Mil e uma histórias
Quando a noite caia e a
bela morena adentrava no quarto do sultão, não eram as suas madeixas os fios
que mais prendiam o homem.
Eram as teias de suas palavras que o envolviam o
deixavam imóvel.
Ela, aranha,
cuidadosamente o deixava emaranhado em tantas histórias quanto podia. Histórias
fantásticas, mas também outras tantas comuns, que se entrelaçavam.
Sherazade ganhava a cada
noite mais um dia, a cada respiração um novo suspiro porque apresentava ao seu
sultão fios que não se desprendiam. Ao contrário se ligavam e religavam e
dificilmente se sabia onde teriam começado.
Somos todos Sherazades.
Somos todos um composto de
mil histórias sem fim entrelaçadas, pulsando em nós, latejando em nossas veias.
Sinto cada parágrafo do
livro da vida, cada capítulo se abrindo, trazendo novos e interessantes
personagens, em paisagens já vistas ou nunca imaginadas.
A cada novo dia, novas
histórias se cruzam, novos olhares são construídos e torno-me mais e mais não
só a contadora de histórias que queria ser na infância, a princesa dos castelos
cercado por jardins e desertos, mas na personagem de histórias reais,
cuidadosamente vividas e apreendidas.
Para todo bom capítulo, um
ou outro parágrafo mal escrito, mal interpretado, mas compreendido, tempestades
de areia passageiras que fortalecem.
Os capítulos ruins não são
os últimos.
As histórias nunca se
acabam.
Como a moça das histórias,
fico presa às teias de Clio, aos fios das Moiras e ao caminho que traço e
refaço.
Como nos contos das mil e
uma noites, protagonizamos muito mais de mil histórias sem fim em nossas vidas.
Somos muitas histórias dentro de uma só. E não me cai bem encerrar-me em uma
única capa. Sou histórias que escritas em folhas livres voam com o vento,
ávidas por serem acolhidas e lidas.
Dy Eiterer -
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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