Toro e Malone [Santiago Santos]
- Aqui, vire e coloque as algemas. Já conversamos demais.
- Não estava brincando quando disse que você deveria sair de lá, guri. Ainda não descobriu as motivações dos psicopatas que dão as cartas.
- Cala a boca, Toro. A algema.
Toro virou, apertando o botão do pequeno controlador por cima do bolso da calça. A escuridão tomou conta do museu. Dois tiros foram disparados. Malone ouviu os passos do inimigo por perto mas estava cego e parou de atirar. Puxou a lanterna da mochila. Jogou o foco de luz nas janelas e depois nas portas, procurando movimento. A porta no fundo do salão balançava. Correu até lá. Era uma pequena área de serviço. A janela superior estava aberta. Pulou em dois caixotes e pendurou no parapeito, observando o gramado do jardim. Notou um vulto entrando na fileira de árvores. Apontou a pistola mas o alvo já sumira.
Oito meses perdidos na tocaia frustrada, pensou. E Toro escapou novamente. Mas havia o lado bom. Ele não teve tempo de levar o Cetro. E os chefes agora depositariam mais confiança em seus palpites. Se queriam mesmo deter o avanço de Toro, Malone era a melhor alternativa. O aprendiz à caça do mestre.
Para seu completo desespero, Malone observou o caixote de vidro onde repousava o Cetro de Marfim de Houbartille. No seu lugar havia um osso.
*retirado do projeto Flash Fiction BR - www.facebook.com/flashfictionbr
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