15 truques para você usar (de verdade) seu Kindle
Por: Nadiajda Ferreira
O mercado brasileiro de livros eletrônicos ainda está
engatinhando e em breve (torçamos) será expressivo a ponto de a compra de
e-books se tornar financeiramente vantajosa para o consumidor. Mas a
praticidade dos leitores digitais é um fato: você pode dispensá-la, mas negá-la
é complicado.
A discussão sobre o futuro do livro físico e sua
pretensa obliteração pelo formato digital já está desgastada, mas é bom não
esquecer que boa parte dos leitores está (e permanecerá) em cima do muro: mesmo
tendo adquirido leitores digitais, eles não deixaram de comprar livros físcos.
De modo que o apocalipse do livro de papel pode ser adiado em alguns anos.
Se você não é o tipo de pessoa que vai perder essa mão
na roda só pra levantar a bandeirinha do tradicionalismo sem limites, é
possível que já tenha optado ou esteja pensando em optar por um Kindle. Embora
os dois modelos disponíveis hoje no Brasil sejam simples e não sigam a regra do
device-que-faz-absolutamente-tudo-que-você-precisa-na-sua-vida, os leitores
digitais da Amazon guardam alguns segredinhos nem tão secretos assim e
descobri-los vai facilitar a sua vida. Ainda mais
1. Hora de criar a sua biblioteca digital
A maioria das pessoas compra o leitor digital com um só
objetivo: ler livros. Se você (secretamente, claro), já parou para pensar no
seu consumo de literatura como uma dependência grave e passível de tratamento,
prepare-se para alcançar um pouquinho de redenção ao adquirir um Kindle: os
livros digitais são um pouco mais baratos, você poderá ler no transporte
público sem precisar fazer malabarismo para equilibrar um calhamaço numa mão
só, vai carregar menos peso e se o livro acabar no meio do caminho, não tem
problema: tem mais alguns bem ali. Embora a oferta brasileira de e-books ainda
não seja uma maravilha e o preço das versões eletrônicas não apresente grandes
vantagens sobre as edições físicas, o leitor digital ainda representa economia.
Sabe aquele monte de arquivos de livros que você acumulou a vida inteira no seu
HD, jurando que um dia iria ler mesmo com toda a canseira causada pela tela do
computador? Então, amigo, chegou a hora de colocar toda essa biblioteca
alternativa no Kindle. Se você é essa pessoa equilibrada que não passou anos
acumulando arquivos, parabéns. E meus pêsames, porque isso vai mudar agora
mesmo.
O Calibre é a ferramenta mais utilizada para converter
arquivos para .mobi, o formato nativo do Kindle. Basta fazer o download do
programa e ta-dam, é possível converter todos aqueles livros não lidos ou mezzo
lidos e passá-los para o seu leitor via USB. Só que além de exigir que você
faça as conversões e coloque os arquivos dentro do device no muque, o Calibre
não é a ferramenta mais bonita e amigável que você verá na sua vida. Pra ser
bem realista, ele é o tipo de software que sua tia (sim, a que te envia aqueles
PPTs com mensagens de amor e esperança ilustradas com fotos de gatinhos e
desenhos de artistas especialmente inaptos) criaria se ela fosse desenvolvedora.
Se você usa várias máquinas e não está na vibe de
baixar um programa de conversão, nada tema: existem as opções que não precisam
de instalação. O Cloud Convert e o Online Convert podem ser usados direto no
site e transformam seus livros e documentos em arquivos .mobi, prontinhos para
serem lidos no Kindle.
Mas tem um jeito ainda mais fácil: a própria Amazon
oferece um software para desktop que envia seus arquivos para o Kindle e você
pode baixar as versões para PC e Mac aqui. Depois de instalar, é só clicar com
o botão direito do mouse sobre um arquivo e aparecerá a opção “Send to Kindle”.
O programa faz a conversão do documento para .mobi, mas pode demorar para que
ele chegue ao seu leitor.
2. Organize sua biblioteca digital como você quiser
Você pode organizar seus livros digitais de duas
maneiras: deixando uma lista de livros na sua tela inicial (as opções de
exibição são por mais recentes, por título ou por autor) ou criando coleções.
Se você tem mais de 20 livros no seu Kindle, a melhor opção para fugir da
insanidade organizacional são as coleções.
O mesmo livro pode estar dentro de diferentes coleções,
de modo que se seu nível de TOC for alto, é possível criar múltiplos grupos com
diferentes divisões: por autor, por gênero, por língua, por tema e o que mais
der pra inventar. Se optar pelas coleções, o Kindle sempre vai manter no alto
da tela a última coleção na qual você entrou. Assim, uma ideia é criar três
coleções funcionais: a de livros lidos, a de livros que você está lendo e a de
livros a serem lidos, e manter as duas últimas no topo da lista. Dois lembretes
importantes: excluir as coleções não exclui os arquivos de livros ou documentos
contidos nelas; se acontecer alguma coisa com seu Kindle e você tiver que
adquirir outro, a conta da Amazon continuará sendo a mesma e seus livros
estarão lá. Mas as coleções vão sumir e (sim, é uma tristeza) será preciso
organizar tudo de novo.
