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Joel Robison - fotógrafo canadense |
Máxima Vida Mínima (Minicontos) - Volume I
“Beatniks, malditos e marginais em Cuiabá” apresenta
a antologia de micro contos “Máxima Vida Mínima”, dividida em dois volumes, com
25 autores em cada uma delas. Organizada por Wuldson Marcelo (autor do livro de
contos “Subterfúgios Urbanos” e um dos organizadores da coletânea “Beatniks,
malditos e marginais em Cuiabá: literatura na Cidade Verde”) e Wender M. L.
Souza (poeta e revisor), a antologia pretende divulgar a capacidade de precisão,
o esmero visual e a concisão necessária para contar/narrar uma estória com “menos”
tornando-a “mais” de jovens e conhecidos autores. Com o micro conto ganhando
cada vez mais espaço, mas sendo um substrato do conto já há muito tempo (eis
Hemingway para nos provar isso com seu genial “Vende-se: sapatos de bebê, nunca
usados”), propomos aos escritores convidados o desafio de exercer a “prosa
curta” em, no máximo, três linhas.
Abaixo o resultado!
Embriaguez literária, sempre! De
preferência com muita cerveja ou com um excelente vinho.
Máxima
Vida Mínima – Volume I
Ópera
Fim. Transaram no cinema, com a flauta
mágica... ui! História contada de trás pra frente.
Lorenzo Falcão
Sulfite
Nosso amor foi como uma folha sulfite recém
impressa que saiu quentinha e de repente esfriou. Aí eu escrevi o número do seu
melhor amigo nela e dei pra ele.
Rafaella Elika Borges
Conta
de fada
"- era uma vez, mas também foi duas e
três... de tanta rotina o conto de fadas virou conto de enfado".
Renan Rosenstock
***
Tremeu algumas vezes ao olhar pra baixo. A
pequena estatura e as pernas finas lhe dariam sustentação suficiente? E se as
quebrasse? Doeria? Pulou do último galho como se nada importasse, caindo como
uma fruta verde, antes do tempo.
Cris Guse
Lado
O meu lado mais bonito eu guardei pra você.
E você, distraído, olhou pro outro lado.
Danieli Buzzacaro
***
Num bailado triste, Clara vai cantando a
sua dor. A dor da saudade.
Ivana Schäfer
***
Quando nós dois éramos o mundo inteiro, nosso
amor não tinha um pingo de receio de se perder.
Augusto K.
***
Então, Helena se levanta. Conclui que o
assustador é essa aparência de tranquilidade que esconde escombros de tragédias
passadas e ameaças que estão por vir.
Gina Trigueiro
Uma
pequena observação
Era dia, nublado, esperava-se o que vinha
por vir, a chuva. Tensa e densa. E num estrondo... pensou, vou morrer... um
dia!
Wender M.L. Souza
Morta
Eu a olho em minha frente, ao tempo em que
tenho certeza de que vai pra longe. Nunca mais a verei! Seu espírito vai pro céu,
ao mesmo instante em que o meu vai pro inferno.
Afobório
[...]
Levantou-se de súbito segurando o vômito na
boca. Entre os dentes.
Thiago Costa
***
As paredes da minha casa são tristes e não
há folhas que as façam sorrir.
Tamires Siqueira de Oliveira
Amor
punk II
- Olha só como são as coisas, pra casar com
a garota, ele não vacilou e deu todos os seus cd's punks pra ela.
- Que nada, ele deu todos os cd's punks pra
ela e aí pensou: agora só me resta casar com ela.
Ana Paula Sant’Ana
***
Na madrugada, eu, insone, tudo apagado
menos o teu nome.
Daufen Bach
***
À beira do rio pesca –
sentado no barranco pensa; pensa, pensa...
E eis que a ideia salta.
Eliete Borges Lopes
***
Havia um homem, com suicídio em seus olhos,
na Avenida da FEB.
- Ao vento, um abraço!
Meu ônibus atrasou.
Myla Cortéz
Feito
de borracha
O pneu rodou pelo asfalto. O pneu acabou
furado, o pneu jogou-se no mato. O pneu morreu de cansaço e descalço.
Vinícius H. Masutti
Moto,
330 km/h
O zumbido no ouvido, o vento no rosto e na
roupa. Os eucaliptos dançando nas margens. Do alto das encostas pode-se ver:
tudo é tão minúsculo, tão insignificante, passageiro. Continuo partindo.
