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Com o tempo me torno melhor [Ronaldo Magella]


Com o tempo me torno melhor

Maturidade é uma coisa interessante e gostosa, saudável e necessária. É verdade como afirmei alguma algumas vezes e sempre vou voltar a afirmar, como um mantra, que a gente só aprende a viver vivendo, ninguém nos ensina a viver, e que a experiência, a maturidade, o conhecimento de mundo, vem daquilo que vivemos, raramente daquilo que conhecemos, estudamos e lemos, claro que essas coisas nos ajudam, mas viver a gente aprende na pele, no sol, no dia a dia.

Por mais que alguém nos diga, olha toma cuidado, olha pensa melhor, precisamos sentir o gosto o sabor do que é vida, como dizem, precisamos passar por lá. Não que isso seja necessário, uma pessoa prudente e cautelosa prefere analisar-se e analisar melhor o contexto, mas como somos, em nossa grande maior, imaturos, do ponto de vista psicológico e filosófico, precisamos chorar pra podermos sorrir.

Saber-se quem se é e não se deixar velar pela fruição do mundo, pelos rios que correm pela vida e arrastam vidas, hoje não é mais uma qualidade, mas uma necessidade. Não precisamos embarcar nos modismos, nas paixões, nos vícios, mas isso se faz através do controle de si mesmo, do conhecimento dos sentimentos e dos desejos que acalentamos dentro de nós mesmos.

Em nossa grande maioria somos orgulhosos e vaidosos, nem quero aqui hoje falar do nosso egoísmo, mas o nosso orgulho e a nossa vaidade nos empurram para o geral, para a massa, fazendo com que percamos a nossa individualidade e venhamos a fazer o que tudo mundo faz, só por senso bobo de inclusão. Não precisamos, precisamos de valores e de ser quem somos.

Como diz um brocado oriental, quando você não sabe pra onde ir, qualquer caminho lhe serve de destino. E por qual motivo estou a dizer essas coisas? Porque a nossa sociedade não permite que a gente pense diferente. Ainda ontem uma pessoa me ligou e perguntou, como foi de final de semana, eu respondi, normal, não simpatizo muito com a ideia, e ela com veemência me retrucou, mas por que você não gosta de nada? Eu disse, oras, e sou obrigado a gostar? Qual o problema em não gostar, há tanta gente por aí com o mesmo sentimento de neutralidade e indiferença, por que logo não posso sentir o mesmo? Ela sentiu o que eu havia dito.

Ter essa maturidade de si mesmo, de se conhecer, te permite não sofrer pelo que os outros fazem e você não. A gente amadurece e aprende que não irá morrer se não tiver a roupa da moda, se não for à festa mais badalada da cidade, se não tiver o celular último modelo, se não souber a notícia antes de todo mundo. Isso não nos mata, o que nos mata é não saber o que sentimos, o que nos magoa, nos fere, nos faz perder o sono, o afeto, a meiguice.

O último Natal passei em casa, sem ceia, sem presente, vendo um filme, lendo um livro, deitado na rede, ouvindo a alarido das pessoas pelas ruas, sem me preocupar muito em aparecer, ser visto, meus valores são outros, cultivo o silêncio dos livros e o sossego do lar.

Curto ser sozinho e adoro a minha solidão universal, solidão quenão é de pessoas, mas de sentimentos e pensamentos, pensar coisas que ninguém compreende, quando as pessoas não te aceitam como você é e vive, isso é solidão, é ser solitário, é ser sozinho num mundo que quer ser sempre igual a todos, quer ser massivo, banal, ordinário e você prefere ser quem você é, com sua história, com sua vida, seus valores.

A maturidade te faz entender isso, que ninguém pode roubar você de você, nem você irá deixar de ser quem é se não for a tudo, participar de tudo, estiver em tudo, essa loucura que a gente colocou na cabeça. Acho que engraçado quando o povo vem me dizer, preciso, quero, necessito ter um amor, como se isso fosse a coisa mais importante do mundo, quando o importante é ter amor, não um amor pra si, esse sentimento egoísta de posse, mas ter o sentimento de amor por algo, pela leitura, pelo trabalho, pela família, pela vida, esse amor passional virá com o tempo e melhor que seja de forma serena, cúmplice e simples, sem afoitamento.

Faz parte da nossa loucura coletiva, da nossa insensatez diária, cotidiana, da nossa busca pelo nosso conhecimento sobre a vida e sobre nós mesmos. Mas só amadurecendo nos tornaremos melhores e mais conhecedores de nós mesmos e do que somos. Quase terminado o ano e posso dizer que ainda me busco a cada momento, sempre. 


Jornalista e Professor - Blog - http://www.ronaldo-magella.blogspot.com/

Ronaldo Magella é professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista, cronista, tem 33 anos, é do signo de peixes, não gosta de futebol, prefere livros, é formado em Letras e Jornalismo pela UEPB, tem especialização em linguística, e agora é acadêmico de Pedagogia pela UFPB, adora MPB, Rock, café, romance, paixão e café, não nessa ordem, trabalha hoje com

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