3. Envie textos do seu navegador direto para o Kindle
Você está aproveitando seus cinco minutos de internet e
de repente encontra um artigo legal. Você poderia lê-lo, mas coisas incômodas
como trabalho, obrigações ou responsabilidades são impedimentos. Suas opções
são deixar o link aberto no navegador (e depois fechar todas as abas sem
querer), favoritá-lo (e esquecer pra sempre), mandar pra você mesmo por e-mail
(e nunca ler) ou usar uma ferramenta de curadoria de links (e acumular mais
artigos do que poderia ler numa vida inteira, mesmo se passasse 24 horas por
dia fazendo isso). É possível acreditar em pequenos milagres quando o staff das
principais ferramentas de armazenamento de favoritos tem a epifania de se
integrar com o Kindle.
O Instapaper, um dos mais conhecidos sites de
favoritos, disponibiliza o envio dos textos salvos para o seu Kindle. Eles vêm
num só arquivo e dá para escolher a periodicidade e quantidade de artigos
enviados, mas não espere um grande primor da arte da diagramação. Ele também
não permite a visualização de imagens e não dá pra adicionar o arquivo de
artigos a uma das suas coleções.
O Readability é um complemento para navegador que
também guarda seus links para leitura posterior. A opção de envio de artigos
para o Kindle cria documentos minimalistas e oferece aquela que provavelmente é
a melhor experiência de leitura de artigos no Kindle, embora o envio de imagens
também seja um problema.
A Amazon não perdeu tempo e criou seu próprio
complemento para enviar artigos do browser, o Send to Kindle. Ele tem até um
botão que você coloca no seu site ou blog para que os leitores possam enviar os
artigos diretamente para seus dispositivos. Acontece que o Send to Kindle é
temperamental, trava muito e às vezes simplesmente não simpatiza com um artigo
e não o envia a não ser após várias tentativas.
Algumas aplicações para navegador foram criadas
especialmente para o device, como o Push to Kindle, e reza a lenda que ele é o
mais funcional de todos. Lembre-se de que para utilizar esses complementos é
necessário colocar os e-mails deles na lista autorizada a enviar material para
o seu Kindle. Para fazer isso, entre na sua conta da Amazon e acesse as
“Configurações de Documentos Pessoais”.
4. Envie arquivos para o seu Kindle por e-mail
Você também pode enviar arquivos para o seu Kindle por
e-mail. Para isso, entre na sua conta da Amazon e clique na opção “Gerencie seu
Kindle”. Depois, à esquerda da tela, entre em “Configurações de Documentos
Pessoais” e adicione os endereços de e-mail que poderão mandar conteúdo para o
seu aparelho. Os arquivos que forem enviados de outros e-mails serão
descartados. Depois de fazer a configuração, é só anexar um arquivo (no formato
.mobi) e mandar ver. Um truque: se o arquivo for um PDF, você pode enviá-lo no
formato original, mas alguns PDFs ficam ilegíveis no Kindle. Então coloque a
palavra “convert” no título do e-mail e ele será convertido automaticamente. Só
que pode demorar e nem sempre dá certo.
5. Leia seus feeds favoritos no Kindle
Do vício em livros para o vício em blogs é um pulo. Dá
para ler alguns dos seus feeds preferidos no leitor digital usando o
Kindle4rss, que monta uma revistinha com o conteúdo que você acompanha. A
versão gratuita permite a assinatura de até 12 feeds com 25 artigos por edição,
mas é preciso que você coloque o conteúdo manualmente no seu Kindle. A versão
paga custa $1,90 por mês, oferece até 300 assinaturas com número ilimitado de
artigos por edição e ainda envia os arquivos automaticamente para o aparelho.
kindle4rss
6. Acesse o conteúdo do seu Kindle em outros aparelhos
Aí a bateria do Kindle acabou numa situação em que não
dá pra recarregar bem quando você pretendia continuar uma leitura. Não precisa
chorar: é possível acessar o conteúdo do seu Kindle em outros devices através
de aplicativos disponibilizados pela Amazon. Tem pra iPhone, iPod Touch, iPad, Android, tablet
Android e tablet com Windows 8.
7. Seus arquivos e a nuvem da Amazon
Nem todos os arquivos que você coloca no Kindle ficam
guardados nos servidores da Amazon. Tudo aquilo que você compra ou envia para o
Kindle via e-mail ou complementos de navegador fica armazenado tanto no
aparelho como na nuvem da Amazon. No entanto, os arquivos que são colocados no
Kindle via cabo USB ficam somente no aparelho. Se acontecer alguma coisa com
seu device, eles se perdem.
8. Use o Kindle para ler quadrinhos
(Via)
O Kindle e o Kindle Paperwhite não são os devices
ideais para a leitura de quadrinhos, tanto pelo tamanho da tela como pela
ausência de cores. Mas se a vontade for maior que o juízo, sempre há um
jeitinho.
Pelo site da Amazon é possível baixar gratuitamente o
Kindle Comic Creator, um software que permite que os quadrinistas criem HQs em
.mobi para vendê-las no site. Você pode baixá-lo e converter as HQs que estão
no seu computador, só que como o foco da ferramenta não está nos usuários, mas
nos criadores, utilizá-la não é fácil nem rápido.
