|
(Fotos: Marcelo Calazans) |
Do caderno para as
garrafas, ela passou a fazer poesia para embriagar
Aos 23 anos, Thaynara
resolveu unir as palavras ao vidro das garrafas para vender a ideia de
"Beba poesia, fique poetizado".
Aos 13 anos Thaynara Rocha
Lima despontou para a poesia. Aos 23, resolveu unir as palavras ao vidro das
garrafas para vender a ideia de "Beba poesia, fique poetizado" como
forma de divulgar a arte que criou a partir das frases.
A ideia é recente e veio
para eternizar e multiplicar os versos. Quando voltava de um churrasco de
família, em maio, ouviu da avó que o montante de vidro ia para o lixo.
"Não, não, eu disse. Na hora eu nem tinha ideia do que fazer, mas tinha
que reciclar ela", explica. Em casa, a inspiração chegou no dia seguinte,
logo começaram as colagens.
"Pego a garrafa, lavo
e às vezes colo poesia inteira, com papel mesmo. Outras vezes colo pedaços de
revista, de jornal, uso barbante, também tecido, lantejoulas..." Assim
como nas frases, a criatividade também influencia nos materiais.
As garrafas, de long neck
e 600 ml são vendidas por R$ 10 e R$ 20 respectivamente e vem acompanhadas de
uma rosa. Trabalho de artesanato no vidro e nas palavras. "Muitas pessoas
que converso falam que sentem vergonha de mostrar o que escrevem. Eu nunca
tive, como vou ter vergonha de mostrar esta forma de expressão tão íntima, mas
tão linda porque possui um pouco do que cada pessoa deixou quando passou por
mim", descreve Thaynara.
As garrafas ganham
customização de jornal, revista, lantejoulas. As garrafas ganham customização
de jornal, revista, lantejoulas.
Sem nada dentro, mas com
poesias ao redor, ela usa o sentido figurativo para embriagar os leitores.
"Tanta gente bebe e fica embriagada, como pego as garrafas vazias, encho
de poesia. Esse é o lema da produção", justifica.
Paralela à venda das
poesias engarrafadas, ela passou parte dos versos do caderninho verde, que
guarda há uma década, para a página Toda Poesia, no Facebook.
Hoje acadêmica de Direito,
desde criança Thaynara se define como muito pensativa. O que os olhos viam, o
coração gravava e a mente transformava em letras. "O que mais me inspirava
era a natureza, ia praticamente todo o final de semana para a chácara do meu
pai. Depois de um tempo, amadureci mais um pouco, pensei mais. Aquilo era
inspiração e eu não passava para o papel", recorda. O "estopim",
como ela mesmo coloca, foi aos 13 anos, depois da leitura do "Romanceiro
da Inconfidência" de Cecília Meireles.
Sem nada dentro, mas com
poesias ao redor, ela usa o sentido figurativo para embriagar os leitores.Sem
nada dentro, mas com poesias ao redor, ela usa o sentido figurativo para
embriagar os leitores.
O ritmo de produção agora
precisa atender as demandas dos amigos e de quem vê a arte pelas redes sociais,
mas não obedece a uma frequência certa. Quem mexe e vive das palavras não
cumpre expediente. Escreve quando a inspiração surge. "É incerto. Hoje eu
posso me inspirar numa história, pessoa, olhar e escrever", tenta explicar
a jovem.
Thaynara já passou pelo
curso de Letras, mas achou massante. Preferiu ficar no Direito por acreditar
vivenciar uma adrenalina nos estudos.
As encomendas geralmente
são pela garrafa, não por uma poesia específica. Cada produção tem um processo
de ideias. "Nessa garrafa tem olhares, pessoas, isso também me
inspira". Para quem quiser se embebedar, o contato da Thaynara é pelo
Facebook, na Fan Page "Toda Poesia" e pelo perfil pessoal mesmo,
Thaynara Rocha Lima. E a jovem está aberta também a quem quiser ajudá-la na
doação de garrafas de vidro, principalmente de 600ml, da marca Heineken.
Nenhum comentário
Postar um comentário