A literatura engajada de
Lygia Fagundes Telles
A escritora paulistana chega
aos 88 anos, reconhecida pela força de suas personagens femininas e pelas
histórias curtas e intensas, que mudaram para sempre a literatura brasileira
As primeiras histórias da
escritora Lygia Fagundes Telles foram escritas antes de ela completar 10 anos
de idade, nas páginas finais de seus cadernos escolares. Nascida em São Paulo,
em 19 de abril de 1923, Lygia era filha de uma Maria do Rosário de Moura,
pianista, e de Durval de Azevedo Fagundes, advogado e promotor público. E foi
por conta da profissão do pai, que ela cresceu em diferentes cidades do
interior de São Paulo.
Seu primeiro livro de
contos, Porão e sobrado, foi publicado em 1938, mas foi somente com a
publicação do romance Ciranda de Pedra, em 1954, que a paulistana ganhou
notoriedade como escritora. Para o crítico literário Antonio Cândido, o romance
marca o amadurecimento intelectual de Lygia. Suas ficções de poucas e intensas
páginas inovaram o fazer literário da época e conquistaram definitivamente o
público.
Com cerca de 20 livros
publicados e traduzidos para vários idiomas (incluindo alemão, francês, tcheco,
italiano e sueco), participação em inúmeras antologias e a assinatura em um roteiro
de cinema, a escritora chega aos 88 anos como uma das escritoras mais engajadas
da literatura brasileira. Se na década de 1920, sua fazenda era frequentada
pelos modernistas, como Mário e Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e pelo
compositor Heitor Villa-Lobos, nos tempos de ditadura militar Lygia foi
responsável por denunciar, em seus livros, inúmeras situações de desigualdades
sociais e opor-se claramente ao regime. Um dos romances mais emblemáticos desse
período é As meninas, de 1973.
Lygia Fagundes Telles
formou-se em Direito na Faculdade do Largo São Francisco e curso a Escola
Superior de Educação Física na Universidade de São Paulo. É integrante da
Academia Brasileira de Letras desde 1985. Recebeu três Prêmios Jabuti, um dos
mais importantes da literatura brasileira, várias honrarias internacionais e
foi agraciada com o Prêmio Camões, em 2005.
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