Dramaturgia da Rede Globo, onde colabora nas minisséries Araponga e as Noivas de Copacabana.
Em 2002, é indicado ao Prêmio Nobel de Literatura por nove professores titulares de universidades de Brasil, Portugal e Estados Unidos.
BIBLIOGRAFIA
Um pouco acima do chão, 1949.
A luta corporal, 1954.
Poemas, 1958.
Teoria do não-objeto, 1959.
João Boa-Morte, cabra marcado para morrer (cordel), 1962.
Quem matou Aparecida? (cordel), 1962.
Cultura posta em questão, 1965.
A luta corporal e novos poemas, 1966.
História de um valente, (cordel, na clandestinidade, como João Salgueiro), 1966
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, (Em parceria com Oduvaldo Viana Filho), 1966
A saída? Onde fica a saída?, com Antônio Carlos Fontoura e Armando Costa, 1967
Por você por mim, 1968
Dr. Getúlio, sua vida e sua glória, (Em parceria com Dias Gomes), 1968
Vanguarda e subdesenvolvimento, 1969
Ubu rei, Alfred Jarry (Tradução para o Teatro), 1972
Dentro da noite veloz, 1975
Poema sujo, 1976
Antologia poética, 1977
Augusto do Anjos ou Vida e morte nordestina, 1977
Tentativa de compreensão: arte concreta, arte neoconcreta - Uma contribuição brasileira, 1977
La lucha corporal y otros incendios (Tradu~]ao para o espanhol de A luta corporal e outros incêncidos, Caracas, 1977)
Uma luz no chão, 1978
Um rubi no umbigo, 1979 (Peça Teatral)
Dona Felinta Cardoso, a rainha do agreste, 1979
Episódios da série "Aplauso", Rede Globo, 1979
Hombre comun y otros poemas (Tradução para o espanhol de Homem comum e outros poemas), Buenos Aires, 1979
Antologia poética de Ferreira Gullar (música de Egberto Gismonti), 1979 (Disco)
Episódios do seriado "Carga Pesada", Rede Globo, 1980:
Toda poesia, 1980
Na vertigem do dia, 1980
Ferreira Gullar - seleção de Beth Brait, 1981
Episódios do seriado "Obrigado doutor", Rede Globo, 1981:
Poesía (Antologia poética), Cuenca, 1982
Os melhores poemas de Ferreira Gullar - seleção de Alfredo Bosi, 1983
Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta, 1985
Cyrano de Bergerac, Edmond Rostand (Tradução para o Teatro), 1985
Schmutziges Gedicht (Tradução para o alemão de Poema sujo), Frankfurt, 1985
rime na flora ou Ordem e progresso, 1986
Faule Bananen und andere Gedichte (Tradução para o alemão de Bananas podres e outros poemas, Frankfurt), 1986
Barulhos, 1987
Poemas, Lima, 1987
Poemas escolhidos, 1989
A estranha vida banal, 1989 (Crônicas)
Indagações de hoje, 1989
Lés pays des éléphants, Louis-Charles Sirjacq (Tradução para o Teatro), 1.989
Araponga, com Dias Gomes e Lauro César Muniz, 1990
O formigueiro, 1991
Der grüne Glanz der Tage (Tradução para o alemão de O verde clarão dos dias), Munique, 1991
Dirty Poem (Tradução de Poema sujo para o inglês), Nova York, 1991
As noivas de Copacabana, com Dias Gomes e Marcílio Moraes, 1992
Argumentação contra a morte da arte, 1993
Gamação, 1996
Nise da Silveira: uma psiquiatra rebelde, 1996
Cidades inventadas, 1997
Fábulas, La Fontaine, 1997 (Tradução de obras infanto-juvenis)
Rabo de foguete - Os anos de exílio, 1998
"O Grupo Frente e a reação neoconcreta", 1998
En el vértigo del dia (Na vertigem do dia), México, 1998
Poema sucio (Poema sujo), Madri, 1998
Muitas vozes, 1999
As mil e uma noites, 2000 (Tradução para o Teatro)
Um gato chamado Gatinho, 2000 (Tradução de obras infanto-juvenis)
O menino e o arco-íris, 2001
O rei que mora no mar, 2001 (Tradução de obras infanto-juvenis)
Cultura posta em questão/Vanguarda e subdesenvolvimento, 2002
Rembrandt, 2002
Don Quixote de la Mancha, Cervantes, 2002 (Tradução para o Teatro)
Relâmpagos, 2003
“(...) toda sociedade é, por definição, conservadora, uma vez que, sem princípios e valores estabelecidos, seria impossível o convívio social. Uma comunidade cujos princípios e normas mudassem a cada dia seria caótica e, por isso mesmo, inviável.”
