FRANZ KAFKA EM 28 FRAGMENTOS
– Tudo o que não é literatura me aborrece.
– Queremos livros que nos afetem como um desastre. Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós.
– A literatura é sempre uma expedição à verdade.
– Somente deveríamos ler os livros que nos picam e nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo?
– Meu medo é a minha substância – e, provavelmente, o melhor de mim mesmo.
– Os homens tornam-se maus e culpados porque falam e agem sem antever os resultados de suas palavras e atos.
– As sereias (...) possuem uma arma mais terrível que o canto: o silêncio.
– Você não conhece a energia que reside no silêncio.
– Os acidentes existem somente para nossas mentes, percepções e saber limitados.
– Existem dois principais pecados humanos a partir dos quais derivam todos os outros: impaciência e indiferença. Por causa da impaciência fomos expulsos do Paraíso; por causa da indiferença não podemos voltar.
– Há esperança – só que não para nós.
– O que é a riqueza? Para alguns, uma velha camisa já é riqueza. Para outros, é pobre quem tem dez milhões. A riqueza é algo completamente relativo e insatisfatório. No fundo, não passa de uma situação peculiar.
–Quem possui a faculdade de ver a beleza não envelhece.
–Se estou condenado, não estou somente condenado à morte, mas também a defender-me até a morte.
– De um certo ponto em diante não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser alcançado.
– Existe uma meta, mas não há caminho; o que chamamos caminho não passa de hesitação.
– O possuir não existe, existe somente o ser: esse ser que aspira até o último alento, até a asfixia.
– O cotidiano em si mesmo é maravilhoso. Eu não faço mais do que expô-lo.
– Crer no progresso não significa que já tenha acontecido qualquer progresso.
– Todas as revoluções se evaporam e deixam para trás apenas o limo de uma nova burocracia.
–O caminho verdadeiro passa por uma corda que não está estendida no alto, mas sim sobre o chão. Mais parece disposta para fazer tropeçar do que para permitir que cada um siga o seu rumo.
– Desde que albergamos uma única vez o mal, este não volta a dar-se ao trabalho de pedir que lhe concedamos a nossa confiança.
– Os bons dão o passo certo; os outros, ignorando-os inteiramente, dançam à volta deles a coreografia da hora que passa.
– Em nossa luta contra o resto do mundo, aconselho que você se coloque ao lado do resto do mundo.
– Muitas vezes é mais seguro estar encarcerado do que livre.
– Reflexões calmas, inclusive as mais calmas, ainda são melhores do que as decisões desesperadas.
– A verdade é indivisível. Ou seja, não pode reconhecer a si própria – quem tem o poder de reconhecê-la é a mentira.
– Entre muitas outras coisas, você era para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer (Carta a Pollak)
Raul J.M. Arruda Filho, Doutor em Teoria da Literatura (UFSC, 2008), publicou três livros de poesia (“Um Abraço pra quem Fica”, “Cigarro Apagado no Fundo da Taça” e “Referências”). Leitor de tempo integral, escritor ocasional, segue a proposta por um dos personagens do John Steinbeck: “Devoro histórias como se fossem uvas”.
Todos os direitos autorais reservados ao autor.
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