'LANCHA CECÍLIA', UM POEMA DE LASANA LUKATA
Lasana Lutaka* |
Ponta d’Areia,sonora sereiaseduzia marujos,ao nascer do dia,para empreendera pequena travessiaà Ilha de Mocanguê.embarcar para quêse não entendia a ortografiado que a água dizia?a carregar passageiro,seu nome marinheiroera lancha “Cecília”.esse mínimo nome,esse nome latino,quem sabe mãe,mulher, uma filhaou mesmo a “estranha”que seguia a matilha?não somos lobos do mar?agregada à flotilha,quem pintou na madeiraesse nome suave,esse nome sem pedra,que o mar esmerilha?!esse nome em sussurro,dela nada se sabe,e do poeta marujo,esse ser auditivo,o ouvido palmilha?por estar junto ao “e”,por estar junto ao “i”,esse “c” soa “s”,não exige cedilha.a lancha era cinza,o cinza que brilhae a garça, baunilha;aproando essa lanchapassei de uma milha,indo e voltando,atracando na Ilhae já nada recordaque fui seu patrão.insubordinada,não achei sua data,batimento de quilha,secreta “Cecília”.se era cega não sei,rumo incerto não sei,mas que importa o passado,se foi naufragado,se, em ondas azuis,o presente fervilhaessas fúnebres rimas,lirofóbico olhar?hoje atrás da linha do horizontenavega “Cecília”.
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