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Acima do certo e errado [Olga Borges Lustosa]

Acima do certo e errado


“A mente, como o paraquedas, funciona melhor quando aberta”.
     (frase antiga, cuja autoria é atribuída a muitos)

Sempre que estamos prestes a tomar uma decisão difícil, pensamos sobre qual seria o caminho certo a seguir, estabelecidos em argumentos fundamentados pela crença, pela cultura, pela família e tantos outros valores agregados, que instituem a moralidade da sociedade. Na simplicidade de muitos, uma divindade define o que é certo ou errado, e para facilitar a compreensão, eu diria que estou sempre certa e é fundamentalmente bom acreditar que o outro está sempre errado porque nossas teorias contradizem umas as outras. Percebe-se que o certo e o errado são julgamentos de valores relativos.

O mal-entendido dentro de nós que diz que algo é certo ou errado é simplesmente a soma do condicionamento transmitido por nossos pais, pela mídia, amigos e extraído também da consciência social, por isso este sentimento interno de pressão para fazer as coisas consideradas certas, isso posto aqui, sem valorar o que é certo e errado, pode equivocar o destino real de nossas vidas, nos desconectando do que somos verdadeiramente.

Eu não acho que o certo e o errado existem, são apenas rótulos colocados sobre os comportamentos visíveis. A vida toda tentamos agradar, seguir regras, ser exemplos, ter boas maneiras, não perder a paciência. Lutamos não só com o que, de fato, devemos fazer, mas com a forma como o mundo em que estamos inseridos nos reconhece. Preferimos passar horas tentando provar um ao outro quem está certo ou errado, quando no final do dia os problemas da fome, falta de moradia, violência, continuam a ocorrer.

Mesmo na pós-modernidade os padrões morais são decididos por coerção e consenso. A moralidade não está ligada a Deus ou leis naturais; os sistemas éticos estão construídos dentro das sociedades. Cada cultura tem seu próprio conjunto de padrões morais decorrente das diversas influências dentro de cada grupo em particular. Mais ainda, a moralidade não está estagnada; ela muda, se adapta e está em constante evolução.

Eu quero importar-me cada vez menos com os julgamentos que forem meramente concebidos sem avaliar o meu grau de coragem, de compaixão, de honestidade e de verdade. Deixo para outros a dureza do preto ou branco, do certo ou errado. Entre manter-me entrincheirada medindo valores alheios, decido permanecer aberta e curiosa para encontrar o que traz efetivamente a paz.

Quero viver uma vida bela. Se existem Deuses bons e justos, eles não se importarão com o quão devota eu tenha sido, mas me acolherão baseados nas minhas virtudes. Se há Deuses que não sejam justos, nem devo adorá-los. Mas se não há Deuses e eu tiver vivido uma vida nobre, quando partir, permanecerei na memória dos meus entes queridos, parafraseando Marcus Aurelius, imperador romano.


Olga Borges Lustosa é cerimonialista pública e acadêmica de Ciências Sociais pela UFMT e escreve exclusivamente no blog  do Romilson toda terça-feira olga@terra.com.br

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