Não-Coisa subverte a sintaxe implode a fala, ousa incutir na linguagem densidade de coisa
sem permitir, porém, que perca a transparência já que a coisa ë fechada à humana consciência.
O que o poeta faz mais do que mencioná-la é torná-la aparência pura — e iluminá-la.
Toda coisa tem peso: uma noite em seu centro. O poema é uma coisa que não tem nada dentro,
a não ser o ressoar de uma imprecisa voz que não quer se apagar — essa voz somos nós.
EXTRAVIO
Onde começo, onde acabo,
se o que está fora está dentro
como num círculo cuja
periferia é o centro?
Estou disperso nas coisas,
nas pessoas, nas gavetas:
de repente encontro ali
partes de mim: risos, vértebras.
Estou desfeito nas nuvens:
vejo do alto a cidade
e em cada esquina um menino,
que sou eu mesmo, a chamar-me.
Extraviei-me no tempo.
Onde estarão meus pedaços?
Muito se foi com os amigos
que já não ouvem nem falam.
Estou disperso nos vivos,
em seu corpo, em cada olfato,
onde durmo feito aroma
ou voz que também não fala.
Ah, ser somente o presente:
esta manhã, esta sala.
nós, latino-americanos
Somos todos irmãos
mas não porque tenhamos
a mesma mãe e o mesmo pai:
temos é o mesmo parceiro
que nos trai.
Somos todos irmãos
não porque dividamos
o mesmo teto e a mesma mesa:
divisamos a mesma espada
sobre nossa cabeça.
Somos todos irmãos
não porque tenhamos
o mesmo berço, o mesmo sobrenome:
temos um mesmo trajeto
de sanha e fome.
Somos todos irmãos
não porque seja o mesmo sangue
que no corpo levamos:
o que é o mesmo é o modo
como o derramamos.
uma voz
Sua voz quando ela canta
me lembra um pássaro mas
não um pássaro cantando:
lembra um pássaro voando
Por Você Por Mim
“A noite, a noite, que se passa? diz
que se passa, esta serpente vasta em convulsão, esta
pantera lilás, de carne
lilás, a noite, esta usina
no ventre da floresta, no vale,
sob os lençóis de lama e acetileno, a aurora,
o relógio da aurora, batendo, batendo,
quebrado entre cabelos, entre músculos mortos, na podridão
“Ninguém aguenta uma pessoa delirante dentro de casa” http://cinenegocioseimoveis.blogspot.com.br/2012/04/psiquiatriapsicologiamedicina-ninguem.html Abraço a Todos Osvaldo Aires
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4 comentários
adorei ler Ferreira Gular nesta pag
parabens pelo seu empenho em nos trazer grandes poetas Daufen
abraços
Espetacular! Só me resta aplaudir sua iniciativa e sensibilidade e reverenciar Ferreira Gullar.
Sempre bom viajar/aprender com grandes mestres. Bela matéria. Grato por partilhar.
Abraços
“Ninguém aguenta uma pessoa delirante dentro de casa”
http://cinenegocioseimoveis.blogspot.com.br/2012/04/psiquiatriapsicologiamedicina-ninguem.html
Abraço a Todos
Osvaldo Aires
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