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"NOITE ADENTRO"... A VASTEZA E O LABIRINTO DA POESIA QUE VEM DO MAR


Rua Visconde de Inhaúma - Rio de Janeiro


noite adentro

quando chego do mar,
vou por entre as árvores da Visconde de Inhaúma,
marujos pelos bares tomam uma
e a vida fluxível muito mais se desapruma;
muito brancas passam garças
e só uma se inclina para mim;
vem do abismo, oceânico lirismo,
para a margem do poema,
trazer peixes para alimentar os versos.
quando piso terra firme,
com as sílabas do mar,
vou com a verdadíssima verdade,
vou com a verdíssima idade,
vou com os 15 anos que me restam,
vou entre o desejo e o sofrimento,
a proa penetrando as ondas moças,
em espumas se esvaindo suas forças,
as palavras rechaçadas por chapiscos do seu muro.
quando chego do abismo me deparo com outro abismo,
grande é a ferida:
vou por entre as árvores da Visconde de Inhaúma,
rociadas de esperança,
que aguardam novas flores,
onde as aves fazem ninhos,
que escondem um pouco a rua,
que ocultam um pouco a lua
e os lazarones da estreita Teófilo Otoni,
vigiados por drones, limitados por cones,
ouvindo Benny Mardones, Into the Night,
e a guarda municipal, que no carnaval, orienta,
não assomem à Presidente Vargas,
ninguém deve saber que existem,
só no pleito eleitoral.





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LASANA LUKATA é poeta por usucapião, nascido, criado e sofrido em São João de Meriti, o Formigueiro das Américas, tendo publicado recentemente os livros: A Madrasta de Pedra e A garça finge sua brancura, editora Autografia. A garça é sua professora de esgrima e ele mesmo diz: meus olhos são dois cavalos rebeldes, que de repente disparam pra longe e regressam com as patas sujas de versos.


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