Já o Mangle foi criado com o objetivo de tornar a
leitura de mangás possível no Kindle. Como os mangás costumam ter um formato
menor que o dos comics americanos e geralmente são em preto e branco, a
experiência não fica muito prejudicada.
9. Coloque uma senha no seu Kindle
Digamos que você seja Professor Doutor em Literatura
Russa, resolva ler Crepúsculo (só para entender o fenômeno, lógico) e não
queira que ninguém descubra para evitar situações academicamente embaraçosas.
Simples: coloque uma senha no seu Kindle. Tanto o modelo simples quanto o
Paperwhite oferecem em seus menus de configurações a opção de criar uma senha
numérica para o dispositivo.
10. Quanto mais línguas, mais dicionários
(Via)
O Kindle já vem com dicionários, mas quem é poliglota
ou está estudando outras línguas pode adicionar mais alguns. Aqui você encontra
dicionários já no formato nativo do leitor da Amazon.
11. Faça backup do seu arquivo de anotações
O Kindle permite que você faça marcações e notas nos
seus livros. Essas anotações ficam armazenadas num documento que seu Kindle
chamará de “Meus Recortes”. É sempre bom fazer o backup periódico desse
arquivo, que fica na pasta raiz do aparelho, para que as suas informações
estejam sempre atualizadas. Outra dica é: você pode sincronizar os dados para
que o documento esteja disponível em todos os devices nos quais você utiliza a
plataforma Kindle. Para fazer isso, vá até as configurações e se certifique de
a opção “Backup de anotações” está ligada. Você também pode ver os trechos que
as pessoas mais destacam nos livros e permitir que suas notas sejam vistas
pelas pessoas que você segue na Amazon: basta entrar nas suas configurações e
ligar as opções “Destaques Populares” e “Notas públicas”.
12. Use seu Kindle para revisar textos
Muita gente acha melhor imprimir documentos para revisá-los.
Você pode repassar seus textos no Kindle, economizar papel e contribuir para a
vida das arvorezinhas. Envie o documento a ser revisto para o seu Kindle e faça
as correções usando as ferramentas de notas e marcações.
13. Um sistema operacional alternativo para o Kindle
(Via)
Uma pequena empresa chinesa decidiu que não tem medo do
Jeff Bezos e desenvolveu o Duokan, nada menos que um sistema operacional
alternativo para o Kindle. Ele permite que o Kindle leia ePub, o formato padrão
de e-books, que é mais compacto que o .mobi. O Duokan também conta com um
auto-ajuste para arquivos PDF. Agora a dura verdade: a instalação do sistema é
por sua conta e risco: se tudo der certo, seu Kindle fica tunado. Se der
errado, ele vai virar um belíssimo peso de papéis. Além disso, com a instalação
do Duokan, o Kindle deixa de receber as atualizações de software da Amazon.
14. Screenshots no Kindle Paperwhite
(Via)
No Kindle Paperwhite é possível tirar screenshots
tocando as extremidades opostas da tela, como mostra este vídeo. O arquivo vai
para a pasta raiz do aparelho.
O Paperwhite também permite que você faça uma pesquisa
na Wikipedia Inline a partir de uma palavra do texto. Quando a palavra for
pesquisada, abaixo da definição vai aparecer um botão “Mais”: clicando nele,
você será encaminhando para a definição do termo no site.
15. Pequenas funcionalidades, grande ajuda
O Kindle permite que você personalize algumas
configurações do arquivo que você está lendo: é possível mudar o tamanho da
fonte e o espaçamento entre as linhas, além de rotacionar a tela e, em alguns
arquivos, usar o zoom.
Apesar de o Kindle manter os livros digitais na página
em que você os deixou, se quiser ficar fuçando pra lá e pra cá no arquivo (o
Kindle não tem numeração de página: ele usa um sistema de porcentagem de
leitura), é possível criar um marcador. É só ativar o menu, clicar na opção
“Marcador de Página” e vai aparecer uma dobrinha digital no canto da página em
que você estiver.
Você também pode compartilhar suas notas e destaques
via Twitter ou Facebook ativando as redes sociais na parte de configurações do
aparelho. Essa funcionalidade só está disponível para os livros comprados na
Amazon.
O Kindle é feito para ser carregado via USB através do
computador, mas você também pode carregá-lo direto na tomada, desde que compre
um adaptador para USB ou use um carregador compatível (dica: o do iPhone 5
funciona perfeitamente).
No menu do Kindle há a opção “Experimental”, que
oferece um navegador beta. Você pode experimentá-lo e enviar a sua opinião para
que a Amazon o aperfeiçoe.
Recentemente a Amazon liberou o serviço de atualização
automática de livro. Se você ativá-la na sua conta, os livros recebem
atualizações caso a editora opte por substituir a edição que você comprou por
uma versão aperfeiçoada.
Agora você não tem mais desculpa para não dar um jeito
no seu Kindle. Se você conhece outros truques, compartilhe nos comentários!
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