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Heinrich Heine [Poeta Alemão]

Christian Johann Heinrich Heine (Düsseldorf, 13 de dezembro de 1797 — Paris, 17 de fevereiro de 1856) foi um poeta romântico alemão, conhecido como “o último dos românticos”. Boa parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por José Maria Rocha Fereira, Hans Werner Henze e Lord Berners.

Um dos maiores poetas alemães do século 19, Heine tornou-se célebre pela afirmação profética "Onde livros são queimados, seres humanos estão destinados a serem queimados também". 

Heinrich Heine viveu num período cujas mudanças sociais e políticas tiveram consequências em quase todo o mundo: a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas.


Sua última residência foi em Paris, onde faleceu em 1856, conhecido como um dos principais representantes do cenário literário europeu.

Nascido no estado da Renânia do Norte-Vestfália em 13 de dezembro de 1797 foi enviado a Hamburgo quando os negócios de seu pai, que era comerciante, começaram a estagnar. Nessa cidade do norte alemão, morou com seu tio rico, o banqueiro Salomon, que o incentivou a seguir seus passos profissionais, sem sucesso.


Heinrich estudou nas universidades de Bonn, Berlim e Göttingen, mas o interesse por literatura foi maior do que por direito, apesar de sua graduação em 1825. Ainda estudante, compôs o poema Intermezzo, inspirado no amor por uma prima. Mais tarde, o amor não correspondido será um dos temas centrais de sua obra.

Como na época o ingresso no serviço civil era proibido para judeus, Heine se converteu ao protestantismo. Ele também mudou seu primeiro nome de Harry para uma versão mais germânica: Heinrich. Entretanto, nunca chegou a exercer qualquer função nessa área.

Como poeta, Heine estreou em 1821. E, já no começo de sua longa carreira literária, compôs um de seus poemas mais famosos, Dois granadeiros, que reflete sua admiração por Napoleão.



Por razões de saúde passou temporadas nas praias do Mar do Norte, que lhe inspirou uma série de poemas sombrios e pitorescos sobre o amor frustrado, incluídos em seu famoso Livro das canções, uma extensa coleção de versos.

Esses primeiros trabalhos mostram influências da época, porém o toque irônico os destaca do mainstream romântico. Suas viagens de verão produziram também a base para os quatro volumes dos Quadros de viagem (1826–31), uma combinação de autobiografia, crítica social e debate literário.



Inglaterra e França 

Em visita à Inglaterra em 1827, ficou horrorizado com os costumes e o materialismo que dominavam a capital inglesa, voltando decepcionado para a Alemanha. No terceiro volume dos Quadros de viagem, Heine satiriza o poeta e dramaturgo alemão August von Platen, que tinha atacado as origens judaicas do poeta. Este ato prejudicou a reputação de Heine.

Em 1831 foi a Paris como jornalista para escrever artigos sobre o desenvolvimento do capitalismo e da democracia no país. Três anos mais tarde, se apaixonou por Crescence Eugénie Mirat ("'Mathilde" em seus poemas), com quem casou anos mais tarde.


Na capital francesa, escreveu livros de viagens e ensaios sobre a literatura e filosofia de sua terra natal, o que não agradou aos censores alemães. A partir daí o poeta passou a ser visado por seu potencial subversivo.

Uma frase sua se tornaria profética no contexto do nazismo: "Onde livros são queimados, seres humanos estão destinados a serem queimados também". No fim de 1835, ele se encontrava cercado de espiões, sendo forçado a se exilar em Paris. Sobre o assunto, escreveu: "Quando os heróis saem do palco, os palhaços sobem".

Apreciado nos países comunistas
Desafiando os censores, Heine escreveu, durante estada na Alemanha, uma longa sátira – Alemanha, um conto de inverno (1844), onde ataca os reacionários.