Juliana Curvo
***
Ele estendeu a mão, baixou as cartas,
"Ganhei!", "Mas o quê?", disse o outro, "Um afeto a
mais, uma dor penetrante". Como são sutis as livrescas delicadezas de um
conquistador.
Luiz Otávio Kunty
***
7 filhotes de gatos recém-nascidos
devorados em plena tarde de inverno.
Suspirando, explica a mãe-felina, lambendo
os dentes à luz do inferno:
- Cada mordida foi instinto materno.
Luana Costa
***
- A vida às vezes é tão ridícula...
- Sim, especialmente quando você está uma
casa à esquerda da vírgula.
Juliane Luiza Queiroz de Carvalho
***
João pirou! E agora está ridiculamente a
por estrelas aos dias, pingos no 'és' e assentos pontiagudos para as visitas.
Cleber Selva Rodrigues
Abandono
Aos 12 fez-se homem, após matar a paulada o
algoz de seu sexo, seu pai-avô. Com 12 pauladas e a ferocidade de seu corpo
abusado. 12 para cada ano de tortura, 12 por transformar sua mãe em puta, 12
até pintar a parede de vermelho e por fim uma massa amarela.
Ariadne Marinho Machado
Liberdade
Vadia! – ele gritou. Maldito! – revidou. Ela sacou a
arma e deu-lhe um tiro no meio da testa. A morte enfim os separou. E a
libertou.
Jana Lauxen
Ménage
à Trois
Um homem e duas garotas
estão nus na sala de um apartamento. Eles se observam. As meninas riem
divertidas do tamanhinho do membro ereto do rapaz. Ele, o de pau pequeno, sem
nenhum pejo, exclama: Ah, fodam-se! E elas fodem.
Jowilton Amaral da Costa
Lorenzo
Falcão é jornalista, poeta e contista; natural de Niterói
(RJ), mas está radicado em Cuiabá há mais de 40 anos. Atua há quase 30 anos no
jornalismo cultural e, desde 2010, vem editando com Fátima Sonoda, o cyber
espaço tyrannusmelancholicus.com.br, no qual faz abordagens culturais em torno
de acontecimentos em Cuiabá, no Brasil e no mundo (lorenzofalcaomt@gmail.com).
Rafaella
Elika Borges, nasceu
em 13 de junho de 1995. Seu interesse por literatura começou na infância,
através de sua mãe, formada em Letras - Espanhol na UFMT. Seu contato com
literatura era intenso, então, começou com nove anos. A sua inspiração vem da
irreverência do rapper Eminem, do pensamento forte do falecido rapper Tupac e
da liberdade e libertinagem que o Rock and roll tem.
(rafaellika.blogspot.com.br)
Renan
Rosentock é poeta por necessidade e gente por acaso.
Cris
Guse,
20 e tantos anos. Jornalista por formação. Pensadora (in)cansável por
impossibilidade de desligar os neurônios. Otimista de nascença que aprendeu com
a vida a ser realista. Alguns dizem que é pessimista, mas ela tem certeza de
que seus sonhos a impedem de desmoronar.
Danieli
Buzzacaro. Nutricionista de profissão. Poetisa, cronista e
contista por amor. Chefe de cozinha por brincadeira. Crítica de cinema,
literatura e música por falta de vergonha na cara. Não admite que autoajuda
seja classificada como literatura.
Ivana
Schäfer é pedagoga com Habilitação em Orientação Educacional,
Especialização em Psicopedagogia e Cerimonialista. É cuiabana de "tchapa e
cruz", ama a sua terra, seu povo e cultura. É de Mato… de Mato Grosso.
Augusto
K.
tenta ganhar dinheiro por aí e no meio tempo tenta escrever música e poesia.
Gina
Trigueiro é graduanda em Filosofia pela Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT).
Wender
M. L. Souza, poeta de horas esporádicas, escrevendo
sua primeira prosa fictícia.
Afobório é
o pseudônimo do gaúcho Alexandre Durigon, editor e revisor de texto, tem
participação em várias antologias, um romance e apresenta como seu mais novo
trabalho o livro, Contos de Amor e Crime
— Um Romance Violento. Demais escritos em (www.medoemorte.blogspot.com.br)
e pela internet afora. E-mail para contato (afoborio@gmail.com).
