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Toro e Malone [Santiago Santos]


Toro e Malone 

por Santiago Santos 

- É isso então, Toro? Rodando o mundo e coletando os itens do inventário especial de Louhar?

- Lou-- Maldito. Como soube de Louhar?

- Depois que saiu da agência descobrimos muitas coisas. Ou acha que estivemos dormindo?

- Eu não ficaria surpreso. Então não sou o único que sabe do reinado esquecido de Houbartille.

- O único! Por Deus! O inventário foi copiado, Toro. Há no mínimo quatro cópias conhecidas no mundo.

- Não importa.

- É claro que importa. Levante as mãos, vamos. Vou te levar sob custódia.

- Não vai, Malone. Sabe disso. Me diga uma coisa: como me achou?

- Depois que me despistou na Irlanda cruzamos referências e descobri suas intenções. Dos três itens restantes, o Cetro de Marfim aqui no Museu de Pequim é o mais acessível. Estávamos à sua espera.

- Não me venha com "estávamos". Você está sozinho aqui. Nem os malucos da agência disponibilizariam uma equipe de apoio por tanto tempo baseados num palpite. Faz oito meses que nos encontramos na Irlanda, homem!

- Aqui, vire e coloque as algemas. Já conversamos demais.

- Não estava brincando quando disse que você deveria sair de lá, guri. Ainda não descobriu as motivações dos psicopatas que dão as cartas.

- Cala a boca, Toro. A algema.

Toro virou, apertando o botão do pequeno controlador por cima do bolso da calça. A escuridão tomou conta do museu. Dois tiros foram disparados. Malone ouviu os passos do inimigo por perto mas estava cego e parou de atirar. Puxou a lanterna da mochila. Jogou o foco de luz nas janelas e depois nas portas, procurando movimento. A porta no fundo do salão balançava. Correu até lá. Era uma pequena área de serviço. A janela superior estava aberta. Pulou em dois caixotes e pendurou no parapeito, observando o gramado do jardim. Notou um vulto entrando na fileira de árvores. Apontou a pistola mas o alvo já sumira.

Oito meses perdidos na tocaia frustrada, pensou. E Toro escapou novamente. Mas havia o lado bom. Ele não teve tempo de levar o Cetro. E os chefes agora depositariam mais confiança em seus palpites. Se queriam mesmo deter o avanço de Toro, Malone era a melhor alternativa. O aprendiz à caça do mestre.
Depois de dois minutos a energia voltou, junto com um grupo de seguranças, desacordados por Toro e acordados com a chegada do pessoal da manutenção.

Para seu completo desespero, Malone observou o caixote de vidro onde repousava o Cetro de Marfim de Houbartille. No seu lugar havia um osso.

*retirado do projeto Flash Fiction BR - www.facebook.com/flashfictionbr


Santiago Santos é escritor e jornalista. Já publicou contos em revistas independentes e blogs. Atualmente mantém o projeto Flash Fiction BR, onde publica um miniconto inédito todo dia útil (www.facebook.com/flashfictionbr).

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