Por trás das palavras
por Cláudia de Villar
Quanto do nosso EU colocamos
no papel? O que revelamos de nós mesmos quando decidimos escrever? Ou um
bilhete, um conto, um poema ouuma narrativa. Muitas vezes, somente o poema é
visto como um desabafo do autor, uma “dor de cotovelo” mal resolvida, um amor
não correspondido e por aí vai. E os leitores pensam... O que o amor não faz.
Entretanto, nem só a poesia se torna reveladora, uma narrativa longa sempre tem
uma marca pessoal do autor. Qual é a sua marca? O que queremos dizer nas
entrelinhas?Quando o autor pega um papel
ou se senta em frente a uma tela ele deixa ali as suas marcas pessoais. Ou na
forma de dizer algo, por entre os diálogos, nos extensos parágrafos, numa
opinião não muito revelada e é aí que se dá o link com o leitor, objeto final
da escrita de todo escritor.
O que acontece entre o que o
autor escreve e o que o leitor lê é que se constrói um leitor ”fiel” ou um
leitor eventual. Dor, saudade, rancor, ódio ou até lição de moral, todas essas
manifestações são “culpadas” por dar a liga entre o leitor e o escritor.
Por isso que uma obra agrada
um e desagrada outro. Depende do estado de espírito do leitor ao ler um
determinado livro. Mas enquanto falamos apenas da conquista do leitor, tudo OK,
mas quando um júri entra em ação? O que faz uma obra ser lida, avaliada e
escolhida para ser premiada? E se a criatura fala de uma paixão mal resolvida e
os jurados não gostam de paixões mal resolvidas? Como deixar de lado o gosto
pessoal e avaliar um texto?
A partir daí é que muitos
escritores se perdem. Ao desejar um prêmio ou serem lidos por muitas pessoas,
há escritores que vão escrevendo na tentativa de adivinhar o que agrada o
leitor ou o jurado e termina por não agradar ninguém. Nem a si próprio. Pois
não há nada tão frustrante do que olhar a própria obras e chegar à conclusão
que aquele livro não te representa.
Portanto, melhor optar por
escrevera verdade que existe dentro de nós e “rezar” para que existam muitos
leitores à procura dessa mesma verdade registrada em papel.
Cláudia de Villar é
professora, escritora e colunista. Formada em Letras pela FAPA/RS,
especialista em Pedagogia Gestora e em Supervisão Escolar pelo IERGS/RS,
também atua como colunista de site literário Homo Literatus e Jornal de
Viamão do RS, além de ser pós-graduanda em Docência do Ensino Superior
(IERGS/RS). Escreve para diversos públicos. Desde infantil até o público
adulto. Passeia pela poesia e narrativas. Afinal, escrever faz parte de
seu DNA.
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