Esfinge ou Poeta? [Dy Eiterer]
Quem é essa que lança olhares de bem-querer
Escondidos entre sorrisos de amanhecer?
A quem pertencem as mãos pequenas
Que transformam, acariciam, guiam e acenam?
São as mesmas mãos que me escrevem?
São as mesmas mãos que me tateiam e descrevem?
Sabem essas mãos a ardência de se acender fogueiras
Ou só são acostumadas a clorem flores temporãs?
De quem são os olhos ao mesmo tempo rasos e profundos?
Sabem eles que são o meu mar noturno?
Sabem, esses olhos, que me afogam e salvam
Em suas linhas d’água marcadas de Oriente?
Quem é essa que se abre veladamente,
Que se mostra sob véus,
Que se descreve entre reticências,
Pula travessões, balança-se nas vírgulas,
Divertindo-se entre páginas escritas
E se pintando nas páginas em branco?
De quem é essa boca que, sorrindo, mastiga os sentidos,
Que grita silêncios escandalosos,
Que lança enigmas e me devora?
É uma esfinge ou uma poeta?
É uma mulher...
E isso basta.
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