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Marilza Ribeiro [Pedagoga, Psicologa, Produtora Cultural, Escritora e Poeta Brasileira]

Marilza Ribeiro Cardoso nasceu em Cuiabá, em 27 de março de 1934, filha de descendentes de europeus não compreendia as injustiças sociais que estava acontecendo ao seu redor. Desde cedo dedicou-se à literatura, com a publicação de contos. Aos 17 anos já era locutora de rádio, em Cuiabá, aliás uma das primeiras da cidade, também foi produtora dos programas: “viajando pela Pan air”e “Caludoscópio feminino”, e na emissora de rádio “A voz do Oeste”, juntamente com o jornalista, José Rabello.

Nos anos de 1951 – 1953, ela participou de um grupo de escritores mato-grossenses, entre eles Silva Freire, que tinha o objetivo de divulgar a poesia, então esses escritores faziam apresentações em saraus, apresentações públicas, festas em escolas, tudo isso para realizar uma aproximação entre o público e a arte poética.

No início da década de 70 vai para São Paulo, onde obteve contato com escritores nacionais, os quais influenciaram de modo significativo em sua visão literária. 

A esse respeito declara Célia Maria Domingues da Rocha Reis:
Nesse período, em São Paulo, momento de efervescência cultural, dos grandes festivais, fase em que estava vigorando o teatro de protesto, as grandes criações da dramaticidade brasileira, que coabitaram com as perseguições políticas, fez boas amizades com artistas, freqüentou rodas culturais; nutriu-se das diversidades de pensamento. (REIS, 2006, p. 196)


Formou-se em psicologia na Faculdade de São Marcos e essa formação manifestou-se em seu modo de escrever, como diz Yasmin Jamil Nadaf,Conhecedora da alma humana -traço de sua vivência profissional e pessoal – a autora questiona em
sua obra a existência humana, e expressa a sua indignação com a atual condição do ser no mundo, cujas relações sociais se brutalizam em decorrência de um mercado dominado por uma visão mecanicista, calculista. A aparência suplanta a essência e o mercado que explora o ser pouco ou nada de bom tem-lhe oferecido em troca. (NADAF, 2004, p. 117). 

A escrita de Marilza Ribeiro teve a ruptura com a convenção literária, motivada pelo contato com escritores românticos, a partir daí, Marilza percebeu que podia colocar na poesia seus sentimentos, sem a preocupação com a forma, Nadaf (2004, p. 117) considera que, “Os versos de Marilza Ribeiro apresentam-se metricamente alternados, ora longos, ora enxutos, e ora ainda como poemas em prosa”. Diante disso, vamos encontrar uma escrita que utiliza o uso racional do espaço oferecido pela página, a disposição geométrica dos versos, sem deixar de lado a questão social. 

Até o momento ela publicou:

Meu grito (poemas para um tempo de angústia), 1973;

Corpo Desnudo, 1981;

Cantos da terra do sol, 1998;

A dança dos girassóis, 2004;
Palavras de mim, 2005.
Textura solar; 
Gosto de bocaiúva com picumã;
Cuiabá Dona Menina;
Signos de fogo;
Cuiabá por um fio. 

A escrita de Marilza Ribeiro surgiu na segunda metade do século XX. Um período em que a escrita feminina ganhava um espaço individualizado, em que a autora procura desenvolver seu próprio estilo de escrita e tema. Antes não era dessa forma, as escritoras reuniam-se em grupos, como, o Grêmio Literário Júlia Lopes, e publicavam seus trabalhos literários na revista A Violeta, todos os trabalhos literários das escritoras envolvidas eram de apenas uma temática, ou seja, era uma literatura homogênea. Mas, como dissemos na segunda metade do século XX, essa questão da homogeneidade, por exemplo, o amor, toma outros rumos, e a questão social ganha espaço.
Portanto, é em meio a essas questões social-político-econômicas mencionadas que vamos encontrar a escrita de Marilza Ribeiro, que foi militante nas décadas de 60, 70, 80, dos intensos movimentos reivindicatórios da participação feminina na política, na administração pública, em sua emancipação financeira. Marilza também preocupou-se com o capitalismo crescente, com a destruição da natureza, o sofrimento dos oprimidos, luta em favor da liberdade, enfim, uma voz em favor dos menos favorecidos. A respeito de seu modo de escrever, declara Hilda Magalhães: [...] sua escrita é o instrumento de denúncia do processo de dominação que reina nos latifúndios mato-grossenses e que é responsável por uma história de sangue e medo. Tomando essa realidade como tema, Marilza Ribeiro faz de sua literatura a voz dos que não têm vez ou voz [...]. (MAGALHÃES, 2001, p. 230).

Seu primeiro livro foi publicado em São Paulo, no ano 1973, Meu Grito – poemas para um tempo de Angústia, vê-se uma preocupação com o social, um compromisso com os menos favorecidos, ou seja, uma poesia comprometida com o aqui e o agora, a qual opta por personagens como, meninos de rua , mulher, trabalhadores braçais, garimpeiros, entre outros. Mas também encontramos traços existencialistas, que irá se acentuar em Corpo Desnudo.