Thiago
Costa é mestre em história pela Universidade Federal de Mato
Grosso. Tem contos em antologias publicadas pelo país e é coautor do
curta-metragem de ficção "Boneca de Neuza", exibido em festivais de
cinema na Itália, Portugal e Brasil. Atualmente está desempregado. E-mail para
contato: thiagocosta248@yahoo.com.br
Tamires
Siqueira de Oliveira, estudante de Filosofia na UFMT,
escorpiana, gosta do Augusto dos Anjos, de vagar pela noite e de embriagar-se.
Escreve por obrigação e ama gatos.
Ana
Paula Sant’Ana. Um desejo de revolução, micro ou global.
Pesquisa levantes, ativismos e paixões.
Daufen
Bach.
Quando descobriu que o mundo era pequeno, quis ser poeta e construiu seu
próprio universo, encobriu as cicatrizes na pele e ganhou lanhos na alma.
Fumante, passional, amante das artes, das madrugadas e das artimanhas de Baco,
sobrevive! Idealizou a Revista Biografia.
Eliete
Borges Lopes nasceu no ano de 1981. Alfabetizadora,
professora de criança. É mãe de gêmeas, que são sua obra-prima poética, e vê a
literatura como vida, expressão de angústia e força, conflito mesmo. É autora
do livro de poesias Scarlet e o Branco
(Ed. Multifoco-RJ, 2012), e tem algumas poesias esparsas publicadas em jornais
locais, leituras e eventos onde lê Emily Dickinson, Drummond...
Myla
Cortéz, 20 anos, e nada no bolso. Seus cadernos e alma são
manchados de vinho, e seu coração nasceu pra cantar sua dor. Enquanto puder irá
escrever. Enquanto puder irá transpor poeticamente tudo que guarda no peito. Ou
então, diz que só beberá e falará mais merdas desse tipo pra vocês.
Vinícius
H. Masutti é poeta porque pratica poesia. Paranaense, mora na
capital mato-grossense há quatro anos. Nela faz um trabalho de resgate dos
poetas do estado. Por conta de artigos publicados no jornal Diário de Cuiabá,
realizou oficinas de poesia no Pavilhão das Artes/Palácio da Instrução em
Cuiabá e no SESC Pantanal, em Poconé, entre fevereiro e março de 2012.
Juliana
Curvo. Mulher, mãe, professora. Conserta bicicletas e corta
seu próprio cabelo.
Luiz
Otávio Kunty. Alagoano afeiçoado pela literatura.
Estudante e sonhador.
Luana
Costa. Poetisa, atriz do caos, antropófaga e
terceiro-mundista.
Juliane
Luiza Queiroz de Carvalho, estudante do 6º semestre do curso de
Redes de Computadores, vocalista na banda Esmalthes há três anos, atriz há
cinco meses e desenhista/pintora nas horas vagas.
Cleber
Selva Rodrigues: amigo do editor, filósofo sem carteirinha
de ordem alguma. Mato-grossense desnaturado e sem lar.
Ariadne
Marinho Machado é mestre em História pela UFMT. Graduada
em História (UFMT), aprecia artes plásticas e poesia, em especial, Vincent Van
Gogh e Pablo Neruda.
Jana
Lauxen é editora, produtora cultural e escritora, autora dos
livros Uma Carta por Benjamin (Ed.
Multifoco, 2009) e O Túmulo do Ladrão
(Ed. Multifoco, 2013). Colunista da revista Café
Espacial, do portal Homo Literatus
e do jornal O Informativo Regional,
atualmente trabalha na Editora Os Dez Melhores e é redatora na agência Teia de
Marketing Literário Virtual.
Jowilton
Amaral da Costa é cirurgião-dentista formado pela
Universidade Federal de Sergipe, e se dedica a escrita desde o fim de 2010. Tem
contos publicados pela editora Multifoco e APED e na revista literária AS Flores do Mal. Nasceu em Fortaleza-CE
em quinze de julho de mil novecentos e setenta e três, é casado, pai de duas
meninas e hoje mora em Nossa Senhora de Lourdes-SE, uma pequena e pacata cidade
fincada no sertão sergipano.
Fonte:
Blog: Beatniks, Malditos e Marginais em Cuiabá: Literatura na ‘Cidade Verde’
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