Do mesmo ano data o poema Os pobres tecelões, onde retrata as péssimas condições de trabalho no país, traduzido por Friedrich Engels para o inglês. Graças a ele, Heine se tornou um dos poetas mais estudados em países comunistas. 

Fim da vida 

De 1848 até sua morte, Heinrich Heine sofreu de paralisia, ficando prostrado na cama. Historiadores acreditam que seu estado de saúde foi consequência da sífilis.

Nesse período escreveu o Romanceiro, em que expressa a sua concepção hebraica da religião, e o volume de poemas Atta Troll, com reflexões sobre a morte que se aproximava e evocações do seu primeiro amor.




Sepultura de Heine no cemitério de Montmartre, em Paris

O poeta alemão morreu no dia 17 de fevereiro de 1856, em Paris. Um de seus poemas musicados, A Loreley, tornou-se praticamente um dos hinos alemães, sendo lembrado até hoje pelas empresas de turismo que exploram os trechos mais belos do rio Reno. 


Tradução do poema “Loreley”, de Heinrich Heine.

“Loreley é o nome de um personagem lendário do folclore alemão, cantado num belíssimo poema por Heine. A lenda diz que Loreley seduzia os pescadores com seus cânticos e eles terminavam morrendo no fundo do mar, já não me lembro de detalhes”. É assim que, no romance Uma aprendizagem ou um livro dos prazeres, Clarice Lispector apresenta o poema de Heinrich Heine que empresta nome à protagonista deste que (em minha modesta opinião) é seu mais impressionante livro. O referido poema, parte integrante de conjunto mais amplo chamado Die Heimkehr (O retorno à pátria), até onde sei, ainda não possuía tradução para o português. Seguem, assim, os versos de Heine sobre Loreleys, Lígias, Leucósias, Partênopes e Clarices...

2.
Ich weiss nicht, was soll es bedeuten,
Dass ich so traurig bin;
Ein Märchen aus alten Zeiten,
Das kommt mir nicht aus dem Sinn.

Die Luft ist kühl und es dunkelt,
Und ruhig fliesst der Rhein;
Der Gipfel des Berges funkelt
Im Abendsonnenschein.

Die schönste Jungfrau sitzet
Dort oben wunderbar,
Ihr goldnes Geschmeide blitzet,
Sie kämmt ihr goldenes Haar.

Sie kämmt es mit goldenem Kamme,
Und singt ein Lied dabei;
Das hat eine wundersame,
Gewaltige Melodei.

Den Schiffer im kleinen Schiffe
Ergreift es mit wildem Weh;
Er schaut nicht die Felsenriffe,
Er schaut nur hinauf in die Höh’.

Ich glaube, die Wellen verschlingen
Am Ende Schiffer und Kahn;
Und das hat mit ihrem Singen
Die Lore-Ley gethan.

(HEINE, Heinrich. Die Heimkehr. In: Buch der Lieder.
Berlin: S. Fischer Verlag, s/d. p.109)


2.
Eu não sei o sentido
De tristeza tão assaz
Por um conto de tempo ido
Que significado a mim não traz.

O ar fresco e profundo,
O Reno manso a fluir;
Das montanhas cintila o cimo;
Da tarde de sol, o luzir.

A mais bela moça sentada
Em maravilhoso lugar,
Seu cabelo dourado penteia,
Com o ouro dos adornos a lampejar.

Ela alisa louras cãs caídas aos ombros
E canta uma canção que alicia;
Há um assombro
Em sua poderosa melodia.

O navegante no pequeno navio,
Capturado por selvagem dor,
Não divisa o recife rochoso,
Só visa à face superior.

Creio, as ondas hão de arrastar
Ao fundo, navegante e barco
Eis o que, com seu cantar,
Loreley leva a ato.

(Tradução do alemão feita por R. S. Kahlmeyer-Mertens)



Fonte:

DW
Literatura-Vivência

Heinrich Heine
Todos os direitos autorais reservados ao autor.

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