Corpo Desnudo, foi publicado em 1981, nessa obra o encontro com o erótico e o social, acontece sem nenhum problema. É o diz Clóvis Moura,

Nesta poetisa harmonizam-se o sensual e o critíco-social sem nenhuma fratura  "[...] Disse que a poesia de Marilza Ribeiro era dionísica. Isto porém, não impede que, através dessa linguagem, abandone os grandes momentos de tensão social, as grandes angústias coletivas [...]”. (Corpo desnudo, 1981, p.11)

“Nesse espaço mudo
Onde as vozes

Tão mortas... tão caladas...
Jas um gemido que
Explode em chamas
Nesta hora aflita 
Meu Poema... Meu Grito...” 
(Corpo desnudo, 1981, p. 14)


 É uma história autobiográfica sobre a infância da autora. Nela, os amigos, as paisagens, os jardins, os quintais da cidade natal. As angústias ás qual só as crianças conseguem sobreviver. E as alegrias de ser crianças e poder fotografar tudo na memória do adulto.

Número de páginas: 59
Edição: 1(2009)
Formato: A5 148x210
Coloração: Preto e branco
Acabamento: Brochura c/ orelha
Tipo de papel: Offset 75g





O livro é fruto de pesquisa sobre os escritos da consagrada poetiza Marilza Ribeiro, cuja produção é contextualizada no panorama das letras mato-grossenses, e procura desvendar os elementos estruturantes da poética que determina as diferentes fases da gestação de seu canto, utilizando como instrumentos a estilística estrutural moderna e a semiótica literária. Marilza Ribeiro apresenta uma obra consistente, influenciada, a princípio, pelos movimentos literários de que participou na juventude, nos anos cinqüenta, em companhia de Silva Freire, Manoel de Barros e de outros poetas, mas que ao longo do tempo amadureceu e assumiu contornos próprios, ligados à sua própria vivência. Nas diferentes fases de sua produção, alternam-se temáticas diversas – o regional, o universal, a sensualidade e o existencialismo –, cujos vieses estilísticos a autora desvenda de forma sensível e ao mesmo tempo científica, levando-nos a apreender suas marcas. O mérito da pesquisa está em não analisar apenas os textos já editados da autora cuiabana, mas também os inéditos, propiciando ao leitor um quadro completo das principais facetas de sua produção.
Marilza já escreveu quatro livros de poesia, um de contos e uma peça de teatro. A última obra foi encenada no Teatro da Universidade Federal de Mato Grosso, em 1987.

Quem pôde apanhar
os pedaços 
do silêncio ai espalhados
pelo espaço
ou como retalhos de fogo 
que estalam
em cor e agonia?
Além das borboletas
descobri as palavras 
E os signos
tecidos de gestos e sons
mais as cores
e os panoramas
rugiam
Quem indaga?
Quem decifra?
Será que ainda teremos de beber
lentamente
o leite
SEM TÍTULO
Rio e terra / rio e serra
         Rio e barco na avenida dos desterrado
Homem e rio / sentindo o gosto da hora-fruta
         Do sonho e da luta
Rio que brota do peito do homem
         O rio e grito
A canoa que parte levando o sonho do homem
         O sonho e o grito
Mulher e filho na margem do rio
         A mulher e o grito
Força que embala o tempo e o rio
         O tempo e o ritmo
Pés descalços que dançam a batida do tabaque
         A dança da vida
A cantoria que evoca na noite a força do rio
         A dor e o grito
No gesto do homem e a correnteza do rio
         A mulher e o rio
Saia que roda na festa do santo
         A roda e o giro
Flor no cabelo e no rosto a risada

Ramo de goiabeira na água do rio
Sarã que recolhe a ramagem vadia
O grito do sol na risada do rio
A dança das folhas e as comadres de rio
A roupa lavada no colo do rio
O peixe apanhado pelo homem-menino
Canoeiro que traça o caminho do rio
Pescador que apanha o segredo do estio
O menino que sonha com jurema do rio
A mão do pescador que toca a viola
A dança dos homens e mulheres do rio
A lua que enlaça o silêncio do rio...
O rio é o rio...

“Vivemos numa época de aparência. O que vale são apenas os interesses de determinados grupos. 
A modernidade desencantou o mundo, transformando tudo em máquinas ou objetos. A poesia é uma forma de reorganizar nosso mundo íntimo, de humanizar a vida e sensibilizar o homem”.





 
Fontes:

Marilza Ribeiro
Todos os direitos autorais reservados a autora.
  
 Marilza Ribeiro
como rebanhos?

tentando apagar
as interrogações

Um comentário

artesanato disse...

parabéns pela estrutura e conteúdo se seu blog, estou fazendo uma rifa de um bau recheado com peças em mdf, forte abraço.
Renato Artesanato em MDF